O machismo na arte não é algo passível de debate: é um fato. Sendo a sociedade estruturada pela lógica patriarcal, a arte acaba por refletir e espelhar o modelo da sociedade como um todo. Justamente por isso, e por compor um espaço de imaginação, a arte é um dos lugares privilegiados para fazer a gente pensar sobre essas questões.
Um caso que está levantando polêmica na Itália é a de uma estátua de uma mulher seminua. A escultura feita por Emanuele Stifano faz referência ao poema La Spigolatrice di Sapri (O Respigador de Sapri), escrito pelo poeta Luigi Mercantini, em 1857. Os versos são baseados na história de fracasso de uma expedição de Carlo Pisacane contra o Reino de Nápoles. No poema, Pisacane se apaixona pela mulher retratada na peça esculpida em bronze. A pergunta feita é: por que ela está semi-nua?
A obra foi inaugurada no sábado, em Sapri, na província de Salerno, e retrata uma mulher vestida com um vestido transparente. O ex-primeiro-ministro Giuseppe Conte participou da cerimônia. Como destacou matéria do Globo, foi uma deputada de centro esquerda é que chamou atenção para o machismo da imagem:
— A estátua recém-inaugurada em Sapri e dedicada a Spigolatrice é uma ofensa às mulheres e à história que deveria celebrar. Mas como as instituições podem aceitar a representação das mulheres como um corpo sexualizado? O machismo é um dos males da Itália.
Um grupo de mulheres do Partido Democrata em Palermo publicou nota e pediu que a estátua fosse derrubada, como destacou matéria do The Guardian:
“Mais uma vez, temos que sofrer a humilhação de nos ver representados na forma de um corpo sexualizado, desprovido de alma e sem qualquer ligação com as questões sociais e políticas da história”, diz o texto.
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