‘Chicó existiu e morou em Taperoá na Paraíba’, conta primo de Ariano Suassuna


Um dos maiores mistérios da literatura foi desvendado: o Chicó, personagem icônico do Auto da Compadecida de Ariano Suassuna realmente existiu. Isso pelo menos foi o que contou o primo do autor Paraíbano, Manoel Dantas Vilar, em entrevista ao G1 da Paraíba.
Segundo a entrevista, ‘Seu Manoelito’ conta que à semelhança do personagem, a figura de Chicó, famosa por contar histórias fantásticas que oscilavam entre o real e o imaginário, embora falecido atualmente, existiu e era conhecido na cidade pelo mesmo apelido e costume de imaginar e relatar causos heróicos.

Ao contrário do mentiroso e vadio que na obra de Ariano se satisfazia com o mero prazer de protagonizar suas histórias fictícias, o G1 apurou que ‘João Grilo’ foi uma adaptação literária do personagem que permeava a cultura popular de cordel, originalmente concebido em contos medievais, adaptados às narrativas que ambientavam o matuto na seca nordestina. Manoel confirma a teoria dizendo que “João Grilo é um personagem clássico da literatura, que sobrevivia graças à sua astúcia, de onde Ariano se inspirou para recriar os atos de seu próprio João Grilo no Auto da Compadecida”, diz o primo do escritor.

Afinal, quem era Chicó?

Também protagonista da obra mais conhecida do literato paraibano (será?), Chicó era “um doido que morava na cidade”, segundo Manoel Dantas. “Até o nome era igual. Tinha dois doidos em Taperoá, na época, eram ‘Ventania’ e ‘Chicó’. Dos personagens de Ariano, Chicó realmente existiu. No Auto da Compadecida, tem muita conversa lá na boca do Chicó [personagem] que eram ‘verdades’ contadas pelo Chicó de Taperoá”, confirmou Seu Manoelito.

“Chicó existia e morava em Taperoá. Morava lá para o lado do [sítio] Chã da Mata, no fim da ‘rua grande’. Ariano teve contato com ele por algum tempo. Ariano ainda viveu em Taperoá até 1942, depois foi para Pernambuco”, disse. Mas não será Chicó o personagem principal dessa história? Veja aqui:

Manoel Dantas, engenheiro de formação, contou também da convivência com Ariano. Diz ele que mesmo a diferença de uma década de idade não afastou o convívio de ambos. “Aquela casa ali embaixo é dele”, disse Manoel, apontando para uma das construções existentes na fazenda Carnaúba dos Dantas, zona rural de Taperoá. “Ele passava aqui sistematicamente nos meses de julho, janeiro e fevereiro. Depois os filhos cresceram e ele veio menos. Ariano comprou também um sítio aqui perto e batizou de ‘Malhada do Gato’. Isso porque o pai dele possuía antigamente uma terra que se chamava ‘Malhada da Onça’, mas ele disse que a terra dele era tão pequena que não caberia uma onça, só um gato”, afirmou.

Veja a entrevista completa aqui!

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