Já tinha visto boa parte desse material em outros conteúdos sobre os Beatles, então, não há nada de novo. Também, a memória do Get Back (2021), série documental de 3 episódios sobre a banda, ainda é bem recente, esse sim, um documentário estrondoso. Diante disso, seria difícil Beatles’ 64 causar um grande impacto, ainda que seja sobre a emocionante primeira visita do grupo aos Estados Unidos. Lançamento de 2024, a produção é de Martin Scorsese, com direção de David Tedeschi que já esteve em vários projetos documentais sobre música, de Scorsese, como Rolling Thunder Revue (2019), George Harrison: Living in the Material World (2011) e The Rolling Stones – Shine a Light (2008).
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De qualquer forma, é bem interessante ver os meninos que eles eram quando vieram pela primeira vez aos EUA tendo nítida a imagem e a aura que eles adquirem na época do Get Back, em que já são adultos e estão numa espécie de despedida da banda.
A mensagem do documentário, contudo, é tocante ao declarar que os Beatles vieram para superar o embate de feminino vs masculino com um rock n´ roll que é atraente sem a sensualidade do Elvis Presley, além de tentar unir brancos e pretos, haja vista o seu enorme apreço, reafirmado no doc, pela Motown e por nomes como The Miracles, The Isley Brothers, Little Richard e outros.
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Embora o John Lennon não seja meu Beatle favorito, é preciso admitir que ele tem algo além dos outros 3, ou da humanidade. Ele sempre me parece o mais sério, o mais profundo e o mais louco. E aqui no “64”, ainda muito jovem, ele parece fazer uma leitura do destino. Essa primeira visita aos EUA foi em fevereiro do ano seguinte ao assassinato do Presidente americano John F. Kennedy, em novembro de 1963. De acordo com o que é retratado pelo longa, o músico teve receio de vir à América, muito devido a esse fato. Se Kennedy era tão popular e teve esse fim, a terra do Tio Sam parecia ao artista um lugar muito imprevisível. Para ele, nos EUA, as coisas podiam estar muito boas, mas ficarem muito ruins de uma hora para a outra.
O receio do John Lennon jovem não era de forma alguma infundado, a saber o seu futuro em New York nos anos 1980.
Por esse esclarecimento maior do mundo e do tempo é que eles são os Beatles. E a esta altura, não é mais possível falar deles sem repetições ou clichês. Nem o Martin Scorsese fugiu disso ao produzir esse documentário em que, inclusive, Marshall McLuhan aparece falando sobre como os artistas são algumas das únicas pessoas capazes de viver e perceber o presente.
Por isso, não há nada de megalomania no Paul, falando para a câmera, nas gravações feitas especialmente para o longa, que os Beatles eram o que os EUA precisavam para levantar do luto e sentir que “life goes on”. Apesar de Ob-La-Di, Ob-La-Da não estar na trilha sonora do filme, nesse momento, ela deve tocar na mente da audiência.
Sem nada novo, vou ver Get Back mais uma vez.
Minha nota para Beatles’ 64 no Letterboxd: 3 estrelas e meia.
Beatles’64, 2024
Direção: David Tedeschi
Produção: Martin Scorsese
Duração: 108 min
Disponível em: Disney+