O Morro dos Ventos Uivantes, de Emily Brontë, é uma história de amor. Mas não só. É muito mais. É a história de Heathcliff, irmão adotivo de Catherine Earnshaw, que resolve, após a morte de seu patrão, tomar conta da casa em que foi acolhido, e se vingar de tudo que sofreu durante sua vida. Heathcliff, humilhado, rejeitado e maltratado, resolve, aos poucos, a posse dos bens daqueles que o cercam e, posteriormente, mantém suas vidas sob seu controle. No entanto, a simbiótica relação com Catherine transforma essa relação de vingança em um caminho de obsessão que levam vidas e seres aos seus limites. Nesse morro em que um vento uiva, duas casas e muitas vidas estão em jogo e todas elas parecem estar no limite do que se poderia chamar humano: entre a dor e a morte.
O NotaTerapia separou as melhores frases da obra. Confira:
Eu não consegui suportar aquilo. Peguei meu volume surrado pela capa e joguei no canil, dizendo que odiava bons livros.
-Por que você não pode ser sempre uma boa menina, Cathy?
E ela virou o rosto para ele, rindo, e respondeu:
-Por que não pode ser sempre um bom homem, pai?
Aqui as pessoas vivem de fato com mais autenticidade, mais voltadas para si, e se preocupam menos com as mudanças superficiais e os frívolos aspectos externos. Perece-me que qualquer amor pudesse durar mais de um ano. Uma coisa é como pôr um homem faminto diante de um único prato, no qual ele pode concentrar todo o seu apetite e lhe fazer justiça; a outra é como apresentar-lhe uma mesa posta por cozinheiros franceses: ele talvez possa extrair o mesmo prazer do todo, mas cada parte é um mero átomo aos seus olhos e à sua memória.
Qualquer que seja a substância das almas, a minha e a dele são feitas da mesma coisa.
No fim das contas, precisamos zelar por nós mesmos; os mansos e os generosos só parecem demonstrar um egoísmo mais justificável que os autoritários.
Sua presença é um veneno moral capaz de contaminar os mais virtuosos.
Quanto mais os vermes se contorcem, mais anseio por esmagar suas entranhas! É uma compulsão moral; quanto mais a dor aumenta, mais energia tenho.
A traição e a violência são facas de dois gumes: ferem mais aqueles que as manejam do que seus inimigos.
Ele queria repousar num êxtase de paz; eu queria que tudo cintilasse e dançasse num glorioso jubileu.
-Como se sente, Catherine? – insistiu ele.
– Ele está a salvo, e eu estou livro – respondeu ela. – Deveria me sentir bem…mas – prossegui, com uma amargura que não conseguia esconder – o que senhor me deixou tanto tempo lutando sozinha contra a morte que só o que sinto e vejo é a morte! Sinto-me como se estivesse morta!
E o que não me faz recordá-la? Não posso olhar para este chão, pois seus traços estão impressos nas lajes! Em cada nuvem, em cada árvore…enchendo o ar à noite, e vislumbrada em cada objeto de dia…Estou cercado pela sua imagem! Os rostos mais comuns de homens e mulheres, meus próprios traços, debocham de mim com alguma semelhança. O mundo inteiro é uma terrível coleção de recordações de que ela existiu, e de que eu a perdi!
Fonte: Editora Zahar, 2016