Tempestades que levam a castelos e casas mal-assombradas, criaturas estranhas que usam máscaras, caveiras e fantasmas dançando, a loucura como a origem do pior medo. Estas são as mais diversas histórias que podemos encontrar no gênero do terror. E melhor ainda se forem carregadas pelo humor e pela atmosfera bizarra das animações criadas no século XX por grandes estúdios como Walt Disney.
Nesta matéria, você poderá conhecer curtas de animação de grandes estúdios que produziram filmes adoráveis inspirados nos mais diversos clichês que, pelo desenho, podem ou não assustar. É aí que reside a surpresa. Por que ver animações para entrar no espírito do Halloween? Porque em qualquer época do ano podemos ter interesse por essas narrativas. Mas quando o mês de outubro se inicia, paira um manto sombrio pelas mentes humanas capaz de aguçar a nossa curiosidade para o estranho, o desconhecido e a vontade de sentir o medo. Porque, afinal, o terror faz com que a gente se sinta no limite de nossas fragilidades, em quase uma aventura em que ficamos entre acreditar ou não numa nova realidade.
E as animações? Elas trazem a magia que a criança tem ao ver que o medo pode ser convertido em algo engraçado, que uma caveira pode, no fim, nos surpreender e dançar. E assim diluir os medos. A época é de histórias de terror, abóboras, doces, fantasmas, filmes, e animações para entrar no clima do mês do Halloween. Abra a porta, distribua os doces e se deixe assustar ou se divertir com as fantasias e histórias a seguir!
Esta curta é um dos mais clássicos da história da Disney. Criado em 1929, a inspiração é a lenda medieval Danse Macabre, na qual a Morte convida os corpos abandonados no cemitério a regressar ao mundo dos vivos para uma dança até o amanhecer. É com humor que a Disney toma o enredo, tornando-o divertido e espirituoso pelos gestos dos esqueletos que acompanham a música e os movimentos certeiros que os personagem trazem a cada trecho. Carl Stalling, compositor da música, numa entrevista em 1971, falou sobre sua inspiração “Desde que eu era criança eu desejava ver esqueletos reais dançando e eu sempre gostei de ver atos no vaudeville com esqueletos dançantes. Como criança, nós gostamos de todas essas imagens e histórias obscuras”. Veja os ossos estalarem!
A animação é quase uma celebração à Morte com Mickey. O curta, também de 1929, traz esqueletos dançantes. Ao entrar numa casa para se abrigar de uma tempestade, Mickey descobre que não fez uma boa escolha: é uma casa mal-assombrada. Nela, a Morte o orienta a tocar piano enquanto os esqueletos dançam graciosamente como se estivessem em um salão do século XIX até se apresentarem pelos passos do vaudeville. Destaque para o relógio que sacode a cintura para lá e para cá (quase no ritmo do próprio pêndulo!) e a Morte regendo a música e a festa. Esqueletos dançando e tocando acabou se tornando um clássico, por isso tem também oSkeleton Frolic, que você pode ver aqui
Quem não lembra do Gasparzinho? Ou Casper, the friendly ghost. Aqui, o simpático fantasminha deseja fazer amigos, após ler um livro de autoajuda que o faz se sentir confiante para aproveitar o Halloween. Mas os vizinhos estão aterrorizados com ele e abandonam o pequeno na festividade. Em sua tristeza, Gasparzinho acaba conhecendo uma menina que não se mostra assustada com ele, convidando a dançar e revelando que possui mais em comum com ele do que Gasparzinho imagina. O charme da história começa pelo título, uma referência ao ser ou não ser de Hamlet, “assustar ou não assustar?” e as cenas dos vizinhos se assustando são ótimas e criativas.
Para ilustrar o clima do Halloween dá para lembrar das aventuras vividas por Coragem em Lugar Nenhum, localizado em um ponto do Kansas, com seus donos Muriel e Eustácio. Na fazenda inóspita e solitária, Coragem via surgir alienígenas, assassinos, criaturas estranhas que desejavam apenas a morte. Para combatê-los, o cãozinho pesquisava no computador para descobrir o que deveria fazer, tentando alertar seus donos, que sempre o ignoravam. O desenho tem uma atmosfera sombria e pesada, com um mal-estar que permanece até o fim. E é com o episódio A Máscara que dá para notar como o desenho consegue trazer uns temas bem densos e adultos para o público infantil. Nele, Coragem é atormentado por uma criatura que se infiltra em sua casa usando uma máscara bem aterrorizante. Mas tem alguns outros que vale muito a pena conferir, que são mais leves, como o divertido O Demônio do Colchão , inspirado em O Exorcista.
O clássico cãozinho detetive e medroso – provavelmente a inspiração para o Coragem que veio antes nesta lista – foi a diversão de muitas tardes de sábado. A bordo de uma van toda psicodélica, Scooby ajudava os amigos Fred, Velma, Salsicha e Daphne a desvendar mistérios em pântanos, casas e castelos mal-assombrados. O grande mérito do desenho, além da comédia por parte de Scooby e Salsicha, era mostrar que nem toda criatura esquisita poderia, de fato, existir. Na maioria dos casos, ficava provado que em vez de contar com o sobrenatural, os crimes eram causados por humanos mal-intencionados. Há muitas versões e episódios de Scooby por aí, e que são difíceis de achar, por isso fica este aqui com as melhores cenas para recuperar a nostalgia de acompanhar esse grupo de detetives.
Este é um vídeo bem curtinho de uma animação do Gato Félix, que resolve, na noite de Halloween, pregar peças nos amigos usando uma abóbora como máscara. Até que ele é assustado por um porco fingindo ser um fantasma. Um ótimo trocadilho com a expressão “espírito de porco”, além da bela sequência instrumental.
Quem cresceu vendo o marinheiro Popeye se convenceu até mesmo de que espinafre podia garantir uma força heróica. Em Shiver Me Timbers (1934), Popeye se depara com um navio fantasma atracado na praia e resolve subir nele, mesmo que tenha uma placa avisando para ninguém entrar. A sincronia entre as cenas e os sons é bem calculada, com as tábuas do navio se deslocando a cada passo de Popeye ou as vezes em que ele se balança de um lado ao outro batendo no mastro do navio. Mas sempre ao fim Popeye come todo o espinafre de sua lata e fica forte para combater os perigos, até mesmo os sobrenaturais. O curta tem detalhes primorosos, como a onda raivosa que investe contra Popeye ou as luzes piscando vertiginosamente enquanto Popeye está entre fantasmas.
Mickey Mouse: The Mad Doctor (1933)
A tempestade inicial no curta de 1933 da Disney quase força o espectador contra o vento da mesma forma que faz com Mickey, de tão realista. Os relâmpagos sonoros e os raios prateados contrastam com o preto e branco da animação, para anunciar que o perigo está em um castelo, para onde Pluto é levado. Mickey chega até ele para salvar o cãozinho e presencia morcegos assustadores, vários obstáculos em um túnel, caveiras escondidas nos degraus da escada e um médico em um manto negro, que possui planos terríveis para Pluto em seu laboratório. O curta é bem criativoe cada obstáculo neste castelo começa a causar uma aflição e um pouco de desespero pelo Mickey não conseguir sair. A animação possui uma atmosfera que o faz ser um dos melhores curtas com Mickey.
Grinch: Halloween is Grinch Night (1977)
Se Grinch tem o desejo de destruir o Natal, imagine se ele puder destruir uma época em que o horror já é bem-vindo como a atmosfera do Halloween. A animação musical de 1977 traz a estética psicodélica e surreal já conhecida nas ilustrações do personagem, preserva os trocadilhos inteligentes na língua inglesa e provocou medo nas crianças que não simpatizaram com Grinch.
Este aqui é mais uma animação para os amantes de cinema terem a chance de ver como é possível encontrar um curta em stop-motion criado em 1934, é uma preciosidade. Em preto e branco, a animação tem uns detalhes bem expressivos, como um diabo alto e magro, bonequinhas de porcelana, um misterioso esqueleto de peixe que flutua e uma adorável bailarina passando pó no rosto. A qualidade e o movimento dos personagens em cena, enquanto brinquedos, são ótimas. O curta foi realizado por Johnny Legend and Shout! Factory e, na verdade, The Devil’s Ball é uma pequena história que faz parte da animação The Mascot, a qual mais tarde foi reeditada em um único curta metragem.
Não, não é o gato e o rato. Mas sim os dois motoristas de taxi que estrelaram curtas de animação entre 1931 e 1933. O curta em questão se inicia com uma ótima sequência na chuva, onde o táxi mergulha com fluidez em poças, as gotas são pequenos traços que cortam a cena, e os fantasmas no castelo dão o tom bizarro ao curta.
Os sobrinhos do Pato Donald resolvem visitá-lo no Halloween com suas fantasias, enquanto são observados por uma bruxa. Porém, o Pato resolve aplicar umas travessuras de mau gosto em vez de dar os doces. Indignada, a bruxa resolve ajudar os pequenos tentando pregar um peça em Pato Donald.
Para finalizar, Edgar Allan Poe não pode se ausentar da lista. No curta de 1953, é contada a história do conto O coração denunciador, em que o personagem passa a se sentir perseguido pelo olho de vidro de um velho, e resolve matá-lo para acabar com seu tormento. Porém, a loucura poderá afundá-lo ainda mais. O curta, diferente dos anteriores, possui uma atmosfera mais sombria e a narração é tão impecável que causa arrepios aos alternar entre os sussurros assustados e os gritos repentinos.