Você vai ao teatro. Compra seu ingresso, senta, assiste uma peça que começa, passa pelo meio e termina – obviamente – no fim. Bem… esqueça essa equação. Se você for ao teatro assistir Shuffle, do Teatro Voador Não Identificado, nada disso vai acontecer. Ok, você vai comprar seu ingresso e se sentar, mas depois disso não há como saber o que vai acontecer. Cada cena da peça está relacionada a uma música que toca em um iPod Shuffle que, no modo aleatório, escolhe as músicas. Assim, a ordem das cenas acontece de acordo com a música que toca – ordem esta que nem ator deste monólogo, nem o público sabem qual vai ser. A cada dia, uma peça diferente dentro da mesma peça.
A proposta da companhia, que também é um grupo de pesquisa em teatro, é discutir a relação entre o homem e a máquina. A peça é baseada no conto “iPod Shuffle”, do dramaturgo Luiz Antonio Ribeiro, que fala sobre um homem que, ouvindo suas músicas em ordem aleatória, começa a ver que as músicas estão afetando sua vida e as coisas estão dando certo – fato que ele atribui às músicas, até o momento em que as coisas começam a dar errado. O TVNI criou, assim, uma inusitada e inédita proposta teatral.
Nas palavras da Companhia, “SHUFFLE (aleatório, em inglês) é uma pesquisa estética e dramatúrgica sobre a relação entre ordem e aleatoriedade no mundo contemporâneo. O espetáculo vale-se do romance “O estrangeiro” de Albert Camus e do conto “Shuffle” de Luiz Antonio Ribeiro (também dramaturgista da peça) para criar uma estrutura experimental. A premissa: um homem adquire um iPod Shuffle (reprodutor de música lançado pela Apple Inc. cujo modelo permite a execução aleatória das mesmas) e o uso do aparelho transforma suas ações em consequências diretas das emoções que lhe são causadas pela escuta das canções. A proposta de encenação parte dos mesmos mecanismos do iPod Shuffle para compor dramaturgia e cena: o espetáculo é dividido em dez fragmentos. Para cada fragmento, uma música-título. Estas são executadas de forma aleatória pelo próprio iPod durante as apresentações da peça, cabendo ao ator lidar com a exposição da cena que, a cada dia, tem uma ordem diferente. Esta proposta sugere uma reflexão sobre o embate entre homem e tecnologia e pretende, a partir de um olhar distanciado, evidenciar as fragilidades dessa relação.”
“A interpretação de Gabriel Vaz é sedutora, a direção de Julia Bernat e Leandro Romano é positivamente delicada e o aparate tecno-visual do cenário/iluminação de Elsa Romero e de Isadora Petrauskas é promissor.” – Rodrigo Monteiro, crítico de teatro
A peça atualmente está em cartaz no Centro Cultural da Justiça Federal (CCJF), no Rio de Janeiro, e pode ser assistida até dia 14 de julho. Confira a ficha técnica:
FICHA TÉCNICA
Concepção: LEANDRO ROMANO
Direção: JULIA BERNAT e LEANDRO ROMANO
Dramaturgia: LUIZ ANTONIO RIBEIRO
Elenco: GABRIEL VAZ
Cenografia e iluminação: ELSA ROMERO e ISADORA PETRAUSKAS
Figurino: ANNA CECÍLIA CABRAL
Preparação vocal: JULIA BERNAT
Preparação corporal: ANA RIOS
Edição de som: JAYME MONSANTO
Voz em off: ESTRELA BLANCO
Assistência de direção: LUIZ ANTONIO RIBEIRO
Assistência de cenografia, figurino e iluminação: GAIA CATTA e LIA MAIA
Consultoria teórica: DANRLEI DE FREITAS
Filmagem e fotografia: CONRADO KRIVOCHEIN e NAN GIARD
Direção de produção: LEANDRO ROMANO
Produção executiva: RENATA MAGALHÃES
Realização: TEATRO VOADOR NÃO IDENTIFICADO e CENTRO CULTURAL DA JUSTIÇA FEDERAL
Apoio: O FORNO RIO – PIZZARIA ARTESANAL
SERVIÇO:
Shuffle
Data: Quarta e Quinta
Horário: 19 horas
Valor: R$ 20 (inteira) R$ 10 (meia)