Violeta: uma novela — o terceiro livro da série “A História dos Ossos”, de Alberto Martins, iniciada em 2005 — mescla, de forma inventiva, registro factual, negativos fotográficos e fabulação poética. Em suas páginas, um narrador contemporâneo se desloca por Santos e seus canais na tentativa de recompor a juventude desconhecida de seu pai, atravessando um emaranhado de tempos e lugares que, ao fim, fazem aflorar um sinistro espelhamento entre os anos de 1946 e 1964, que ainda ecoa no presente.
![](https://jornalnota.com.br/wp-content/uploads/2023/05/image-14.png)
Na história, um grupo de teatro amador tenta montar uma peça do poeta russo Vladímir Maiakóvski na zona portuária de Santos, na década de 1940. Aquilo que poderia ser tão só a aventura de um punhado de jovens movidos pelo desejo de experimentação acaba por se tornar o acontecimento decisivo de suas vidas. Relato lírico, geográfico e político, Violeta propõe ao leitor uma investigação que, ao entremear realidade e ficção, expande um lugar até o limite de suas possibilidades.
Leia também: Tchekhov, Maiakóvski e gênios da literatura em incríveis e inéditas cores
Na orelha do livro, Sofia Nestrovski comenta que “Violeta é um livro em dois tempos. Para ela:
“Passa-se, num primeiro plano, nos dias de hoje, narrado por um sujeito que resolve escrever sobre o passado do próprio pai. A partir de recortes de jornal e relatos de quem o conheceu, ele procura entender como teria sido a vida pregressa desse pai. A princípio, o autor parece estar montando um quebra-cabeça, como se pudesse chegar a uma solução para a pergunta sobre quem o pai foi. Mas logo se percebe que este é um quebra-cabeça que não se monta, uma pergunta que não se resolve. As peças vão se amontoando: servem para criar algo novo”, comenta.
Ao mesmo tempo, porém, Violeta também tem duas vozes:
“No segundo plano — segundo tempo — vemos o que é essa criação. Estamos em 1946, e quem narra agora é o pai do primeiro narrador. Ou quase isso: quem fala é uma voz inventada. Foi o narrador da primeira parte que a construiu, alimentado por fatos, desejos e memórias. E o que acompanhamos é um filho que busca o pai e o cria nesse mesmo ato”, completa.
Violeta é o terceiro livro de uma série de novelas de Alberto Martins, que podem ser lidas de modo independente. São três histórias — com História dos ossos (2005) e Lívia e o cemitério africano (2013) — de uma mesma família e da cidade de Santos. Seus personagens são artistas, falsificadores, copistas. Gente que vive num determinado momento, numa determinada cidade, buscando experimentar em que medida a vida se cola ou não no mundo. E em que medida a vida pode ser um modo de invenção.
Compre o livro aqui!
Sobre o autor:
Escritor e artista plástico, Alberto Martins nasceu em Santos, SP, 1958. Formou-se em Letras na USP em 1981, e nesse mesmo ano iniciou sua prática de gravura na ECA-USP. Como escritor publicou, entre outros, os livros Poemas (1990); Goeldi: história de horizonte (1995), que recebeu o Prêmio Jabuti; A floresta e o estrangeiro (2000); Cais (2002); A história dos ossos (2005), segundo lugar no Prêmio Portugal Telecom de Literatura; A história de Biruta (2008); a peça Uma noite em cinco atos (2009); Em trânsito (2010), menção honrosa no Prêmio Moacyr Scliar de Literatura 2011; e Lívia e o cemitério africano (2013), Prêmio APCA de Melhor Romance do Ano. Violeta: uma novela compõe uma série com A história dos ossos e Lívia e o cemitério africano .
Ficha Técnica:
Alberto Martins
Violeta: uma novela
Coleção Nova Prosa
144 p.
12 x 21 cm
168 g.
ISBN 978-65-5525-145-6
R$ 48,00