Berta Loran, nome artístico de Basza Ajs, completou 96 anos no último dia 23 de março. Nascida em 1926, em Varsóvia, Polônia, a atriz carrega uma história marcada pela superação e pela resiliência. Criada em uma família judia na Rua Mila, 53, no coração do que se tornaria o Gueto de Varsóvia, Berta viveu uma infância de privações, dividindo um quarto com 14 pessoas, incluindo parentes e funcionários de seu pai, José Ajs, ator e alfaiate.
A alimentação era escassa, muitas vezes limitada a uma sopa rala de repolho e batata, ingredientes acessíveis no bairro. Com a ocupação nazista na Polônia, cerca de 380 mil judeus foram confinados no Gueto de Varsóvia, isolados por muros.
Em 1939, aos 13 anos, com sua família, ela veio para o Brasil, escapando da perseguição nazista. Seu pai, José Ajs, um ator e alfaiate judeu, percebeu o perigo iminente após a ocupação nazista da Polônia e a criação do Gueto de Varsóvia, onde viviam. Ele organizou a fuga da esposa e dos filhos, aproveitando contatos e recursos para deixar o país antes que a situação se agravasse ainda mais.
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Os primeiros a serem enviados para a morte foram idosos, mulheres e crianças, considerados menos aptos para o trabalho forçado. Em 1943, os cerca de 56 mil judeus que ainda resistiam no gueto, de uma população inicial superior a 300 mil, protagonizaram o Levante do Gueto de Varsóvia, uma revolta desesperada contra o exército nazista. Apesar de sua coragem, a ação foi praticamente suicida, resultando no massacre de quase todos os envolvidos e na destruição do gueto.

Entre os raros sobreviventes estava o pianista Władysław Szpilman, cuja história foi imortalizada no filme O Pianista (2002), de Roman Polanski. No Brasil, Berta Loran transformou a dor em arte. Encontrou no humor um refúgio e uma forma de reconstruir a vida, tornando-se uma das atrizes mais queridas do país. Sua trajetória é um testemunho de força, esperança e da capacidade de transformar tragédias em inspiração.
Fonte: Memórias Cinematográficas

