A professora universitária Michelle Murta, de 40 anos, tornou-se a primeira pessoa surda da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) a conquistar o título de doutora. Em janeiro deste ano, ela apresentou sua tese de doutorado em Libras (Língua Brasileira de Sinais) para uma plateia virtual com mais de 100 pessoas entre ouvintes e surdos. Para isso, contou com três intérpretes que se revezaram para traduzir a sua fala. A tese foi aprovada com louvor pela banca.
Mas a conquista atual vem acompanhada por uma história de superação de obstáculos. Durante o ensino escolar, Michele lidou com muitas barreiras pela falta de inclusão, visto que não contou com intérprete ou apoio pedagógico. Sem assistência especializada, demorou a perceber que não conseguia distinguir determinadas palavras. No ensino fundamental, foi reprovada 5 vezes e só na faculdade teve atendimento em Libras.
Para realizar o sonho de ser professora, ela saiu de casa aos 14 anos e concluiu os estudos na Educação de Jovens e Adultos, aos 23 anos, em Belo Horizonte. Em seguida, passou no vestibular de Letras/Libras da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Em 2016, foi aprovada em concurso público e tornou-se a primeira professora surda da UFMG.
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“Tomei posse como professora efetiva na UFMG. Sabe aquele sonho de criança? O meu foi realizado. Eu sempre desejei estudar ali e, quem sabe, trabalhar. E veja que realizei os dois. Ai que maravilha tudo isso”, comemorou.
A professora também desenvolve o Projeto Mãos Literárias, fundado há cerca de 3 anos pela universidade. O projeto reconta histórias, poesias, piadas e lendas em Libras.
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