Há dez anos, um grupo formado por artistas e filósofos se reuniu para estudar a “Odisseia”, de Homero, um dos principais poemas épicos da Grécia Antiga. O intuito era montar uma peça que contasse a trajetória do herói Ulisses. Depois de um ano de encontros, a ideia inicial não foi adiante. Mas a atriz Raquel Karro se debruçou sobre a personagem de Penélope – mulher de Ulisses, que aguarda por vinte anos o seu retorno da Guerra de Tróia – e seguiu investigando seus desdobramentos ao longo da história.
A partir de extensa pesquisa desenvolvida junto ao programa de mestrado em Artes da Cena da UFRJ, sob a orientação de Eleonora Fabião, e de sua dissertação intitulada “Penelopéia: quando uma atriz encontra a performance e outras histórias”, Raquel criou o seu primeiro espetáculo solo: “Penelopéia – Uma palestra-dançada”.
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A “Odisseia”, de Homero, é o ponto de partida. Penélope, o tema. “Penelopéia – Uma palestra-dançada” questiona os porquês de um dos retratos mais antigos da mulher na literatura ocidental ser associado ao “esperar” e propõe inverter a questão: “O que se espera de Penélope?” Em paralelo, a performer busca investigar o que de Penélope há em si, em nós. Esse nó que amarra, que aperta os nós emaranhados das subjetividades das mulheres de sua família:
O que continuam a esperar? Olhar para isso poderia afrouxar um pouco a corda? Enquanto inverte a equação: E se esperássemos por Penélope? Aquela que tanto esperou?
Ao longo do processo de criação, a atriz viu se diluírem os primeiros impulsos, nos quais imperava o desejo de denúncia, e buscou dar voz ao que de Penélope se desenha no rastro da história. Sua “coleção de Penélopes”, agora não só da Odisseia, foi crescendo, se revelando e se confirmando na observação de um feminino exacerbado, idealizado, associado ao nome Penélope. “Quem é Penélope através dos séculos? O que aconteceu com essa mulher nobre, temperada, fiel e casta? O que fica no rastro da história?”, questiona Raquel, que evoca no projeto as “Penélopes” atuais. “Quem são as mulheres com o nome Penélope hoje em dia, e por que elas se chamam assim? Flertando com o tema da espera, olho também para as mulheres da minha família, sempre esperando por algo: que a velhice chegue, que os filhos fiquem bem, que o marido chegue.”
“Talvez esse trabalho faça parte de um processo que busca ficar em paz com Penélope. Lá no começo buscava arrancar o que há de Penélope em mim, porque talvez eu tenha compreendido errado a personagem. E minha compreensão errada me fez responsabilizá-la. Essa é uma das camadas do espetáculo.”
Além do solo “Penelopéia – Uma palestra-dançada”, Raquel Karro é uma das protagonistas da minissérie “Todo dia a mesma coisa – O incêndio da Boate Kiss”, que está em exibição na Netflix; e está na novela “Amor perfeito”, nova trama das seis da Rede Globo.
SOBRE RAQUEL KARRO
Atriz, diretora e coreógrafa. É Mestra em Artes da Cena pela UFRJ, formada em dança pela Faculdade Angel Viana e em circo pela Escola Nacional do Rio de Janeiro. Sua trajetória é marcada pelos atravessamentos nas artes da cena.
FICHA TÉCNICA
Performance, dramaturgia e concepção: Raquel Karro
Arquitetura da cena: Maria Palmeiro
Desenho de luz e técnicas de cena: Ricardo Vivian
Figurinos: Mel Akerman
Assistência de direção: Adassa Martins
Atriz stand in: Marília Nunes
Interlocução artística e apoio a criação: Renato Linhares
Interlocução artística e orientação no mestrado em Artes da Cena UFRJ: Eleonora Fabião
Projeto gráfico: Radiográfico
Fotografia e registro audiovisual: Thaís Grechi
Registro fotográfico (projeções): Sandra Reinflet
Vídeo performance (barcas): Tatiana Devos Gentille
Assessoria de imprensa: Paula Catunda
Produção e administração: Quintal Produções
Coordenação geral de produção: Verônica Prates
Coordenação artística: Valencia Losada
Produção executiva: Thiago Miyamoto
Assistente de produção: Ellen Miranda
Interlocução na pesquisa cênica: Caio Riscado, Felipe Ribeiro, Luisa Buarque, Patrick Pessoa, Adassa Martins, Luisa Espíndula, Thierry Trémouroux, Maria Palmeiro, Olívia Ferreira.
SERVIÇO
Espetáculo: “Penelopéia – Uma palestra dançada”
Temporada: de 06 a 30 de abril de 2023.
Local: Sesc Copacabana – Sala Multiuso.
Dias e horário: De quinta a domingo, às 19h.
Ingressos: R$ 7,50 (associados do Sesc) |R$ 15,00 (meia entrada)
R$ 30,00 (inteira)
Endereço: Rua Domingos Ferreira, 160 – Copacabana
Informações: 21 2547 0156
Horários da bilheteria: De terça a sexta-feira, das 9h às 20h.
Sábado e domingo, das 14h às 20h.
Classificação: 14 anos.
Duração: 70 min.
Capacidade: 60 lugares
Nas redes
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