Na última semana um caso muito curioso e assustador aconteceu: a editora @boitempo viu suas redes serem invadidas de feministas radicais (radfems). O motivo? A editora anunciou que publicaria mais um livro da escritora e filósofa Judith Butler em que discute assuntos de gênero.
O livro chamado “Quem tem medo de gênero?” que será um lançamento mundial, ou seja, chega no Brasil junto do resto do mundo, mostra, de maneira acessível, como “gênero” se tornou um fantasma capaz de criar pânico moral e conquistar apoio popular para projetos políticos fascistas, autoritários e excludentes.
Este é o primeiro livro não acadêmico de Butler e tem como primazia a ideia da autora de que gênero é performatividade, ou seja, uma relação entre construção e repetição.
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As radfems, no entanto, usam de argumentos transfóbicos: umas dizem que mulher não é gênero deturpando uma clássica frase de Simone de Beauvoir, e que mulher é apenas quem tem útero. Com isso, o feminismo radical abraça o conservadorismo mais chulo do nosso país, da “ideologia de gênero” que é importado da igreja católica italiana aos bolsonarismos trumpistas negacionistas.
Manifestamos todo apoio e solidariedade à Boitempo e agradecemos a possibilidade de lermos uma filosofa como Butler em nosso país.
Sobre a autora:
Judith Butler pesquisa filosofia pós-estruturalista e tem origem estadunidense, tendo composto umas das principais teorias contemporâneas do feminismo e teoria queer. Butler também escreve sobre filosofia política e ética.