Carina Moura, de 18 anos, de Frei Miguelinho, em Pernambuco, foi uma das candidatas que alcançou a nota 1000 na prova de redação do Enem de 2022. Primeira vez que presta o exame, ela mantém-se confiante para tentar ingressar no curso de medicina da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).
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“Era o meu sonho gabaritar, mas eu achava algo utópico mesmo tendo amado o tema e sabendo que tinha escrito bem, por ter facilidade com redação. Meu problema era falta de repertório e eu corri atrás para aprender, fazendo duas redações por semana. Fugir do senso comum faz diferença. Agora é rezar pela aprovação final em Medicina”, comentou a estudante.
No ano passado, o tema da prova de redação foi “Desafios para a valorização de comunidades e povos tradicionais no Brasil”. A dissertação de Carina cumpriu os requisitos exigidos para obter a nota máxima. Ela acredita que o diferencial foi ter abordado o tema destacando nomes de personalidades importantes como o sociólogo português Boaventura de Sousa Santos e a filósofa brasileira Sueli Carneiro, além de ter argumentado com propostas de intervenção coerentes.
Além disso, no desenvolvimento, a candidata ressaltou o descaso governamental nos últimos anos e a desvalorização da cultura e saberes tradicionais do Brasil. Estavam entre as ações que a estudante apontou como necessárias: a ampliação de investimentos do Governo Federal para pessoas e comunidades, incentivo através de projetos de conscientização e, principalmente, a fiscalização de territórios para assegurar que os direitos sejam respeitados.
“Na redação, não precisávamos falar de cada povo e comunidade. Dava para fazer a partir de uma abrangência total e citar os principais problemas que eles enfrentam. Algo legal que citei foi o epistemicídio, um termo criado pelo sociólogo Boaventura de Sousa Santos para explicar o processo de invisibilização de povos tradicionais em detrimento da cultura e saberes europeus. A banca gosta de ler algo original e por isso é importante fugir de conceitos que sempre são falados”, explicou Carina, reconhecendo que, infelizmente, nem todos têm acesso a essa bagagem de conhecimento.