Romance PET entrou na lista dos 100 melhores livros de fantasia de todos os tempos
Não era mais para haver monstros em Lucille”. Assim começa a história de Chimia, uma adolescente trans, e seu melhor amigo Redenção. Em Lucille, a história que as crianças aprendem na escola e em casa é que os anjos expulsaram todos os monstros da cidade, e não há nada mais motivo para ter medo. Elas aprendem que lembrar é importante, porque é esquecendo que os monstros voltam.
Mas será que lembrar é o mesmo que contar uma história só até certo ponto, recusando outras possibilidades? Porque se não existem mais monstros em Lucille, então por que Pet – um… montro? Anjo? Monstranjo? – saiu de um quadro pintado pela mãe de Chimia, dizendo que estava ali para caçar um monstro na casa de Redenção? Agora, Chimia e o amigo enfrentam um dilema: como combater monstros se as pessoas não admitem que eles existem? Com seu habitual jeito sensível e direto
de olhar para as coisas, Akwaeke Emezi e suas personagens perguntam: quem são os monstros, afinal?
Sobre a autoria
AKWAEKE EMEZI nasceu em 1987, na Nigéria, em Umuahia, mas cresceu em Aba. Atualmente vive nos Estados Unidos. Identifica-se como Ọgbanje, palavra da cultura Igbo que significa um espírito intruso que nasce em uma forma humana, e que resultaria em uma criança com um terceiro gênero. Traduzindo isto para sua realidade terrena, Akwaeke nasceu em um corpo feminino, mas não é mulher, identificando-se como trans.
Fez algumas cirurgias para adequar seu corpo – seu receptáculo – para que reflita sua natureza. Em Inglês, usa pronomes neutros para se referir a si mesma. Em Português, pede que seja referido no masculino – lido como neutro.
Dos livros de sua autoria, dois foram publicados no Brasil pela Kapulana, com tradução de Carolina Kuhn Facchin: Água doce (Freshwater) – 2019 e Pet (Pet) – 2021.
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Confira um trecho
“No final da manhã seguinte, Chimia estava fazendo twists nos cabelos em seu quarto, passando manteiga de
karité nas palmas e aplicando-a em seções enquanto música soca tocava em seus alto-falantes. Pet estava
parado num canto, a cabeça se movendo sutilmente ao seguir seus braços, observando-a. Elus estavam se
comunicando sem som; Chimia não queria que os pais soubessem que Pet ainda estava por ali, que ela os
havia desobedecido, e como Azedume e Babosa não sentiam a casa do jeito que Chimia sentia, ela conseguia
esconder Pet num casulo mudo.”
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