Publicado originalmente em 1995, “Por que você deixou o cavalo sozinho?” representa um marco na trajetória literária e política do renomado poeta palestino Mahmud Darwich. Esta obra profundamente lírica entrelaça memória pessoal, identidade coletiva e reflexões poéticas sobre o exílio, a perda e a resiliência, consolidando-se como um dos pilares da poesia árabe contemporânea.

O título do livro carrega uma carga emocional e histórica poderosa. Inspirado em uma pergunta feita por uma criança ao pai durante a fuga da aldeia de Albirwe, no norte da Palestina, em 1948, durante a Nakba, o questionamento “Por que você deixou o cavalo sozinho?” transcende sua simplicidade.
O cavalo, símbolo do lar e da conexão indizível com a terra natal, reflete a dor de uma ruptura forçada e a saudade de um pertencimento perdido. A pergunta, aparentemente inocente, ecoa o peso de uma tragédia coletiva e irreversível. Composta por uma sequência de poemas interligados, a obra forma uma narrativa poética que acompanha a trajetória do eu-lírico desde a infância, passando pela adolescência, até o amadurecimento como poeta palestino no exílio.
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Cada poema é um fragmento de memória, um reflexo da experiência de desenraizamento e da busca por identidade em meio à diáspora. Darwich, com sua habilidade única, transforma a dor do exílio em uma celebração da resistência por meio da palavra, criando versos que são ao mesmo tempo pessoais e universais.
“Por que você deixou o cavalo sozinho?” é mais do que um livro de poesia; é um testemunho da força da linguagem como ferramenta de preservação cultural e luta. Considerada uma das obras-primas de Mahmud Darwich, esta coletânea se destaca não apenas na literatura palestina, mas também como um marco da poesia árabe contemporânea, oferecendo uma leitura essencial para quem busca compreender a complexidade do exílio, a memória e a identidade.
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Quem é Mahmud Darwich?

Mahmud Darwich foi um poeta e escritor palestino, considerado um dos maiores nomes da literatura árabe contemporânea. Tantas vezes exilado, preso e refugiado, Darwich tinha forte engajamento político, sendo o autor da Declaração de Independência Palestina.
Nascido (1941) em um vilarejo na Palestina, à época do Mandato Britânico, era o segundo dos oito filhos de uma família sunita de proprietários de terras. Sua vila foi inteiramente arrasada pelas forças israelenses durante a guerra de 1948, sendo substituída pelo colonato agrícola judaico de Ahihud.
Na obra de Darwich, além da dor do exílio, a Palestina aparece como metáfora do “paraíso perdido”, nascimento e ressurreição. A potência de sua poesia se revela pela sinceridade de suas emoções e originalidade de suas imagens poéticas. Darwich faz uso do velho e do novo testamentos, da literatura clássica Árabe, da história da Arábia Islâmica e das mitologias grega e romana para construir suas metáforas.

