Almanaque, almôndega, alfândega, almofada, aldeia, alface, algema, algodão, alfaiate…Mas afinal, por que as palavras de origem árabe começam com “al”?
Enorme foi a contribuição dos árabes para o vocabulário português e espanhol durante sua permanência de sete séculos na Península Ibérica. O detalhe curioso é que esse al fixado no início das palavras era, na verdade, o artigo definido da língua árabe. “Alquimia”, por exemplo, quer dizer “a química”.
Na língua de origem, o al acompanha todo e qualquer substantivo, não importa se masculino ou feminino, singular ou plural. Além disso, vem sempre colado à palavra a que se refere – não é possível inserir entre ele e o substantivo qualquer outro vocábulo, como fazemos em nosso idioma: o teu livro, o único livro etc.
Leia também: “Ode à errância”: a poesia de Adonis, o maior poeta vivo de língua árabe
Outro fato marcante é que esse artigo aparece também em palavras da língua portuguesa que não começam com al. Isso porque sua segunda letra, o “l”, pode ser alterada para que seu som se harmonize com a consoante a seguir. Foi assim que ar-ruzz virou “arroz” e az-zayt, “azeite”.
Tudo isso reforça, para quem ouve, a ideia de que o artigo faz parte da palavra. E nós acabamos assimilando isso e juntando com os nossos artigos. Por isso ninguém fala “o godão” ou “a zeitona”. Da mesma forma, por isso o livro sagrado do Islã pode ser chamado de “Alcorão” ou “Corão”.
Via: Super Interessante