Sérgio Camargo alega que obras são pautadas pela ‘sexualização de crianças’, ‘bandidolatria’ e ‘material de estudo das revoluções marxistas’
O que já era terrível, pode piorar. O presidente da Fundação Palmares, Sérgio Camargo, anunciou que vai excluir metade do acervo da Fundação. A alegação é que as obras são pautadas pela ‘sexualização de crianças’, ‘bandidolatria’ e ‘material de estudo das revoluções marxistas’. Além disso, ele afirmou que apenas 5% dos 9 mil títulos de seu acervo ‘cumprem a missão institucional’ do órgão.
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A Fundação Cultural Palmares publicou um relatório conspiratório intitulado “Retrato do Acervo: A Doutrinação Marxista” na manhã desta sexta em que afirma:
“Todas as pessoas de bem ficarão chocadas ao descobrir que uma Instituição mantida com o dinheiro dos impostos, sob o pretexto de defender o negro, abriga, protege e louva um conjunto de obras pautadas pela revolução sexual, pela sexualização de crianças, pela bandidolatria e por um amplo material de estudo das revoluções marxistas e das técnicas de guerrilha”,
O documento afirma, de maneira absurda, que o acervo da fundação conta com 9.565 títulos, dos quais 46% são de temática negra, enquanto 54% são de temática alheia à negra. Segundo informações do Jornal O Globo, o relatório tem74 páginas e foi elaborado pela equipe de Marco Frenette, ex-assessor de Roberto Alvim, demitido do governo por apologia ao nazismo, que em março foi nomeado coordenador-chefe do Centro Nacional de Informação e Referência da Cultura Negra.
Entre os autores excluídos estão Marx, Engels e Lênin, Max Weber, Eric Hobsbawn, H. G. Wells, Celso Furtado, Marco Antônio Villa.
Nem Machado de Assis escapou
O absurdo, se não fosse pouco, ainda aumenta, pois Sérgio Camargo inclui a exclusão de uma obra de Machado de Assis. Na seção denominada “Desserviço à cultura”, o relatório condena obras publicadas antes do Acordo Ortográfico de 2009:
“Hoje, quem desejar ler na Palmares, por exemplo, ‘Papéis avulsos’, de Machado de Assis, encontrará uma edição de 1938, a qual prestará um desserviço ao estudante brasileiro, pois ele aprenderá a escrever ‘chronica’ em vez de crônica; ‘Hespanha’ em vez de Espanha; e ‘annos’ em vez de anos”.
O relatório é encerrado com uma lista de 300 títulos “comprobatórios do desvio da missão institucional da Fundação Palmares”. Um crime contra a memória e a história do país.
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