USP concede, pela 1ª vez, título de Doutor Honoris Causa a um brasileiro negro
O Conselho Universitário da Universidade de São Paulo – a USP aprovou por unanimidade a outorga do título de doutor honoris causa póstumo a Luiz Gonzaga Pinto da Gama. De acordo com a instituição, a homenagem está ancorada na importância de Luiz Gama na história recente do Brasil e em sua excelência enquanto personalidade intelectual.
Conhecido poeta, jornalista e advogado, Gama articulou pela libertação de mais de 500 escravizados. Luiz Gama conseguiu sua alforria antes dos 18 anos e frequentou como ouvinte as aulas da Faculdade de Direito do Largo São Francisco.
Assim, Luiz Gama se torna o primeiro brasileiro negro a receber o título. Segundo o site do G1, antes dele, a universidade tinha concedido o título a apenas um homem negro. Isso aconteceu em 2000, quando o homenageado foi Nelson Mandela, político e ativista da África do Sul. Além de Mandela, Luiz Gama é o único outro negro na lista de 120 homenagens deste tipo feitas pela universidade.
A USP confirma que a proposta foi apresentada pelo professor Dennis de Oliveira, do Departamento de Jornalismo e Editoração (CJE) da Escola de Comunicações e Artes (ECA) e do Núcleo de Estudos Interdisciplinares sobre o Negro Brasileiro (NEINB-USP), e apoiada pela Comissão de Direitos Humanos (CDH) da ECA.
“Este é um dia marcante para celebrarmos este grande brasileiro. A USP se sente muito honrada em poder conceder este título a Luiz Gama”, ressaltou o reitor Vahan Agopyan após a votação dos conselheiros.
Ainda no site da USP, Dennis de Oliveira, integrante do Núcleo de Estudos Interdisciplinares sobre o Negro Brasileiro (Neimb), explicou que considera Gama o “primeiro intelectual público brasileiro”.
“No jornalismo, na poesia e nas letras, Luiz Gama militava em prol do abolicionismo. Por isso foi um intelectual público. Ele fez uma análise sofisticada do que era a sociedade daquela época e expressou isso em sua produção literária, jornalística e jurídica com um objetivo: acabar com a escravidão”, explicou Oliveira, na entrevista.
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