Por que ainda precisamos (re)descobrir Ariano Suassuna? Entrevista com Anderson da Silva Almeida

Como narrar a trajetória de Ariano Suassuna, um dos maiores nomes da cultura brasileira? Pela vida? Pela obra? Pelo passado? Pelo presente? E quem é capaz de abarcar a totalidade de um sujeito que mudou a história da arte brasileira? Pensando nestas questões, o pesquisador  Anderson da Silva Almeida (@andersondasilvalmeida), doutor e mestre em história pela Universidade Federal Fluminense (UFF), organizou a obra “Ariano Suassuna no teatro da vida”, publicada pela editora CRV. Com extenso trabalho no campo de pesquisa, Anderson já foi finalista do Prêmio Jabuti de Literatura, em 2018, na categoria Biografias e vencedor do Prêmio Memórias Reveladas, do Arquivo Nacional, em 2010. 

No decorrer das 354 páginas, a obra é lançada no ano em que se completa 10 anos da morte de Ariano no contexto dos 60 anos do Golpe de 1964. Além disso, “Ariano Suassuna: no teatro da vida” também chega ao mundo na ocasião do lançamento do filme O Auto da Compadecida 2, esperada continuação de um dos maiores clássicos do cinema nacional. 

Para conhecer mais um pouco do livro e sobre o grande Ariano Suassuna, entrevistamos o organizador Anderson da Silva Almeida. Confira:

Luiz Antonio Ribeiro – Para começar, aquela pergunta de sempre: de onde surgiu a ideia de organizar este livro “Ariano Suassuna: no teatro da vida”?

Quero iniciar agradecendo a vocês do Jornal Nota pela oportunidade dessa entrevista e pelas pautas importantes que sempre aparecem em suas mídias, não apenas sobre Literatura, mas sobre Artes, Política e engajamento social.

Anderson da Silva Almeida- Sobre a pergunta, a ideia de organizar o livro surgiu em 2022 quando eu estava a pensar em personagens que atuaram politicamente no período da ditadura, visto que em 2024 teríamos [tivemos] a passagem dos 60 anos do golpe de 1964. Ao nos depararmos com a atuação de Ariano Suassuna no Conselho Federal de Cultura, justamente no período ditatorial, entendemos que seria um bom momento para publicarmos uma Coletânea abordando tanto o Ariano como personagem político e, também, sobre sua produção intelectual.

Ainda em 2024 se deu a passagem pelos 10 anos da morte de Ariano. Essas efemérides de nascimento e/ou morte são sempre momentos importantes para rememorações. Sem contar, também, que agora em 2025, completa-se 70 anos do texto original da peça “A Compadecia” (1955), ou “Auto da Compadecida” – como ficou mais conhecida -, e, mais uma coincidência que surgiu no triênio 2022-2024, foi a produção cinematográfica “O Auto da Compadecida 2”. Ou seja, foi uma série de fatores que convergiram para o lançamento desta obra entre o final de 2024 e agora, no início de 2025, já que os eventos continuam.

Luiz – O livro é formado por alguns artigos seus e diversos pesquisadores, certo? Como foi escolher as pessoas que escrevem sobre o Ariano Suassuna? O que você buscou quando procurou pessoas para falar do dramaturgo?

Anderson da Silva Almeida- A ideia, que conto na Apresentação da obra, foi garimpar pesquisadoras e pesquisadores que já tivessem alguma ligação mais madura com a trajetória e com a obra de Ariano. A busca ocorreu inicialmente entre as pessoas com formação em História, que é minha área de atuação, e os/as colegas da Literatura. Não foi difícil encontrar dissertações e teses sobre Ariano, mas geralmente com foco em análises de suas obras mais conhecidas (A compadecia, A Pedra do Reino, O Santo e Porca, por exemplo). Contudo, percebemos uma lacuna em relação a textos mais biográficos e sobre análises da atuação política de Ariano.

Sem tentar produzir um “Biografia”, no conceito clássico, construímos a coletânea como um conjunto de “biografemas”, que chamamos de fagulhas, pontas de agulhas, sobre a trajetória política e artística de Ariano Suassuna. Como resultado, temos uma obra dividida em duas partes. A primeira mais biográfica e a segunda com abordagens que se debruçam a analisar aspectos das influências, inspirações e tensões que envolvem a produção artística armorial. Na parte final, há textos mais ensaísticos assinados por autores/as que conviveram com Ariano.

São relatos com características de proximidade e afastamento. Penso que o resultado foi muito interessante porque não construímos uma “hagiografia”. Aparecem equívocos, erros assumidos, mudanças de rota e decisões revistas ao longo de sua vida. Aproveito a oportunidade dessa entrevista para agradecer às/aos doze autoras e autores que contribuíram com seus textos: Maria do Rosário, Geice P. Nunes, Clara S. Fernandes, Tatiane Silva, Lucas Arruda, Geovanni Cabral, Marcelo Tavares, Moisés Neto, Fábio Brito, Iago Luz, Dimas Veras e Eduardo Dimitrov.

Luiz – Lendo um dos seus artigos, a gente descobre que a história do Ariano Suassuna é muito atravessada também pela história de seu pai, né? Conta um pouco pra gente sobre isso.

Anderson da Silva Almeida- Ariano nasceu no Palácio da então capital da Paraíba do Norte, em 1927, quando seu pai, João Suassuna, era presidente do estado, cargo equivalente ao atual governador. Os violentos conflitos políticos que ocorreram na Paraíba, especialmente em 1930, envolveram sobrenomes poderosos tanto na capital, quanto no interior, e levaram a consequências na política nacional, como foi o caso do assassinato de João Pessoa, em Recife. Na época, João Suassuna não era mais “governador” e tinha sido eleito deputado federal, cuja Câmara – a exemplo dos demais poderes republicanos – estava sediada no Rio de Janeiro.

O pai de Ariano foi um dos acusados de encomendar a morte de João Pessoa e foi assassinado no Rio de Janeiro por encomenda de parentes e amigos que queriam vingar a morte de João Pessoa, que era sobrinho do ex-presidente Epitácio Pessoa. Apesar de Ariano ter apenas 3 anos de idade, toda a família Suassuna foi marcada por ameaças de morte, fugas e mudanças constantes. A memória herdada e partilhada por seus familiares sobre aquelas violências e entrecruzadas com as lembranças ressignificadas pelo próprio Ariano, influenciaram destacadamente sua visão política e a sua produção artística, muito bem visualizadas nas análises sobre o rural e o urbano, o bem e o mal, o triste e o alegre, o popular e o erudito, o sagrado e o profano, o choro e o riso. Temas como morte, sebastianismo e sofrimento foram recorrentes nos textos suassunianos e a morte de seu pai aparece como uma inescapável presença de uma grande ausência, como já foi apontado por Carlos Newton Júnior, Bráulio Tavares, Eduardo Dimitrov, Idelette Muzart e outros autores e autoras que se dedicaram a analisar os textos do morador mais famoso de Taperoá.

O que eu rabisquei em um dos capítulos é uma síntese, em aproximadamente 20 páginas, do contexto histórico e dos conflitos políticos que levaram aos assassinatos de João Pessoa e do pai de Ariano. Não era suficiente dizer para os leitores e leitoras que João Suassuna foi assassinado, era preciso explicar, analisar e levá-los às fontes. Foi a partir desse mergulho que reavivamos, por exemplo, as mortes de João Dantas, Augusto Caldas, Anayde Beiriz e o suicídio do fotógrafo Louis Piereck. Ou seja, não foram apenas João Pessoa e João Suassuna, era um contexto de muita violência.

Luiz – Como e por que a cidade de Taperoá vira uma grande personagem nas histórias de Suassuna?

Anderson da Silva Almeida- A família Suassuna possuía propriedades rurais em alguns municípios do interior paraibano e foi na região de Taperoá que o tronco de João Suassuna fixou residência quando ele deixou o governo da Paraíba, em outubro de 1928. Nas memórias da família aparecem com recorrência as fazendas Saco, Acauhan, Carnaúba, São Pedro e Malhada da Onça. Entre as cidades de Pombal e Taperoá, o garoto Ariano, alternando com períodos de fugas e retornos, viveu sua primeira infância.

Foi em Taperoá que o garoto apelidado de “Dinga Velho” se alfabetizou e conviveu com alguns/mas personagens que depois estariam presentes em sua dramaturgia, a exemplo do palhaço Gregório, o negro Benedito e a convivência com os tios Manoel Dantas Vilar e Joaquim Duarte Dantas. Há, também nessa fase em Taperoá, contato com folhetos de cordel, mamulengos, espetáculos circenses e o acesso a livros preservados na biblioteca particular do pai assassinado. Ariano mencionava sempre os livros de Leonardo Mota, Alexandre Dumas e Rafael Sabatini, por exemplo.

Luiz – Como foi a entrada do Suassuna na escrita de peças teatrais? E o sucesso de Auto da Compadecida é imediato?

Anderson da Silva Almeida- Entre 1947 e 1948 o Teatro do Estudante de Pernambuco (TEP) organizou um concurso e Ariano venceu com o texto “Uma mulher vestida de sol”. Na nossa coletânea, o texto do Eduardo Dimitrov traz essa informação com mais detalhes. Vejam que ele tinha apenas 20 anos de idade. Em 1948 temos a montagem de “Cantam as harpas de Sião/O desertor de Princesa. No ano seguinte, a montagem de “Os homens de barro”, peça em 3 atos. E, em 1950, o “Auto de João da Cruz”, que também recebeu prêmio da crítica especializada.

Entretanto, como indicam alguns especialistas a quem devemos essa análise (Carlos Newton, Bráulio Tavares, Adriana Victor, Juliana Lins, Eduardo Dimitrov, Ligia Vassallo, Geice Nunes e Idelette Muzart, entre outros), a virada cômica na obra de Ariano só se daria a partir de 1950. As peças anteriores eram consideradas um tanto trágicas e amargas. Em 1950 Ariano conclui o curso de Direito em Recife e volta para Taperoá para se tratar de uma tuberculose. Nesse período de tratamento, já namorando Zélia de Andrade Lima, Ariano escreve “Torturas de um coração ou em boca fechada não entra mosquito” (1951), em homenagem à jovem Zélia.

É a partir desse texto que a alegria, a sátira, a picardia e o riso começam a se destacar nos textos de “Dinga Velho”, embora ainda fosse jovem, com apenas 24 anos. A presença de Zélia em sua vida é um fator decisivo, já que o garoto “Chocalho” – outro apelido de Ariano –, sentia-se feio e trazia um tom áspero em seus primeiros enredos. “A Compadecida” é de 1955. Refiro-me “A compadecida”, ao texto e à peça e, “O Auto da Compadecida” aos filmes. Embora a montagem teatral também apareça em jornais como “Auto da Compadecida”, sem artigo.

O texto e a montagem foram sucessos imediatos, vencendo prêmios regionais e nacionais entre 1956 e 1957 e traduzida para a Polônia, Estados Unidos, Alemanha, Espanha e França, por exemplo, entre 1959 e 1971. Vale mencionar que personagens como Pedro Malazartes, Cancão de fogo, Tirateima e João Grilo, ou seja, os anti-heróis amarelos, estão presentes em narrativas orais e na literatura de folhetos (cordéis) muito antes do texto dramatúrgico de Ariano. Foi nessa literatura que ele foi beber… e se deu muito bem.

Leia também: “Ariano Suassuna no teatro da vida”: livro celebra a vida e a obra de Ariano Suassuna nos 10 anos de sua morte

Luiz – O que eu mais gostei de “Ariano Suassuna: no teatro da vida”, é que o livro não tenta esconder os lados controversos do escritor como, por exemplo, a participação de um conselho durante a ditadura militar. Conte um pouco sobre isso pra gente.

Anderson da Silva Almeida- Exato. Eu tenho uma certa experiência como leitor e produtor de textos sobre trajetórias de vida. No campo literário, sociológico e historiográfico há importantes reflexões teóricas sobre as diferenças entre formas distintas de se “escrever uma vida”. Só para mencionar dois autores muito citados e referenciados, deixo aqui como dica Pierre Bourdieu e François Dosse, cujas provocações levaram ao questionamento se as biografias serviriam apenas para fabricar heróis e heroínas, que não erram, que não tem defeitos, dúvidas, angústias e mudanças de rotas. As escolhas são sempre de quem pesquisa e escreve, principalmente quando não se trabalha com as amarras da “biografia autorizada”.

Particularmente só gosto de trabalhar com personagens que já se foram e jamais, jamais mesmo, aceitaria uma proposta de trabalho encomendado. É por esse motivo que você percebeu as controvérsias, as polêmicas, equívocos assumidos e o destaque para sujeitos antagônicos e contrapostos a Ariano, como é o caso de Jomard Muniz de Brito. A presença de Ariano no Conselho Federal de Cultura (CFC) no período da ditadura, que aparece nos textos de Lucas Arruda e de Dimas Veras, não é para levarmos Ariano a um imaginário tribunal da história, como pensam algumas pessoas.

Foi para mostrar que em muitos momentos, a chave binária de apoiadores versus resistentes; vítimas versus algozes, nem sempre explicam as mudanças de rota e exames de consciência que marcaram indivíduos, instituições e parcelas da sociedade brasileira durante aquele período obscuro da ditadura. Também participaram ativamente do Conselho Federal de Cultura (CFC), personagens como Gilberto Freyre, Raquel de Queiroz e João Guimarães Rosa.

Cada um deles ainda carece de uma atenção especial nos estudos sobre as relações entre intelectuais e regimes autoritários. Nesse sentido, as pesquisas sobre trajetórias de vida são necessárias e incontornáveis. Por fim, constata-se que o mesmo Ariano acolheu em sua residência amigos que eram perseguidos pelos militares golpistas. É aí que está, a meu ver, a riqueza de trabalharmos a partir da perspectiva das “múltiplas faces”.

Luiz – A sua obra ganhou diversas adaptações tanto pro teatro, tv e cinema. O Antonio Fagundes chegou a interpretar o Chicó e Os Trapalhões fizeram o Auto da Compadecida. O que ele achava dessas adaptações?

Anderson da Silva Almeida- A primeira produção cinematográfica, sob o título “A Compadecida”, com Regina Duarte, Antonio Fagundes e Armando Bogus foi de 1969, ou seja, já no período do Ato Institucional nº 5, o tristemente famoso AI-5. Sabe-se que houve reações de parte da Igreja Católica, que já tinham ocorrido também em relação à peça. Em linhas gerais, como católico convertido, já que sua formação inicial era de tradição Batista, Ariano se preocupava em dizer que o problema não era a Igreja enquanto instituição, mas sim os maus sacerdotes.

Essa era uma de suas preocupações, somada à inicial rejeição à Televisão como instrumento de comunicação de massa; o cuidado para que o roteiro não fosse totalmente desconfigurado; o problema de sotaques dos autores e atrizes para que não parecesse algo estereotipado e forçado e, claro, imagino, uma boa negociação sobre direitos autorais. Nada mais justo. Já as filmagens de “Os trapalhões no Auto da Compadecida” chegaram aos cinemas em 1987, ou seja, 18 anos depois da primeira, e, 13 anos depois, no ano 2000, o lançamento que arrebatou minha geração, com Matheus Nachtergaele, Denise Fraga, Marco Nanini, Paulo Goulart, Virgínia Cavendish, Diogo Vilela e Selton Melo, dentre outros.

Em várias entrevistas concedidas por Ariano, quando perguntado sobre as adaptações para a linguagem televisiva e/ou cinematográfica, havia sempre um ar de provocação no sentido de questionar se era Ariano que tinha mudado de opinião ou se a indústria do audiovisual, como cultura de massa, tinha feito concessões ao autor. Ele sorria e saía pela tangente afirmando que não existia contradição em suas posições, pois havia recusado várias propostas, dizendo que a televisão é que tinha mudado e que suas exigências foram atendidas, entre elas, a de não aceitar música com guitarra na trilha sonora e a questão do sotaque, já mencionada.

Ressalto que não foi apenas o Auto da Compadecida que foi adaptado para a TV. Obras como “O Santo e a Porca”; ”A Farsa da boa preguiça”; “Uma mulher vestida de sol”, e, “A pedra do reino”, também tiveram seus roteiros adaptados para a linguagem televisiva. Só para não deixar sem registro quem já defendia o Cinema nos embates entre o Movimento Armorial e a chamada Pernambucália (a Tropicália Recifense), deixo como dica o provocativo curta metragem de Jomard Muniz de Britto, sob o título “O palhaço degolado”, facilmente encontrado na internet. Vale muito a pena (risos).

Luiz – E o romance da Pedra do Reino…é o grande romance da vida de Ariano Suassuna?

Anderson da Silva Almeida- Essa pergunta é importante para separarmos as peças (dramaturgia), dos romances e dos poemas, o que mostra facetas distintas da produção de Ariano, sem tocarmos nas artes plásticas das iluminogravuras. Especificamente sobre o romance A Pedra do Reino, tenho em meu acervo uma edição de 1976 lançada inicialmente em 1971. Já na capa tem um excerto de Carlos Drummond de Andrade que diz o seguinte: “não é qualquer vida que gera obra desse calibre”.

Para Rachel de Queiroz (que também integrou o CFC na ditadura depois de ter apoiado o Golpe de 1964 e o governo ditatorial do general Castelo Branco), “A Pedra do Reino” não é apenas um romance, é “odisseia, poema, epopeia, sátira”. A escritora cearense realiza, a meu ver, a melhor descrição desta obra-prima armorial:

“este livro é o próprio Suassuna (…). Nas contradições do comportamento do herói maldito e grotesco estão as contradições do seu coração, a ambivalência dos seus sentimentos”. Tenho que concordar com a antiga trotskista.

Luiz – Para finalizar, qual você acha que é o legado de Suassuna para a cultura brasileira e mundial?

Anderson da Silva Almeida- No momento em que te respondo a esta última pergunta, mais de 3 milhões de pessoas já foram aos cinemas entre o final de 2024 e o início de 2025 pelo interesse em assistir “O Auto da Compadecida 2”. Embora o texto não seja de Ariano, vê-se claramente a preocupação dos roteiristas Guel Arraes, Adriana Falcão, João Falcão e Jorge Furtado em manter as principais características do texto, do ritmo, do enredo e do que seria a “essência” que caracterizou o movimento armorial, embora, em algumas críticas contrárias, a “aparência” não tenha agradado, mas isso fica para outra entrevista (risos).

Em 2024, o Centro de Estudios Brasileños da Universidade de Salamanca, na Espanha, o escolheu como principal homenageado no Congresso Internacional de Literatura. Em 2018, a Companhia de Teatro Barca dos Corações Partidos, do Rio de Janeiro, montou o espetáculo o “Auto do Reino do Sol”, em homenagem a ele, e foi um grande sucesso de público e de crítica. Citei esses rápidos exemplos para mostrar que o legado de Ariano está mais vivo do que nunca. Curiosamente, Ariano que era arredio a muitas tecnologias, é um sucesso com os “cortes” de suas aulas espetáculos que estão disponíveis na internet. Um dos vídeos tem mais de 7 milhões de visualizações, o que é de fazer inveja a qualquer ser vivo (risos). Mas… voltando ao legado do ponto de vista da literatura, da dramaturgia e das artes em geral, a originalidade de Ariano ainda não foi superada, mesmo que continue a ser contestada.

Minha suspeita é que em 2027, ano do centenário de nascimento de Ariano, teremos um bom termômetro para diagnosticarmos como sua obra aparecerá e se resistirá em tempos de desinteligências artificiais e persistências armoriais; dos sertões, aos manguezais. Estaremos atentos/as, como as parabólicas de Chico Sciense, que já apontavam para o futuro ancestral.

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