Algumas coisas simplesmente não podem ser mais toleradas, como o racismo estrutural que permeia nossa sociedade e perpetuam resquícios da escravatura ainda hoje. Um desses exemplos está na adaptação para crianças de uma obra sobre Luiz Gama, um dos maiores abolicionistas do Brasil.
Na última semana, o assunto ganhou as redes sociais e teve resposta imediata da editora Companhia das Letras. Na verdade, foi a Companhia das Letrinhas, selo infantil da editora, que anunciou que vai tirar das livrarias a obra infantil “Abecê da Liberdade”, dos escritores José Roberto Torero e Marcus Aurelius Pimenta, pela forma com que o livro retrata crianças negras.
A atitude correta da editora em rever seu erro e tentar repará-lo deve ser reconhecido, assim como é preciso utilizar o caso para reflexão e conscientização. O livro sobre Luiz Gama possuía, por exemplo, um trecho com uma cena ilustrada de crianças brincando de “Escravos de Jó” dentro de um navio negreiro.
Em nota publicada nas redes sociais, a editora diz que a obra está sendo reavaliada, mas afirma que decidiu tirá-la de circulação imediatamente por ter considerado a crítica que recebeu como “correta e oportuna”, como revelou o Jornal o Globo.
“Lamentamos profundamente que esse ou qualquer conteúdo publicado pela editora tenha causado dor e/ou constrangimento aos leitores ou leitoras. Assumimos nossa falha no processo de reimpressão do livro, que foi feito automaticamente e sem uma releitura interna, e estamos em conversa com os autores para a necessária e ampla revisão”, disse a empresa no comunicado.
Os editores explicam que a obra, datada de 2015, foi produzida originalmente por um selo da editora Objetiva, que depois foi comprada pela Companhia das Letras, tendo ficado sem a revisão apropriada.
“Reconhecemos nosso erro e pedimos, mais uma vez, desculpas aos leitores” afirma a nota.
Para finalizar, a editora diz que segue critérios de “pluralidade e inclusão” em seu catálogo e diz que esta edição do livro não será mais distribuída.