Grupo Foguetes Maravilha usa metáfora dos “zumbis” para provocar reflexões sobre xenofobia, preconceito e violência
O apocalipse zumbi já aconteceu, e neste exato momento cadáveres animados e famintos andam pelas ruas de nossa cidade. Como enfrentar esta ameaça? Como combater hordas de mortos-vivos insaciáveis que invadem as casas e despedaçam nossos entes queridos? Como discutir ética com um ser inarticulado que está tentando mastigar o nosso cérebro?
O mundo que conhecíamos acabou: não há mais governo, sinais de trânsito, produtos de supermercado, etiqueta social, amenidades. Há apenas a sobrevivência. Do que mais estamos dispostos a abrir mão para garantir a nossa sobrevivência? Nesta espécie de conferência à beira do abismo, quatro especialistas analisam a crise que tomou o mundo e instruem os espectadores sobre as estratégias de sobrevivência mais efetivas.
Esta é a premissa do espetáculo do grupo Foguetes Maravilha que este ano comemora 15 anos de existência. O texto de Alex Cassal, dirigido por Renato Linhares, parte da premissa fantástica de que o apocalipse zumbi é fato, neste momento. A peça do grupo carioca Foguetes Maravilha é uma metáfora sobre as mazelas do mundo contemporâneo, e uma conferência é realizada para descobrir as armas necessárias para enfrentar esses temidos zumbis.
Leia também: “Penelopéia – Uma palestra-dançada”: peça mergulha em personagem da Odisseia e seus desdobramentos na história
“MORTOS-VIVOS – UMA EX-CONFERÊNCIA” explora com humor a imagem desses cadáveres-vivos, desses zumbis, para refletir sobre questões como xenofobia, fascismo, preconceito, tortura, a banalidade do mal e a atração pela violência. Para o diretor e ator Renato Linhares, que está há 13 anos no Foguetes Maravilha e dirige a montagem apocalíptica, esse morto-vivo serve de metáfora para discutir as relações sociais no Brasil da atualidade, em que o convívio com a diferença se tornou algo difícil de ser exercitado.
“O zumbi é sempre o outro, aquele que é semelhante, mas alienígena, aquele que nos ameaça com sua presença. Para enfrentá-lo, todas as armas são permitidas: o isolamento, a agressão, até a destruição completa.”, pontua ele.
Com humor rasgado, muita ironia e discursos teóricos, os Foguetes Maravilha trazem para a cena a guerra de polaridades que assola o Brasil aliada a sensação de fim de mundo.
“Durante todo o espetáculo fazemos questionamentos ao público traçando paralelos éticos e políticos, pois o teatro ainda consegue ter a magia de reunir em um mesmo espaço pessoas com posicionamentos ideológicos distintos, sem que isso necessariamente se torne um embate carregado de discursos de ódio. O teatro é um espaço transformador, que promove o pensamento coletivo. Talvez por ser historicamente um território que permite o convívio de ideias contraditórias”, acredita o diretor, Renato Linhares.
Sobre Foguetes Maravilha
MORTOS-VIVOS – UMA EX-CONFERÊNCIA – nova realização dos Foguetes Maravilha – estreou no Festival Cena Brasil Internacional (RJ). A companhia já realizou as montagens Ele Precisa Começar, Ninguém Falou Que Seria Fácil e Síndrome de Chimpanzé. Sua mais recente criação (2022) ´o espetáculo SUBTERRÂNEO – UM MUSICAL OBSCURO, uma cocriação com o grupo português MÁ_CRIAÇÃO. Em suas produções explora modos de estar em cena e de se relacionar com o público. Suas encenações borram os limites entre palco, plateia, ficção e realidade, e empilham camadas de significados, linguagens e procedimentos artísticos, criando um território híbrido e fluido. A Foguetes Maravilha busca por um teatro calcado na comunicação com os espectadores e na revelação dos mecanismos cênicos, convidando o público a questionar seu próprio papel no mundo.
Conheça o grupo aqui!
Serviço:
“MORTOS-VIVOS – UMA EX-CONFERÊNCIA”
Quando: 21, 22 e 23 de abril de 2023
Dia/ Hora: (sex e sáb às 20h; dom às 19h)
Onde: Teatro Ipanema
Endereço: R. Prudente de Morais, 824 – Ipanema
Telefones: (21) 2523- 9794
Ingresso: R$40/R$20 (vendas online pelo Sympla)
Faixa etária: 14 anos
Duração: 90 min
Gênero: comédia
Ficha Técnica
Texto: Alex Cassal
Direção: Renato Linhares
Com: Felipe Rocha, Lucas Canavarro, Renato Linhares e Stella Rabello
Assistência de direção: Fábio Osório Monteiro
Colaboração artística: Marina Provenzzano e Tereza Alvarez
Direção de produção: Aninha Barros
Iluminação: Tomás Ribas
Cenografia: Estúdio Chão – Adriano Carneiro de Mendonça e Antonio Pedro Coutinho
Figurinos: Antônio Medeiros e Guilherme Kato
Direção Musical: Domenico Lancellotti
Consultoria de som: Leo Moreira
Desenho de som: Francisco Slade
Caracterização: Rodrigo Bastos
Técnica de som: Joana Guimarães
Técnico de luz: Tainã
Programação visual: Lucas Canavarro
Fotos: Francisco Costa
Realização: Foguetes Maravilha
Texto escrito com suporte da Residência Días Hábiles – O Espaço do Tempo, Montemor-o-Novo, Portugal