Conheçam King Kong Fran, de Rafaela Azevedo e Pedro Bricio, que foi publicado pela Editora Cobogó. Talvez você já tenha escutado este nome em algum lugar por aí e sim, você está com razão. King Kong Fran é uma dramaturgia que ficou em cartaz por alguns bons meses no ano de 2023 e foi sucesso de público e das redes sociais.
Também, não é para menos. A peça discute a rotina de machismo vivenciada por nós, mulheres, através de um discurso cômico, irônico e que inverte a lógica do patriarcado. O texto é tão bom que enquanto eu lia eu me sentia na plateia, conseguia enxergar a atriz em cima do palco e sentindo tudo ali com ela.
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Eu diria que King Kong Fran é uma mistura de um humor escrachado com uma crítica social muito bem estruturada, o que faz com que a peça seja divertida e inteligente. E eu achei muito inteligente, porque o texto não se propõe a discutir de maneira acadêmica e, ainda assim, eu tenho certeza de que é necessária mais de uma leitura para conseguir capturar cada referência que a Rafaela Azevedo e o Pedro Brício colocaram ali.
Eu não julgo a indiscrição, porque a gente tenta, há tanto tempo, reverter as ideias de maior senso comum do machismo e, apesar de muitas vitórias, tem tantas coisas que permanecem iguais. Por exemplo, tem tanta atriz linda, talentosa e com corpos dentro do padrão estético mais comum e que, ainda assim, sofrem muitas crítica no dia a dia. Elas, pelo menos elas, eu achei que a gente teria superado. Mas não, não foi superado. E tem um montão de homem com sérios problemas de auto estima, para não falar outra coisa, que se sentem no direito de emitir uma opinião merda e não solicitada sobre… nossos corpos.
Eu vejo, com o passar do tempo, que eu realmente vivo numa bolha, porque apesar de a gente ter tantos assuntos claros na nossa cabeça, alguns até superados, como já comentei aqui, que a gente se esquece que o mundo é gigantesco e tem muita gente que nem começou um processo de transformação ou que não quer esse processo de transformação e, o pior de todos, quem lucra, lá no topo da pirâmide, investindo para que esse processo jamais aconteça. Por isso que obras como King Kong Fran são tão importantes.
A gente precisa escancarar, frequentemente, o tanto de constrangimento que a gente passa por aí; a objetificação, a violência, o assédio, o silenciamento e a pressão estética que é naturalizada desde o nosso nascer. E sozinha é muito difícil, por isso que venho aqui para amplificar a voz de outra mulher que tem feito esse papel brilhantemente.
Além do texto da peça na íntegra, este livro conta ainda com textos de Viviane Mosé, Maria Ribeiro e Letrux. Aliás, a Direção Musical da peça é da Letrux.
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