Durante a segunda inteira, olhou distante a espera de tal momento certo para agir. Por minha vez não mostrei interesse – pra quê? Bem talvez eu fingisse, penso agora, algum orgulho idiota.
Na terça, falou quebrado, por outras com certa distonia; daquelas que se faz com a TV ligada. Eu que nem lembrava o som de outra gente real; quem diria o meu:
“Pequena… pequena…”
Pela quarta e quinta, mostrou-se como água, esguia e insaturável. Podia ser impressão, mas seus olhos restaram fluidos sobre toda superfície móvel, que nem os de uma bruxa, procurando brecha para apossar-se de algo… algo além. Algo este do corpo inconstante e sem dono. Algo breve, de beijo e coisas doces.
À sexta, quis sair. Quis dançar. Quis ver o mundo como ninguém pôde. Deitei a mão na sua cabeça e deitamos. Concordei sobre qual fosse sua questão, num riso abafado, enquanto amanhecia.
“Pequena… pequena…”
Sábados são para lutar, e naquela ocasião, no primeiro momento da alvorada, ela subiu para ver a janela do outro lado. Fez o que meu coração sentira, pálpito. Salto preciso. Inquestionável. A mancha era de se esperar.
Domingos são de triunfo. Louvor ao deus, Senhor, senhor de toda a obra forte. Forte, amor, forte. Receberá seu prêmio como um cão, se caso lhe couber. A imagem basta? Evocando, por fim, a vigilante com flores de esbanjar:
“Venha a mim como bem desejar…
Pequena…
pequena…”
* “pitseleh” vem de uma língua indo-europeia chamada ídiche, que significa “minha mais querida” ou um termo carinhoso para “pequena”.
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