Encontrar o passado. Essa é a missão do personagem do livro Barba Ensopada de Sangue, de Daniel Galera e, para chegar até ele, Galera faz uma viagens repleta de frases incríveis. Mas, neste quarto romance de Daniel Galera, um professor de educação física busca refúgio em Garopaba, um pequeno balneário de Santa Catarina, após a morte do pai. O protagonista (cujo nome não conhecemos) se afasta da relação conturbada com os outros membros da família e mergulha em um isolamento geográfico e psicológico.
Confira as melhores frases de Barba Ensopada de Sangue, de Daniel Galera aqui:
“A vida não é pra amador”
“Dizem que a vida vista de perto é mais fascinante. Mergulhar nas coisas. Comigo é sempre o contrário. Tudo visto de perto é tão banal. Acho que eu sou meio doente.”
“Há apenas dois lugares possíveis para uma pessoa. A família é um deles. O outro é o mundo inteiro.”
“Tu pode deixar pra trás um filho, um irmão, um pai, com certeza uma mulher, há circunstâncias em que tudo isso é justificável, mas não tem o direito de deixar pra trás um cachorro depois de cuidar dele por um certo tempo, disse‑lhe uma vez quando ainda era criança (…).
Os cachorros abdicam pra sempre de parte do instinto pra viver com as pessoas e nunca mais podem recuperá‑lo por completo. Um cachorro fiel é um animal aleijado. É um pacto que não pode ser desfeito por nós. O cachorro pode desfazê‑lo, embora seja raro. Mas o homem não tem esse direito, dizia o pai.”
“Como é triste falar sobre as coisas, tentar se explicar, tentar se expressar. É só dar nome às coisas que elas morrem. Será que ele entendia? (…)
Ele diz que não perdoa mas entende e está tudo bem, que ela saberá onde encontrá-lo se quiser e que espera que ela seja muito feliz.
“Elas têm ossos como patas nas nadadeiras. Mãos e dedos. Fico pensando se esse hábito de migrar pra cá e ficar na beira da praia não tem a ver com uma nostalgia do passado. Da ancestralidade terrestre. Imaginava uma baleia ali no rasinho, quase na praia. O que será que ela sente? Pode ser que veja a fronteira de um outro mundo remoto e mortífero, tão ameaçador quanto o mar é pra gente. Mas pode ser que seja como voltar pra casa.
Como voltar pro útero da mãe. Uma coisa tentadora. Vai ver que é por isso que elas encalhem sem motivo aparente. Porque o mar não tem limites. O terror do oceano tá nisso. É o útero ao contrário. Acho que as baleias vivem esse terror.”
“Tudo visto de perto é tão banal.”
“Já duvidei da minha imagem no espelho, o velho diz, mas é a primeira vez que minha imagem duvida dela mesma.”
“Há apenas dois lugares possíveis para uma pessoa. A família é um deles. O outro é o mundo inteiro. Às vezes não é fácil saber em qual dos dois estamos.”
“Sendo a beleza fugaz, aprendeu a vê-la em toda parte.”
“O repertório de carícias de uma pessoa é uma coisa comovente de se pensar. Por que toca nas outras dessa ou daquela maneira. Vem de tantos lugares. O que imaginamos que deve ser bom, o que nos disseram que era bom, o que fizeram em nós e gostamos, o que é involuntário, o que é nosso jeito de agradar e pronto.”
“O corpo é sua própria capsula do tempo e sua viagem é sempre um pouco pública, por mais que a tentemos esconder ou maquiar.”
“Persuadir uma pessoa a não seguir o coração é obsceno, a persuasão é uma coisa obscena, a gente sabe do que precisa e ninguém pode nos aconselhar. O que eu vou fazer está decidido há muito tempo, antes de eu próprio ter a ideia”.
“O corpo é sua própria cápsula do tempo e sua viagem é sempre um pouco pública, por mais que a tentemos esconder ou maquiar.”
Fonte:
https://www.universodosleitores.com/2015/03/barba-ensopada-de-sangue-de-daniel.html