Já pensou procurar por material para ensinar história medieval para seus alunos e acabar encontrando manuscritos inéditos da história mais lendária da cultura anglo-saxã? Pois quando o bibliotecário Michael Richardson buscava por documentos históricos da época medieval, não esperava encontrar histórias inéditas das lendas arturianas. Dentro de quatro volumes datados do século 16, foram encontrados sete pergaminhos que contam parte da história do mago Merlin, um dos personagens centrais da lenda do Santo Graal.
As narrativas estão em francês antigo, e os quatro volumes em que foram encontradas foram publicado na cidade de Estrasburgo, na França, datados dos anos entre 1494 e 1502. Os livros faziam parte da coleção do pesquisador francês Jean Gerson (1363-1429). Já os sete manuscritos parecem datar do século 13 e contar com diferenças significativas nas lendas arturianas tradicionais.
A equipe montada pela Universidade de Bristol para investigar os pergaminhos conta também com acadêmicos da Universidade de Durham, especialistas nas histórias de Merlin escritas em francês antigo. Eles planejam traduzir as narrativas para o inglês e compor uma edição explicativa da nova descoberta.
A história encontrada é conhecida como “Estoire de Merlin”. Nessa parte da narrativa, Arthur, Merlin, Gawain e outros cavaleiros, incluindo os reis Ban e Bohors, se preparam para uma batalha em Trèbes, na França, contra o rei fictício Claudas e seus seguidores. Merlin planeja os ataques cuidadosamente, mas a batalha é dura, fazendo com que as forças de Artur quase cedam até que o mago os incite a retomar à guerra. Merlin ainda os conduz com a ajuda de um dragão cuspidor de fogo. Finalmente, as forças dos reis Artur, Ban e Bohor prevalecem e eles conseguem tomar o castelo de Trèbes. O conto então prossegue com seus julgamentos e aventuras.
Para os pesquisadores, alguns detalhes dos manuscritos se diferem das histórias tradicionais. Por exemplo, na versão original o rei Claudas foi ferido na região das coxas, enquanto nos manuscritos de Bristol o lugar do ferimento não é citado. Esse aspecto pode suscitar novas interpretações do texto como um todo, uma vez que os estudiosos veem um ferimento na coxa como uma metáfora para impotência sexual ou castração.
“Existem mais diferenças ainda, mas por causa do dano aos fragmentos levaremos um tempo para decifrar os conteúdos apropriadamente. Talvez será preciso o uso de tecnologia infravermelha”, afirma a Dra. Leah Tether, presidente do departamento britânico da Sociedade Arturiana Internacional. “Estamos todos muito animados com os novos fragmentos e com as novas informações que podem trazer”.
Fonte: Universidade de Bristol


