Wilhelm Hosenfeld nasceu em uma vila em Hessen, Alemanha, em 1895. Depois de servir como soldado na Primeira Guerra Mundial, ele se tornou professor e lecionou em uma escola local. Quando a Segunda Guerra Mundial estourou, Hosenfeld era casado e tinha cinco filhos. E ninguém diria que sua história cruzaria com a de Waldislaw Szpilman, história registrada no filme O Pianista.
No final de agosto de 1939, uma semana antes do ataque alemão à Polônia, Hosenfeld, de 43 anos, foi convocado para a Wehrmacht (o Exército Alemão). No verão de 1944, durante o levante polonês, quando todas as forças militares estavam empenhadas em suprimir a revolta, ele se envolveu no interrogatório de prisioneiros.
Embora tenha aderido ao partido nazista em 1935, Hosenfeld logo ficou desiludido com o regime e enojado com os crimes contra poloneses e judeus de que foi testemunha. Durante todo o serviço militar, ele manteve um diário no qual expressava seus sentimentos. Os textos sobreviveram porque ele costumava mandar os cadernos para casa. Em sua escrita, Hosenfeld enfatizou seu crescente desgosto com a opressão dos poloneses pelos regimes, a perseguição ao clero polonês, o abuso de judeus e, com o início da “Solução Final”, seu horror pelo extermínio do povo judeu. Em 1943, depois de testemunhar a supressão da revolta do Gueto de Varsóvia, ele escreveu em seu diário:
Com o horrível assassinato em massa dos judeus, perdemos esta guerra. Trouxemos uma maldição eterna sobre nós mesmos e estaremos para sempre cobertos de vergonha. Não temos o direito de ter compaixão ou misericórdia; todos nós temos participação na culpa. Tenho vergonha de andar na cidade Hosenfeld. Ele não apenas expressou sua profunda repulsa em palavras, mas também ajudou ativamente as vítimas.
Waldislaw Szpilman em O Pianista
Sua ajuda a um judeu ficou famosa com o filme “O Pianista”, baseado na história de vida de Waldislaw Szpilman. Depois que sua família inteira foi morta, Szpilman conseguiu deixar o gueto e sobreviveu do lado ariano com a ajuda de amigos poloneses. Após a revolta polonesa no verão de 1944, a população polonesa foi despejada da cidade e Szpilman permaneceu sozinho, escondido nas ruínas da cidade destruída, faminto, congelado, assustado e sem qualquer tipo de apoio. Foi lá que Hosenfeld o encontrou em meados de novembro de 1944 e o ajudou a sobreviver durante as semanas finais críticas antes da libertação.
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Szpilman se inscreveu no Yad Vashem em 1998 para que seu salvador fosse reconhecido. Naquela época, Leon Warm já havia morrido, mas sua carta para Szpilman sobreviveu, e sua irmã escreveu para Yad Vashem da Austrália, confirmando o resgate de seu irmão. Antes que a Comissão para a Designação dos Justos pudesse conceder o título, era necessário verificar se Hosenfeld não havia se envolvido em crimes de guerra. Assim que seus diários e cartas foram tornados públicos, o caso foi submetido à análise da Comissão. Em 25 de novembro de 2008, Yad Vashem reconheceu Wilhelm Hosenfeld como Justo entre as nações.