“Deadpool & Wolverine”(2024): filme abre as portas para os Mutantes

Estreia de Deadpool na MCU e o retorno (da tumba?) de Wolverine entregam com nostalgia a redenção plausível do falastrão anti-herói sanguinário e uma nova chance “de Logan ralar até os 90 anos”.

Antes de qualquer coisa, dois avisos: primeiro, você que estava ansioso para este lançamento e que não é bobo nem nada, obviamente sabe onde está se metendo. Ou seja, cerveja. Importante ter uma noção prévia do mercado cinematográfico antes de assistir a este filme para que você possa pegar todas as referências mais estapafúrdias que são colocadas por segundo e rir apropriadamente. A Marvel passou a ter direitos sobre os mutantes em 2019, quando a Disney comprou a Fox em um contrato bilionário. Estamos vendo os frutos desta compra desde então, e existem, assim como o multiverso, infinitas possibilidades de histórias que já foram contadas voltarem como variantes.

Segundo, assim como todo produto da MCU, é aconselhável se abastecer de todos os antecedentes para a imersão completa, neste caso aqui – os filmes do “X-Men”, “Logan”, “Vingadores: Guerra infinita”, “Vingadores: Ultimato” e o mais importante a meu ver, a série “Loki”. O bom de se tratar de um filme do Deadpool é que ele mesmo debocha ao máximo de todos esses fatos, tanto da venda da Fox quanto das questões de Multiverso. Ele não vai te deixar sozinho nessa, fica calmo, por isso as 2h de filme passam em um piscar de olhos. Todo mínimo detalhe será explorado e todo easter egg será usado, fique atento. Algo que temos que agradecer aos roteiristas sempre afiados de Deadpool, mais ainda ao Ryan Reynalds.

que cena, amigos!

Comecemos, não é novidade essa dinâmica de personagem falastrão vs personagem mal-humorado, mas ainda que seja batido, foi a melhor combinação possível a que tivemos aqui. O maior medo dos fãs quando “Deadpool 3” foi anunciado era estragar o fim honrado de Logan e seu legado que se iniciou em “X-men: O filme” (2000). Ou seja, uma era de 17 anos, baita responsabilidade. Já acalmo seus corações, nerdolas ansiosos: não tem como “Deadpool 3” estragar nosso Logan e vou deixar aqui as palavras do diretor de Logan, James Mangold: “Está tudo bem! LOGAN sempre estará lá. Multiverso ou prelúdio, viagem no tempo ou buraco de minhoca, cânone ou fora do cânone, ou mesmo sem explicação, mal posso esperar para ver que loucura meus queridos amigos Ryan Reynolds e Hugh Jackman estão preparando!”.

Além disso, Hugh Jackman disse em entrevista que nunca esteve tão feliz e tão orgulhoso de um filme do Wolverine. Pois então, confiemos, bravos fãs!

Leia também: “Logan – A jornada do herói contra si mesmo [análise com spoiler]”

Dito tudo isto, “Deadpool e Wolverine” sem dúvidas é o filme do ano da Marvel. E ele começa logo após os eventos de “Deadpool 2”, onde Wade não está namorando mais Vanessa e é um impaciente vendedor de carros. Quando agentes da AVT (devidamente apresentados na séria Loki) batem à sua porta e aí o filme rola.

Wade de aplique capilar (?) como vendedor e seu Peter

O filme já se inicia a La Deadpool, com muita quebra de quarta parede, piadas metalinguísticas, comentários ardilosos, violência arbitrária e até necrofilia. Não se pode esperar menos do nosso lendário e cancelável Deadpool.

O terceiro filme da franquia Deadpool é uma grande introdução ao que podemos esperar daqui para frente, temos tudo que um filme de herói tem que ter, batalhas e mais batalhas em slow motion, batalhas e mais batalhas entre os dois, até porque esses dois tem muito a  atritar. Logan que só solta grunhido e Wade que não cala a boca um segundo. Uma trilha sonora incapaz de se colocar defeitos, [INÍCIO SPOILER] afinal – cena final com música da Madonna,né mores (interrogação). Com direito a Goo Goo Dolls, Cher, A-ha. Celine Dion, George Michael, Nsync… Sim. [FIM DO SPOILER]

Por vários momentos pode parecer too much, ou desnecessária tanta história para o uma premissa simples e descomplicada. Mas eu vi como essencial e o esperado para o serviço dos fãs. Sem dúvidas é o filme mais engraçado desse fanfarrão desbocado, deprimente, com tendencias suicidas e alta dose de ofensa gratuita. Assim como o filme com maior número de participações especiais que vai fazer os fãs berrarem na sala de cinema. Vai por mim, você vai berrar.

chocados?

Agora aqui início os spoilers, caros friends. Volte aqui quando já tiver assistido ao filme.

Estamos na Terra 1005, Wade é sequestrado pela AVT para ouvir uma proposta indecorosa de Mr. Paradox, responsável por esse distrito da AVT que estava criando um dispositivo para extinguir a linha temporal e por consequência todo o mundo que Wade conhece e ama porque a âncora deste mundo morreu de forma honrosa, Quem? Quem? Quem? Exato. Por isso, Wade não aceita a proposta de abandonar sua Terra e se tornar parte da linha temporal sagrada e parte na missão de encontrar um Wolverine para substituir no seu mundo. Simples assim. Nessa busca, nos deparamos com as versões mais bizarras, engraçadas, medonhas e inimagináveis de Logan.

Quando ele encontra um Logan para chamar de seu ele volta a AVT como se tivesse tido a ideia mais estupenda do mundo (é assim que funciona a cabeça de um anti-herói) e então, papo vai e vem, Mr. Paradox poda os dois para o vazio (detalhe importante – aqui estamos nos eventos pós Loki então não seria “correto” a poda).

Os dois se veem no Vazio (um vazio bem MadMax como o próprio Wade comenta) e aqui começa a primeira de inúmeras lutas entre esses dois até que temos a aparição de ninguém mais ninguém menos que: Chris Evans!!!! Enganando a todos (inclusive Wade) acreditando que era uma variante do Capitão América. Quando ele se revela como Tocha Humana. SIM. SIM. Mais um momento de gritaria na sala porque aqui esse filme mostrou para que veio. Wade não poderia passar batido e solta um: você sabe que é por causa dele que o filme estourou o orçamento, né?

Por fim, sem mais delongas, Deadpool trata um caminho de redenção, mas sem ser piegas e sem desonrar seu fracassado, porém glorioso passado sanguinário. 

A estreia de Deadpool no MCU, retorno de Wolverine da tumba (interrogação) e as muitas participações especiais são além de uma baita homenagem, um fim (palavra utilizada pela própria Elektra) bem-merecido às adaptações da Marvel produzidas pela Fox.

Veja o trailer abaixo:

Related posts

Novela de Thomas Mann: o fascismo é capaz de hipnotizar?

Estação NET Rio fará mostra  “Divas – As Musas da Era de Ouro de Hollywood”

Ambição, Poder e Destino: Anakin Skywalker, o Macbeth de Star Wars?