Pablo Neruda é um dos maiores poetas latino-americanas e suas poesias estão entre as melhores do mundo. Principalmente os seus poemas de amor! O poeta é filho de um ferroviário com uma professora, e ele teve um início de vida trágico tendo logo cedo ficado órfão de mãe. Com uma vocação literária inegável, quando ainda estava na escola já publicava os seus poemas em um jornalzinho local.
Nascido em 14 de julho de 1904, o chileno Ricardo Eliécer Neftali Reyes escolheu o pseudônimo Pablo Neruda para ingressar no universo da literatura. Além de escritor, Ricardo foi também diplomata e representou o seu país como cônsul-geral em vários consulados como no Siri Lanka, no México, na Espanha e em Singapura.
Conciliando as tarefas de funcionário público com a paixão pela poesia, Neruda nunca deixou de escrever. Sua produção literária é tão importante que o poeta chegou a receber uma série de prêmios, entre eles o mais importante foi o Prêmio Nobel em 1971.
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O NotaTerapia separou os 10 melhores poemas de amor do poeta. Confira:
Sempre
Antes de mim
Não tenho ciúmes.
Vem com um homem
às tuas costas,
vem com cem homens entre os teus cabelos,
vem com mil homens entre teu peito e teus pés,
vem como um rio
cheio de afogados
que encontra o mar furioso,
a espuma eterna, o tempo!
Traz todos eles
para onde eu te espero:
sempre estaremos sós,
sempre seremos tu e eu
sozinhos sobre a terra
para começar a vida!
A noite na ilha
Dormi contigo a noite inteira junto do mar, na ilha.
Selvagem e doce eras entre o prazer e o sono,
entre o fogo e a água.
Talvez bem tarde nossos
sonos se uniram na altura ou no fundo,
em cima como ramos que um mesmo vento move,
embaixo como raízes vermelhas que se tocam.
Talvez teu sono se separou do meu e pelo mar escuro
me procurava como antes, quando nem existias,
quando sem te enxergar naveguei a teu lado
e teus olhos buscavam o que agora – pão,
vinho, amor e cólera – te dou, cheias as mãos,
porque tu és a taça que só esperava
os dons da minha vida.
Dormi junto contigo a noite inteira,
enquanto a escura terra gira com vivos e com mortos,
de repente desperto e no meio da sombra meu braço
rodeava tua cintura.
Nem a noite nem o sonho puderam separar-nos.
Dormi contigo, amor, despertei, e tua boca
saída de teu sono me deu o sabor da terra,
de água-marinha, de algas, de tua íntima vida,
e recebi teu beijo molhado pela aurora
como se me chegasse do mar que nos rodeia.
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O Sonho
Andando pelas areias
decidi te deixar.
Pisava um barro escuro
que tremia,
me atolando e saindo
decidi que saíras
de mim, que me pesavas
como pedra cortante,
preparei tua perda
passo a passo:
cortar tuas raízes,
soltar-te só no vento.
Ai, nesse minuto,
coração meu, um sonho
com asas terríveis
te cobria.
Te sentias tragada pelo barro,
e me chamavas, mas não te acudia,
tu ias imóvel,
sem te defender
até que te afogavas na boca da areia.
Depois
minha decisão encontrou teu sonho,
de dentro da rotura
que partia nossa alma,
surgimos limpos outra vez, desnudos,
nos amando,
sem sonho, sem areia, completos e radiantes,
selados pelo fogo.
Soneto LXVI
Não te quero senão porque te quero
e de querer-te a não querer-te chego
e de esperar-te quando não te espero
passa meu coração do frio ao fogo.
Quero-te apenas porque a ti eu quero,
a ti odeio sem fim e, odiando-te, te suplico,
e a medida do meu amor viajante
é não ver-te e amar-te como um cego.
Consumirá talvez a luz de Janeiro,
o seu raio cruel, meu coração inteiro,
roubando-me a chave do sossego.
Nesta história apenas eu morro
e morrerei de amor porque te quero,
porque te quero, amor, a sangue e fogo.
Te amo
Te amo de uma maneira inexplicável,
de uma forma inconfessável,
de um modo contraditório.
Te amo, com meus estados de ânimo que são muitos
e mudar de humor continuadamente
pelo que você já sabe
o tempo,
a vida,
a morte.
Te amo, com o mundo que não entendo
com as pessoas que não compreendem
com a ambivalência de minha alma
com a incoerência dos meus atos
com a fatalidade do destino
com a conspiração do desejo
com a ambigüidade dos fatos
ainda quando digo que não te amo, te amo
até quando te engano, não te engano
no fundo levo a cabo um plano
para amar-te melhor
Soneto LXVI
Não te quero senão porque te quero
e de querer-te a não querer-te chego
e de esperar-te quando não te espero
passa meu coração do frio ao fogo.
Quero-te apenas porque a ti eu quero,
a ti odeio sem fim e, odiando-te, te suplico,
e a medida do meu amor viajante
é não ver-te e amar-te como um cego.
Consumirá talvez a luz de Janeiro,
o seu raio cruel, meu coração inteiro,
roubando-me a chave do sossego.
Nesta história apenas eu morro
e morrerei de amor porque te quero,
porque te quero, amor, a sangue e fogo.
7. O monte e o rio
Na minha pátria tem um monte.
Na minha pátria tem um rio.
Vem comigo.
A noite sobe ao monte.
A fome desce ao rio.
Vem comigo.
E quem são os que sofrem?
Não sei, porém são meus.
Vem comigo.
Não sei, porém me chamam
e nem dizem: “Sofremos”
Vem comigo
E me dizem:
“Teu povo,
teu povo abandonado
entre o monte e o rio,
com dores e com fome,
não quer lutar sozinho,
te está esperando, amigo.”
Ó tu, a quem eu amo,
pequena, grão vermelho
de trigo,
a luta será dura,
a vida será dura,
mas tu virás comigo
8. O inseto
Das tuas ancas aos teus pés
quero fazer uma longa viagem.
Sou menor do que um insecto.
Vou por estas colinas,
que têm a cor da aveia,
e sinais pequeninos
que somente eu conheço,
centímetros queimados,
pálidas perspectivas.Há aqui uma montanha.
Dela nunca hei de sair.
Ó que musgo gigante!
Uma cratera, rosa
de fogo umedecido!
Por tuas pernas desço
tecendo uma espiral
ou dormindo na viagem
e chego a teus joelhos
de redonda dureza
como as alturas duras
de um claro continente.Para teus pés resvalo
entre as oito aberturas
de teus dedos agudos,
lentos, peninsulares,
e deles na amplidão
do nosso lençol branco
caio, querendo cego,
faminto teu contorno
de vasilha escaldante!
Teus pés
Quando não posso contemplar teu rosto,
contemplo os teus pés.
Teus pés de osso arqueado,
teus pequenos pés duros.
Eu sei que te sustentam
e que teu doce peso
sobre eles se ergue.
Tua cintura e teus seios,
a duplicada purpura
dos teus mamilos,
a caixa dos teus olhos
que há pouco levantaram voo,
a larga boca de fruta,
tua rubra cabeleira,
pequena torre minha.
Mas se amo os teus pés
é só porque andaram
sobre a terra e sobre
o vento e sobre a água,
até me encontrarem.
Cem Sonetos de Amor, extrato I
Matilde, nome de planta ou pedra ou vinho,
do que nasce da terra e dura,
palavra em cujo crescimento amanhece,
em cujo estio rebenta a luz dos limões.
Nesse nome correm navios de madeira
rodeados por enxames de fogo azul-marinho,
e essas letras são a água de um rio
que em meu coração calcinado desemboca.
Oh nome descoberto sob uma trepadeira
como a porta de um túnel desconhecido
que comunica com a fragrância do mundo!
Oh invade-me com tua boca abrasadora,
indaga-me, se queres, com teus olhos noturnos,
mas em teu nome deixa-me navegar e dormir.
E aí, o que achou dos poemas de amor de Pablo Neruda?
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