[Postado por Artsy]
Artista mexicana e ícone cultural, Frida Kahlo é uma das mais conhecidas artistas surrealistas no mundo, mas outras mulheres ao redor do globo produziram obras de arte com a temática das profundezas dos sonhos e do inconsciente. Como notou a historiadora de arte Whitney Chadwick, “o legado do Surrealismo incluiu um modelo de práticas criativas que encorajou muitas mulheres a se adaptarem aos seus princípios em suas buscas por conectar suas identidades artísticas às realidades de gênero e da sexualidade feminina”.
Mesmo que o movimento Surrealismo que se desenvolveu na Europa do século XX tenha sido dominada pelos homens, mulheres contribuíram para este gênero através do século – e até o período contemporâneo. Assim, deixamos Frida de lado desta lista para dar lugar a outras oito mulheres surrealistas cujas carreiras englobaram desde a pintura até a poesia. Confira:
1- Gertrude Abercrombie
Gertrude Abercrombie conjurou um imaginário e gótico cenário do centro-oeste. Nascida no Texas, em Austin, Abercrombie passou a maior parte de sua vida em Chicago e, por volta dos anos de 1940, ela e seu marido moraram em uma casa vitoriana na qual eles frequentemente realizavam festas extravagantes para músicos de jazz e artistas. Contrastando com sua vida pessoal exposta, as figuras chatas de Abercrombie e suas paisagens expansivas – que eram quietamente iluminadas pelo céu da noite – tornam o mundo mundano.
2- Remedios Varo
No início da 2ª Guerra Mundial, a pintora espanhola Remedios Varo e seu segundo marido, o poeta surrealista francês Benjamin Péret, fugiram a Espanha de Franco e a Paris ocupada por nazistas, eventualmente se fixando no México, onde Varo desenvolveu seu estilo surrealista. Muito influenciada pela literatura, natureza, religião e suas amizades com a pintora surrealista Leonora Carrington e a fotógrafa Kati Horna, Varo traduziu suas curiosidades intelectuais e espirituais em fantásticas imagens.
3- Dorothea Tanning
A obra sedutora e assustadora de Tanning “Birthday”, de 1942, é um auto-retrato da artista com os seios nus. Ela e uma criatura mítica observam um intruso não identificado – que pode ser nós, observadores, figuras disruptivas antes de embarcar numa jornada através de um corredor infinito de portas abertas. Tanning frequentemente pintava jovens mulheres emocional e sexualmente carregadas. Ela viveu em Nova York, onde conhecer o surrealista (e depois marido) Max Ernst. Eles passaram um tempo na cidade e também em Sedona, Arizona, antes de se mudarem para a França no final dos anos 50, onde Tanning passou a focar-se em abstrações e esculturas.
4- Helen Lundeberg
Em 1934, uma das mais relevantes mulheres surrealistas da Califórnia, Helen Lundeberg e seu marido, Lorser Feitelson, criaram o que ficou conhecido como pós-surrealismo, escrevendo o único manifesto dos Estados Unidos que desafiou o surrealismo europeu de André Breton – que defendia a expressão do “automatismo psíquico puro”. Diferentemente de seus companheiros europeus, Lundeberg acreditava no emprego de uma forma de criatividade mais racional para pintar a mente inconsciente. Como sonhos lúcidos, suas pinturas refletem cuidadosamente os mistérios da biologia, da astronomia e da física.
5- Meret Oppenheimer
Na Paris de 1930, Meret Oppenheimer esteve nos mesmos círculos que Breton e Ernst, e foi a musa fotográfica de Man Ray em uma série de fotografias e retratos de nudez e erotismo. Ainda que ela tenha experimentado com a pintura e a fotografia, Oppenheimer se tornou mais conhecida por sua coleção de louças cobertas de pelos. Esta transformação de objetos cotidianos em referências simbólicas, que apontam para a exploração do corpo feminino pela sociedade, deram a Oppenheimer mais reconhecimento do que somente a alcunha de musa.
6- Kay Sage
O surrealismo de Kay Sage, que faz lembrar das paisagens sombreadas e prédios de Giorgio de Chirico e das formas esféricas em espaços desolados de seu marido Yves Tanguy, foi uma influência de extrema relevância nos Estados Unidos dos anos 30. Sage passou sua infância na Europa e em Nova York, e depois se integrou ao Surrealismo parisiense, onde conheceu Tanguy em 1939. Quando desenvolveu seu estilo maduro, com fortes formas arquitetônicas e linhas horizontais precisas, Sage passou a exibir suas obras em Nova York e na Europa durante os anos 40 e 50. Ela tragicamente começou a perder a visão em meados de 1950, mas continuou a escrever quatro volumes de poesias e o começo de um livro de memórias.
7- Rosa Rolanda
Nascida na Califórnia, Rosa Rolanda manteve uma carreira celebrada como dançarina em Nova York durante os anos de 1900, mas, influenciada por um caso romântico com o mexicano Miguel Covarrubias, elas desenvolveu o gosto pela fotografia depois que eles se mudaram para o México, em 1925.
8- Leonora Carrington
Nascida no Reino Unido, a artista Leonora Carrington teve uma carreira ilustre que durou sete décadas, produzindo diversas pinturas e esculturas que exploravam matérias míticas. Ela também publicou histórias. Mudando-se para a Franca com seu parceiro e também pintor surrealista Max Ernst, Carrington fez uma exibição na “International Exhibition of Surrealism” em 1938. Nos anos seguintes, ela viria a sofrer um colapso nervoso. Participou, em 1942, da exibição “First Papers of Surrealism” em Nova York, ao lado de Marcel Duchamp. Quando se mudou para o México, Carrington desenvolveu uma forte amizado com Varo, casou-se com o fotógrafo húngaro Emeric Wisz e aperfeiçoou seu estilo cativante de realismo mágico.
[Matéria original publicada no site Artsy, por Alexis Corral. Link para acessar: https://www.artsy.net/article/artsy-editorial-8-female-surrealists-who-are-not-frida-kahlo] [Tradução de NotaTerapia]