Em 2016 o escritor e editor Duda Falcão, autor também do livro de contos Mausoléu e do romance Protetores, organizador e integrante de diversas antologias de fantasia e horror, lançou sua segunda antologia solo de contos de terror e fantasia: Treze. Conforme o título anuncia, a obra é composta por treze contos, sendo que o último deles também leva o título de Treze, assim como o livro. As narrativas que compõem esta obra seguem um estilo de escrita que mistura toques de horror clássico, com referências a autores desde Poe, Lovecraft até W.W. Jacobs, com um estilo narrativo um tanto pulp, o qual, junto às ilustrações que integram a obra (como a que você vê abaixo deste parágrafo), lembram as clássicas revistas Weird Tales, na qual nomes como Lovecraft e Robert Bloch publicaram alguns de seus primeiros trabalhos.
Dentre os treze contos que compõem a obra, todos têm, cada um deles, suas particularidades que os fazem único, porém alguns deles precisam muito ser citados aqui: um deles é o conto Devoradores de Narrativas, em que o autor demonstra seu talento para narrativas fantásticas mais introspectivas e ideias inovadoras. Nesse conto, vemos um jovem que, ao trabalhar como segurança em uma biblioteca, tem uma peculiar experiência em relação às palavras e suas leituras, algo que o transforma por completo. Leitura essencial cuja frase final merece ser citada e relida: “assim como os livros, cada pessoa tem sua própria história, e é saborosa demais para ser desprezada”.
Outro conto que chama bastante atenção é Os Desejos de Morris. Nesta história, vemos personagens os quais sofrem com desgraças causadas por um famoso artefato da literatura do horror: a pata do macaco, direto do conto de W.W. Jacobs. A referência é mais do que clara e, no final deste conto, vemos um personagem que também está presente em outros contos de Duda no livro Mausoléu, Museu do Terror e Relíquia, obras as quais também são repletas de referências literárias utilizadas de formas bem originais.
Muitos são os contos que merecem destaque neste livro, porém, para não estragar a surpresa do leitor ao ler a obra, citarei apenas mais dois: Eadgar e o resgate de Lenora e Sob os auspícios do corvo. Em ambos contos, quem conhece o escritor Edgar Allan Poe já nota que há uma referência bem clara. No primeiro deles, que é o conto de abertura do livro, vemos um herói o qual, guiado por um corvo, chega às ruínas do altar de Palas Atena e pede à deusa que liberte sua amada Lenora, que encontra-se aprisionada no reino de Hades. Já o segundo conto, dividido em capítulos, é uma narrativa épica em estilo faroeste, à qual a presença de elementos sobrenaturais dá um toque fantástico e revela sutis referências à ave de Edgar Allan Poe.
Enfim, é um livro de contos que mistura elementos de terror, fantasia e narrativa épica em treze histórias marcantes. Leitura perfeita para ler em noites chuvosas ao som de trovoadas, em uma sexta-feira 13, no Halloween ou em qualquer dia do ano em que se queira ler algo mais sombrio e fantástico.
Acesse o site do autor para conhecer mais de sua obra e para acompanhar o trabalho dele com a editora Argonautas e outros projetos literários como o Tu, Frankenstein, a Odisseia de Literatura Fantástica e oficinas ministradas pelo escritor.