“Ninguém matou Suhura”, de Lília Momplé: um testemunho da recente história de Moçambique

Ninguém matou Suhura, de Lilia Momplé, é a primeira obra da autora moçambicana publicada no Brasil. A editora Funilaria proporciona o encontro com essa obra ficcional que constitui importante testemunho da recente história de Moçambique, propondo uma reflexão aguda do colonialismo português e seus desdobramentos sociais e históricos.

Obra fundamental da literatura pós-colonial moçambicana, Ninguém matou Suhura é um livro de contos composto de maneira atípica. Suas cinco narrativas podem ser lidas de modo independente, mas, ao mesmo tempo, estão interconectadas de forma temática, através da representação e da denúncia da violenta experiência colonial dos povos de Moçambique e Angola ao longo do século XX.

Apesar de muito conhecida e estudada nos cursos de literatura africana em expressão portuguesa das universidades brasileiras, este é o primeiro livro de Lília Momplé publicado no Brasil. A editora Funilaria também publicou Neighbours, da mesma autora.

A edição brasileira conta com o prefácio da escritora Cidinha da Silva, “Ninguém matou Suhura, da moçambicana Lília Momplé, é um livro de contos ao qual eu poderia imprimir muitos adjetivos, advérbios e superlativos: surpreendente, cativante, forte, corajoso, contundente, preciso, dissecador, belo, doloroso, desafiador, acachapante, sagaz, corrosivo, destemido”.

Para o professor Anselmo Alós, especialista em literatura moçambicana e na obra de Lília Momplé, que escreve o posfácio, “A beleza de seus contos é diametralmente proporcional à crueza da violência descrita ao longo das páginas de Ninguém matou Suhura”.

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Na nota de apresentação à edição brasileira, Momplé compartilha as motivações, as influências e as circunstâncias que a induziram a escrever e, mais especificamente, a escrever este livro. “Este meu primeiro livro “Ninguém matou Suhura” foi escrito só depois da Independência do meu país e é a realização de um sonho antigo ao mesmo tempo que me permitiu realizar uma verdadeira catarse, livrando-me de uma carga emocional que carreguei durante anos.”

Para cada conto há uma ilustração da artista visual, Òkun, que também é a responsável pela ilustração da capa.

Sobre a autora:

Lília Maria Clara Carrière Momplé nasceu em 1935, na Ilha de Moçambique, localizada ao norte do país, na província de Nampula. Estudou na cidade de Lourenço Marques, antiga capital colonial, que, após a independência moçambicana, em 1975, passa a se chamar Maputo e se torna a capital do país. Recebeu o Prêmio Caine para Escritores de África, com o conto “O baile de Celina” e o  I Prêmio de Novelística no Concurso Literário do Centenário de Maputo, por “Caniço”, ambos os contos presentes em Ninguém matou Suhura. Momplé é membro de honra da Associação dos Escritores Moçambicanos, na qual já foi presidenta. Sua obra encontra-se traduzida em inglês, francês e alemão e está representada em várias antologias moçambicanas e estrangeiras.

Autora: Lília Momplé

Ilustrações: Òkun

144 páginas

R$ 55,00

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