O autor de O Iluminado, Carrie, It e muito mais é bastante popular, isso é fato. A maioria dos leitores de terror, suspense e aventura e também drama já devem ter, em algum momento, lido algo dele. King tem legiões de fãs pelo mundo todo e encanta desde diretores de cinema até o presidente e o Congresso dos Estados Unidos. Porém, há alguns leitores que ainda tendem a evitar ler as obras de King devido a exatamente esse motivo: ele é popular, ele escreve best sellers.
Sim, ele é autor de muitos best sellers. E por que isso seria um motivo para não lê-lo? Um escritor de vários livros de terror (claro que ele não escreve só terror, mas é bem conhecido por suas obras mais sombrias e representa bem esse gênero literário) que chegou tão longe assim no canône merece ser lido, sim, também por quem preza mais a chamada “alta literatura” ou o que seja. King trouxe o terror de volta para o grande mercado literário, injetando sangue novo nesse gênero, o qual esteve, e quase oculto em sombras por um bom tempo, e seus livros já são clássicos que já influenciam muitos novos autores. Além disso, como já mencionei antes, não só terror escreve o mestre King, que também percorre majestosamente os campos do drama, suspense, mistério, ficção científica, aventura e até livros que não são de ficção, e sua escrita é tão cativante que ele consegue prender o leitor com livros de não ficção tanto quanto com suas ficções.
Precisa de mais motivos para ler King ainda? Acredito que, na verdade, não precise realmente, mas mesmo assim aí vai uma lista com mais 13 motivos!
1. Ele criou todo um universo geográfico onde se passam seus livros
O universo criado por King é interessante de ser explorado, livro por livro. Pode-se passar anos e anos lendo suas obras e encontrando pontos em comum entre os locais e referências, pois muitos de seus livros se passam em uma cidade fictícia chamada Castle Rock. Outros se passam em Derry, outra cidade fictícia criada por King, localizada no estado de Maine, onde mora o autor.
2. Seus personagens são humanos um tanto complexos, com quem o leitor pode se identificar
King desenvolve personagens vívidos, com memórias marcantes, passados que não morrem e traços de personalidade naturais e bem definidos. Ao ler diálogos do livro “Saco de ossos” ou “O Cemitério”, pode parecer que você está ouvindo conversas entre dois velhos amigos, pois a narrativa apresenta detalhes das vidas dos personagens, incluindo contexto, passado, opiniões, etc, de maneira que parece que conhecessemos os personagens pessoalmente no mundo real. Soma-se a isso o fato de os diálogos serem escrito em uma linguagem direta e facilmente reconhecível como fala em meio a uma narrativa escrita, com expressões coloquiais, mas sem exageros (me refiro ao texto original, nos livros traduzios isso pode depender da tradução, mas tenho visto traduções boas das obras de King), que soam naturalmente como uma conversa de verdade. Isso torna os personagens e as situações que eles vivenciam muito mais reais.
3. Suas obras deram vida a filmes clássicos
Tudo bem que o próprio King não é muito fã do filme de Kubrick sobre seu livro O Iluminado (há grandes diferenças entre as duas obras!), mas não podemos negar que o filme já virou um clássico do cinema. Outro clássico é O Cemitério Maldito, isso sem contar com as várias versões de Carrie. Há diversas adaptações de obras de King, romances e contos, para o cinema e para a TV (contando com ocasionais participações especiais de King em papéis como um padre no Cemitério Maldito, um entregador de pizza em Rose Madder e assim por diante) e muitas delas já viraram grandes clássicos do cinema.
4. O ar de realismo de seus livros faz com que os fatos sobrenaturais ou assustadores em geral se tornem mais assustadores ainda por parecerem mais reais do que deveriam (ou tanto quanto deveriam?)
Conforme já comentado antes, os livros de King são cheios de personagens intensamente vívidos, que vivem em locais fictícios onde se passam tantas histórias que os lugares quase já têm vida própria. A narrativa tem um tom direto, uma linguagem simples e real, mostrando pessoas reais. O que é chocante quando esses seres que parecem ter sangue nas veias encontram criaturas mortas-vivas ou assassinos psicóticos (os quais, aliás, também soam assustadoramente reais, como a “doce” leitora fanática de Paul Sheldon em Misery, Annie Wilkes – quem não queria uma fã assim, não é mesmo?).
5. Os Ramones fizeram uma música para um filme baseado em um livro dele!
Sabe famoso hit Pet Sematery? Isso aí, trilha sonora do filme baseado em na obra do Stephen King. Os Ramones (que é uma das bandas favoritas do King, aliás!) gravaram uma música especialmente para o filme inspirado em um livro dele! Precisa dizer algo mais?
6. Ele escreveu Sobre a escrita, um livro maravilhoso sobre a arte da escrita
Uma mistura de autobiografia com inspiradoras declarações de seus motivos para escrever e seus dedicadíssimos métodos de escrita. Sem querer dar spoilers sobre o que exatamente King revela neste livro, conto aqui só algo que chama muito atenção: ele diz não planejar os enredos de seus livros, na maioria das vezes, e que vai escrevendo conforme a história se desenvolve. Além disso, ele diz que escreve muitas horas por dia e todos os dias, pois caso contrário os personagens tornam-se menos reais, mais distantes e fictícios. Será esse o segredo de King para criar personagens tão bem construídos e mundos com detalhes tão realistas? Só digo que, para ele, essa tática funciona muito bem, pois a leitura de suas narrativas realmente envolve o leitor. No final do livro, King incluiu uma lista de livros que ele indica a leitores que já escrevem ou que pretendem escrever.
7. Ele escreveu Dança Macabra, um livro sobre o terror
Além de Sobre a escrita, King escreveu outras grandes obras de não ficção, e entre elas está Dança Macabra. Ter escrito esse livro demonstra o domínio de King sobre um dos temas sobre o qual ele mais escreve e seus conhecimentos em relação aos mestres do terror que o antecederam. Neste livro, dividido em várias partes, King analisa os motivos de se ler ou assistir terror, como funciona o terror, suas funções e origens psicológicas e o que esse tipo de arte traz para o mundo, comenta sobre grandes nomes do terror na literatura, no cinema e na TV (incluindo fotos de filmes e seriados que ilustram toda a obra), lista dicas de filmes e livros e até diz como começou a se interessar pelo gênero. Uma obra imperdível para fãs de terror ou leitores em geral que tenham interesse na área.
8. Ele criou um universo de personagens marcantes
É difícil alguém falar em palhaços macabros sem lembrar de Pennywise, da obra It, ou mesmo que a pessoa não lembre o nome, com certeza lembrará da figura do palhaço assassino, seja pela imagem do filme ou pelas capas das diversas edições dessa obra. Ao comentar sobre narrativas de terror em hotéis ou personagens escritores psicóticos, quem não lembra de Jack Torrance em O Iluminado? Ou quando um carro parece se mover sozinho, muitos podem pensar em Cristine, o carro amaldiçoado. Quando o problema é um cão raivoso, pode lembrar Cujo. Enfim, os personagens criados por King são marcantes e já viraram ícones da cultura pop, pois pode-se encontrar referências a eles em diversos lugares. Como na imagem abaixo, por exemplo. Consegue identificar todos os personagens?
9. Os livros têm enredos originais e narrativas cativantes, que envolvem o leitor
King tem ideias impressionantes e as desenvolve detalhadamente bem, construindo mundos fictícios tão reais quanto o mundo real, narrando detalhes que tornam tudo mais vivo e inserindo acontecimentos absurdos nesses universos. No entanto, tudo é tão bem descrito, o psicológico dos personagens tão sólido, que as ações deles e o que os cerca não têm como parecer nada mais além de realidade. Assim, ele consegue causar medo, tanto quanto consegue encantar e trazer lágrimas aos olhos dos leitores (por exemplo, em O Cemitério, a descrição do luto da família do protagonista é quase tão forte ou mais do que aquela do horror causado pela volta dos mortos, o que realmente causa um impacto no leitor).
10. Ele já foi comparado a Poe em uma Epic rap battle e até twittou sobre isso!
Claro que os dois são escritores bem diferentes e não há comparação, mas o vídeo foi uma paródia divertida feita pelo canal Epic Bat Battles of History, em que grandes personalidades frequentemente comparadas pelo público duelam. Neste caso, os rivais foram King e Poe (para ver o nível, ele já foi comparado a Poe!). Claro que King, na maior humildade e confirmando assim sua admiração e seu respeito por Poe, twittou sobre o caso, dizendo ter perdido o duelo.
11. Ele participa de uma banda de rock
Ok, isso não está diretamente ligado ao talento literário de Stephen, mas demostra como ele tem outros talentos além da literatura e um carisma único. Veja abaixo King no palco, com a banda Rock Bottom Remainders, formada por escritores. Além de King, também já foram membros da banda os escritores Dave Barry, Amy Tan, Cynthia Heimel, Sam Barry, Ridley Pearson, Scott Turow, Joel Selvin, James McBride, Mitch Albom, Roy Blount, Jr., Barbara Kingsolver, Robert Fulghum, Matt Groening, Tad Bartimus, Greg Iles e Aron Ralston, além de músicos profissionais e convidados. As apresentações deles já renderam mais de dois milhões que foram doados para caridade.
12. Ele também já esteve nos Simpsons
Certo, isso também não tem tanto a ver com a escrita de King, mas mostra sua grande influência na cultura pop. Na imagem acima, King aparece em um episódio de Halloween dos Simpsons, agindo como seu personagem, Jack Torrance, no filme de Kubrick, escrevendo as palavras “All work and no play makes Jack a dull boy” (“muito trabalho e pouca diversão deixam Jack entediado” – tradução livre), ironicamente, uma cena que não existe no livro, mas que tornou-se icônica e foi inspirada no comportamento do personagem na obra de King.
13. Ele ganhou a National Medal of Arts em 2015!
King recebeu uma medalha do presidente Obama devido à sua imensurável contribuição à cultura literária americana, ou como foi dito na premiação “por ser um dos autores mais notáveis e prolíficos da atualidade e pela capacidade de combinar sua extraordinária narrativa com sua análise afiada da natureza humana, pois por décadas seus trabalhos de terror, ficção, suspense, ficção científica e fantasia têm apavorado e trazido encanto a leitores pelo mundo”. A obra dele é lida por milhares de leitores por todo lugar, ele já publicou mais de 60 romances e muitos contos e roteiros e etc. Está esperando o que para começar a ler King? Ou, caso já tenha lido algo dele, para ler mais livros dele?
Originalmente publicado em Literatortura.