Esta exclusiva edição, traduzida diretamente do russo por Diego Moschkovich foi publicada pela Editora Ercolano em fevereiro deste ano e nos apresenta uma história insólita e fortemente metafórica. Em pouco mais de 50 páginas, nos deparamos com uma revolta de animais em uma fazenda, em que eles se voltam de forma agressiva contra os fazendeiros.
Tudo começa com um touro, de comportamento costumeiramente mais rebelde, que incita os bois e as vacas, dizendo que são animais fortes e que não deveriam continuar se submetendo aos caprichos do homem; logo os cavalos aderem ao movimento, tendo um alazão como líder da revolta deles. O narrador informa saber como tudo começou devido ao fato de que um servo da fazenda, chamado Omelko, diz entender as linguagens dos animais, e, assim, compreende o que se passa entre eles. O próprio Omelko, no final, é quem ajuda a por fim à revolução: os animais atacam os humanos, reclamando de serem usados como montaria, de terem seus ovos, seu leite e sua carne consumidos, e clamam por liberdade. Após o caos ser instaurado, com touros e cavalos atacando humanos, e até mesmo porcos e aves entrando na revolução, Omelko diz ter um plano e os concede a tão desejada liberdade. No entanto, será que é realmente o futuro com o que os animais sonham?
A edição da editora Ercolano traz ainda um posfácio do próprio tradutor, que nos propõe uma reflexão sobre o sentido da obra. Esta foi publicada inicialmente após a morte do autor, com o intuito, na época, de ser usada para desmotivar revoluções do povo. Porém, Diego Moschkovich nos mostra um panorama mais amplo, apresentando a jornada do autor, sua importância no cenário literário e histórico russo, e questionando a possibilidade de a obra ser lida não como uma propaganda de ordem dinástico-militar tsarista, mas, talvez, como uma forma de alerta em relação à necessidade de um projeto de ordem social melhor planejado, para que uma revolução popular pudesse vir a ser bem sucedida.
Ainda segundo Moschkovich, apesar da forte semelhança com o famoso livro de George Orwell, é improvável que tenha ocorrido uma influência direta, uma vez que Orwell não era fluente em russo. Mas, informa que há a possibilidade do escritor britânico ter sido influenciado indiretamente, pois poderia ter tomado conhecimento da história através de conhecidos emigrados russos na Inglaterra. Enfim, tendo ou não uma relação direta com a obra de Orwell, é indiscutível a importância histórica da obra em seu próprio contexto, bem como para o cenário literário que a seguiu.
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