A Universidade Federal Fluminense (UFF) está lançando a série documental TransUFF, que narra as vivências de pessoas trans no meio acadêmico. A produção, composta por dez episódios, aborda desafios, conquistas e perspectivas de alunes e docentes transgênerx, trazendo à tona questões como uso do nome social, identidade de gênero, violência, evasão escolar e permanência na universidade.
A série foi idealizada por Rafael Saar e dirigida por Leo Arrighi, com coordenação da professora Denise Tavares, do Departamento de Comunicação da UFF. Produzida em parceria com a Unitevê e financiada pelo edital Chamada de Direitos Humanos da Pró-Reitoria de Extensão, TransUFF teve suas gravações iniciadas em 2020, sendo interrompidas pela pandemia e finalizadas apenas em 2024.
A estreia da produção ocorre em um momento histórico para a UFF, que recentemente se tornou a primeira instituição federal do estado do Rio de Janeiro a aprovar a reserva de vagas para pessoas trans na graduação e pós-graduação. A conquista é fruto da articulação da Rede Transvesti UFF e é celebrada em sintonia com o lançamento de TransUFF durante o Mês da Memória Trans.
“A série é uma ferramenta poderosa para inspirar empatia e iluminar o que acontece antes da universidade, abordando como pessoas trans enfrentam exclusão e violência desde a infância”, afirma a diretora Leo Arrighi.
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Durante o processo de criação, os desafios foram muitos, principalmente devido à pandemia. Segundo Leo, o período de interrupção trouxe dificuldades técnicas e emocionais: “O hiato nas gravações foi marcado por um sentimento de impotência e incerteza, mas também por uma necessidade de resiliência.” Ela demarca ainda que a maneira como o governo de extrema-direita lidou com a pandemia causou forte impacto em sua saúde mental, e que ver o projeto sendo realizado é uma vitória coletiva e pessoal: “É um testemunho de que, mesmo em meio às adversidades mais extremas, é possível persistir e criar algo significativo.”
Espaço acadêmico em transformação
Para Rafael Saar, a série reflete as transformações da universidade enquanto espaço mais diverso, mas que ainda carece de políticas que garantam a permanência de pessoas trans. “A opressão e a violência cotidianas no meio educacional resultam em altos índices de evasão. É urgente tornar a universidade um lugar seguro e inclusivo”, reforça o idealizador do projeto.
Os dez episódios de TransUFF exploram não apenas a vivência acadêmica na UFF, mas todo o percurso educacional dos participantes, revelando estratégias de resistência e superação. Leo Arrighi espera que a série amplie o debate sobre identidade de gênero e inspire a implementação de políticas mais inclusivas na universidade. “Espero que ela provoque reflexões e estimule ações concretas para combater a transfobia dentro e fora do ambiente acadêmico”, conclui, sentimento ecoado por Saar: “TransUFF surge como um espaço de registro das histórias, memórias e experiências de pessoas trans na experiência da educação, promovendo discussões de como podemos tornar a universidade este lugar de acolhimento real”.
A partir desta semana, um novo episódio será lançado semanalmente no YouTube, trazendo narrativas que, além de documentar, convidam a uma reflexão profunda sobre a urgência de transformar a educação em todos os níveis. TransUFF é um registro histórico, um convite à ação e uma celebração da diversidade.
Confira abaixo o primeiro episódio da série!