[Postado por Agenda da Dança]
Uma das companhias de dança mais reconhecidas do país, a Cia de Dança Débora Colker está disponibilizando em seu site 5 balés inteiros e gratuitos para que as pessoas possam assisti-los durante a quarentena em decorrência da pandemia do coronavírus.
Os espetáculos disponibilizados são 4 por 4, Cruel, Tatyana, Belle e Cão Sem Plumas. Para visualizar os balés completos, basta acessar o site da companhia, AQUI.
Confira, abaixo, descrições e trechos dos espetáculos:
1- 4 por 4
O estudo da relação movimento-espaço é uma paixão e uma constante na obra de Deborah Colker. Depois de promover a aproximação da Dança com a Arquitetura, em Casa, espetáculo de 1999, a coreógrafa carioca sentiu a necessidade de somar a colaboração de outros artistas a seu estudo do movimento. O impacto causado por diferentes exposições visitadas por ela entre 1998 e 2000 fez com que as Artes Plásticas se tornassem objeto de desejo e tema mais que perfeito para dar segmento a seu processo investigativo. Afinal, como ela mesma diz, o que é a dança senão imagem em movimento?
Nascia assim 4 POR 4, balé em dois atos e cinco movimentos, onde conceitos como contenção, delicadeza, limitação, ousadia e transparência são explorados pelos bailarinos da Cia Deborah Colker através da interação com obras, pré-existentes e especialmente criadas, de artistas brasileiros de diferentes gerações: Cildo Meireles (Cantos), Chelpa Ferro (Mesa), Victor Arruda (Povinho) e Gringo Cardia (Vasos).
2- Cruel
Cruel é uma série aberta de elementos narrativos que só se completa com o olhar do espectador. Corpos em movimento que exigem a decifração, um novo jogo entre o Acaso e a Necessidade. Histórias ordinárias, daquelas que se repetem no cotidiano das pessoas, laços que atam e desatam. Histórias quase sempre cruéis.
Numa construção coletiva, que durou cerca de um ano e meio, novos elementos foram incorporados ao trabalho – como um texto de Fausto Fawcett e uma história escrita por Fernando Muniz. “Todas as colaborações acabaram servindo como munição nesse processo criativo, sendo absorvidas através da dança e criando uma costura nas situações que se apresentam”, conta Deborah. “Mas o que se verá não é novela, não é teatro. É dança”, pontua a coreógrafa.
3- Tatyana
Primeira adaptação coreográfica de Deborah Colker e sua companhia de uma obra alheia a seu universo criador, Tatyana toma como fonte de inspiração um clássico da literatura universal: Evguêni Oniéguin – romance em versos, publicado em 1832 por Aleksandr Púchkin (1799-1837), tido como o “pai da literatura russa”.
Construído em dois atos, o balé coloca em cena o próprio Pútchkin em interação direta com os quatro protagonistas de sua obra-prima. E multiplica seus desejos, conflitos, emoções e transformações psicológicas ao entregar cada papel a grupos de quatro ou oito bailarinos. A música de grandes autores russos como Rachmaninov, Tchaikovsky, Stravinsky e Prokofiev embala essa jornada atemporal ao cerne de uma história de duelos, desencontros, paixões e decepções.
4- Belle
Belle, o mais recente espetáculo da Cia de Dança Deborah Colker, é livremente inspirado no romance Belle de Jour, lançado em 1928 pelo escritor franco-argentino Joseph Kessel e transformado em um clássico do cinema surrealista quase quatro décadas depois, em 1967, por um de seus maiores mestres, o mexicano Luis Buñuel (1900-1983).
A história de Séverine, a burguesa bem-casada que, para suprir o profundo vazio existencial que a consome, se vê inapelavelmente compelida a transgredir as fronteiras de seu mundo de conto-de-fadas e ir passar as tardes em um randevu, onde atende pelo codinome Belle, seduziu Deborah Colker em 2011, pouco depois da estreia de Tatyana, também inspirado em uma obra literária.
5- Cão Sem Plumas
Deborah Colker faz em Cão sem plumas, baseado no poema homônimo de João Cabral de Melo Neto (1920-1999), seu primeiro espetáculo de temática explicitamente brasileira. A estreia internacional acontece em 3 de junho, no Teatro Guararapes, em Recife. A Cia. Deborah Colker conta com o patrocínio da Petrobras desde 1995.
Publicado em 1950, o poema acompanha o percurso do rio Capibaribe, que corta boa parte do estado de Pernambuco. Mostra a pobreza da população ribeirinha, o descaso das elites, a vida no mangue, de “força invencível e anônima”. A imagem do “cão sem plumas” serve para o rio e para as pessoas que vivem no seu entorno.
Fontes:
https://www.ciadeborahcolker.com.br/