o Instituto Sarath receberá a exposição “Olhe Para Mim … Schau Mich An …”, de fotoperformances de Terezinha Malaquias (@terezinhamalaquias). O evento de lançamento contará com a presença da multiartista, que reside em Freiburg, na Alemanha, desde 2008, a partir das 19h. “Identidade é um conceito refletido em suas fotoperformances e autorretratos. Nelas, Terezinha, como uma mulher, afro-brasileira e imigrante nos provoca e nos leva a pensar sobre como o nosso olhar distraído, ensimesmado ou autorreferente pode relegar pessoas ou grupos sociais a uma espécie de anonimato ou invisibilidade social”, explica Onésimo Alves Pereira, um dos curadores da exposição no texto de apresentação.
Em suas obras, a artista evoca narrativas que remetem à história da arte ocidental, brasileira e africana. “Através de tecidos, objetos e wearable art, a performer se refere a ícones da arte moderna como Alexander Calder, quando faz uso do arame para criar objetos que se envolvem em seu corpo; Marcel Duchamp e seus ready-mades, quando se apropria de objetos, como rolos de papel higiênico, escovas, cabides, utensílios de cozinha como facas e espátulas, violão etc; e Arthur Bispo do Rosário com objetos (wearable art) que podem se referir ao seu particular modus operandi de escrever e desenhar através do bordado”, observa Onésimo.

E no dia 11 de novembro, também no Instituto Sarath, a artista participará de uma roda de conversa e performance com convidados: Cássia Sarath, psicanalista e produtora cultural; Kazuyo Yamada, professora e bodypainting para a área da saúde; Maria Célia Malaquias, psicóloga, psicodramatista e professora; e Onésimo Alves Pereira, artista visual,fotógrafo, escritor e curador. A mediação será de Ana Paula Araújo Cruz, produtora cultural, fotógrafa e cozinheira.
A exposição “Olhe Para Mim … Schau Mich An …” seguirá em cartaz até o dia 12 de dezembro e estará aberta à visitação de terça a sábado, das 10h às 19h, no Instituto Sarath (Rua Eça de Queiroz, 346 | Vila Mariana – SP). A entrada é gratuita.
Sobre o livro “Banzo e Afetos”
Além da exposição, Terezinha estará no Brasil para o lançamento presencial de seu novo livro “Banzo e Afetos” (94 págs, Literíssima, 2023), no dia 9 de novembro, a partir das 19h, no Instituto Sarath. No dia, a autora também irá comercializar seus outros livros.

Lançada na mesma semana em que a Organização Mundial da Saúde (OMS) decretou o fim da emergência de saúde pública de importância internacional referente a Covid-19, “Banzo e Afetos” traz a densa e dolorosa experiência da pandemia.
O termo “banzo“, que dá título ao livro, era o termo com que pessoas escravizadas no Brasil se referiam ao sentimento de falta do seu lugar de origem. Dividido em três partes – crônicas, contos e poemas, respectivamente – a obra traz um interessante arremate entre as questões de cunho pessoal e as de cunho coletivo, ambientada no contexto pandêmico.
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Desta forma, são abordadas principalmente suas implicações sociais e subjetivas, bem como um processo de resistência e renascimento por meio do reencontro com a ancestralidade, o afeto e o desejo de vida. “Escolhi esses temas porque eles gritavam dentro de mim. Escrevi para dar vida a eles, pari-los para o mundo”, conta Terezinha.
“Banzo e Afetos” extrai do cotidiano e das emoções experimentadas o material para compor seus escritos, desnudando o universo íntimo e singular de Malaquias e, ao mesmo tempo, contemplando sentimentos e vivências comuns a todas as pessoas. “É uma escrita simples, amorosa e direta. A intenção é lembrar ao leitor que a beleza e a felicidade podem estar, por exemplo, em contemplar o nascer ou o pôr do sol, numa xícara de café ou chá com quem amamos, ou ainda receita da avó que segue sendo passada em frente a gerações”, explica a autora.
A estrutura do livro de Malaquias constrói um movimento de cura: nas Crônicas, o olhar para o cotidiano — em que se destacam os elementos da cozinha e da culinária enquanto resgate ao afeto e à memória — é mais proeminente. Já os Contos, mais viscerais, expõem a angústia de Malaquias frente à situação agravada da pandemia no Brasil, seu país de origem. Por fim, os poemas que integram a seção final de “Banzo e Afetos” propõem um tom mais esperançoso e entusiasmado da autora.
Para Malaquias, o processo de escrita do livro também foi transformador e curativo. “O começo da pandemia me fez refletir muito sobre a vida. O processo foi mudando aos poucos. Teve dias que escrevi todos os dias, em outros dias não conseguia escrever, porque a dor e a preocupação eram grandes demais”, relembra. “Escrevo também como um processo de cura para mim e para o coletivo”.
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Acesse o site oficial da artista: www.terezinhamalaquias.com