Esta semana recebemos um curiosa dica de livro: trata-se de Chuva Oblíqua, de Bruno Laet que, segundo o próprio autor “é um projeto extremamente pessoal” que foi planeado durante dez anos e que promete virar roteiro cinematográfico.
A premissa da história remonta a um caso real, ao qual ele teve acesso na adolescência: em sua cidade natal, Bragança Paulista, na década de 40, um clube de suicidas de fato progrediu. Essa informação, por si só, já tinha chamado sua atenção. Mas havia um detalhe que acabou virando a fagulha para o viés do livro:
Os participantes do clube faziam propaganda do mesmo na praça central da cidade, o que me induziu a acreditar que a prática, se não legal, pelo menos era tolerada pela sociedade de então. Mais ou menos como o jogo do bicho. Foi essa cumplicidade o ponto de partida para minha história.
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Peppe Souza escreveu sobre o livro:
“Em um mundo onde tudo parece vivo e nada parece impossível, os espíritos padecem de anomia sentimental, suas vidas entrelaçadas e atravessadas por uma energia e beleza para as quais não encontrarão finalidade. Aqui nada é sagrado — o estado, o amor ou a gravidade — e menos ainda profano.
Nesta cidade castigada pela chuva ininterrupta, vemos seu impacto que gera uma onda de tentativa de suicídios:
Debaixo da Chuva oblíqua, os seres humanos e, por fim, a própria realidade se cansam e cedem perante o imaginário, a consciência e os símbolos. Aqui é uma terra saturada de melancolia e afetos, fértil para quem aspira à morte, onde a cumplicidade habita a mentira, e a afeição move o carrasco. Agora que o passado esmaeceu e o futuro é impossível (ainda que se confundam), melhor é esquecer os dois. Aqui a virtude é ter o que responder ao presente.”, completa Peppe
Sobre o livro:
Uma cidade castigada por meses de uma chuva ininterrupta. Na esteira desse status metereológico – e de seu brutal impacto na psique coletiva – desenvolve-se um clube-agremiação dedicado a auto-ajuda dos que querem tirar a própria vida.
São três os personagens principais: CORINA, uma taciturna figurante de filmes B; MALIK, um ex-militar; e BALTAZAR, um jovem apegado a burocracia e com um passado nebuloso.
Se fora do clube eles não passam de figuras atormentadas pela razão, dentro dele eles assumem personas vivazes e pró-ativas, que alcançaram a excelência em seus “métiers”. Baltazar é mentor e fundador do clube, e nele deposita estranhos propósitos alheios aos demais integrantes. Malik, pelo passado militar, assume a postura de figura forte e executor dos “suicídios”. Já Corina, neófita do grupo, vê naquela fauna humana uma instigante matéria para suas filmagens.
É do entrelaçamento dessas posturas – altamente influenciadas por ideias de liberdade radical e auto-afirmação – que descobrimos a verdade sobre o passado de Baltazar e sua estranha relação com a chuva que não cessa.
E aí, gostou da proposta de Chuva Oblíqua?
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