Os 10 narradores menos confiáveis da literatura

[Postado por BookBub Blog]

Quando lemos um livro, a primeira coisa que imaginamos é que podemos contar com o narrador – quem quer que seja ele ou ela – para contar a história de maneira mais ou menos precisa. Claro que o narrador pode abordar as coisas a partir de um ponto de vista específico, mas ele ou ela pode, normalmente, ser confiável para nos contar a verdade.

Normalmente.

Fizemos uma lista de 10 livros nos quais o narrador (ou, em alguns casos, mais de um narrador) é atraente, magnético e interessante – e inteiramente não confiável.

Confira:

 

1- O Psicopata Americano, de Bret Easton Ellis

Patrick Bateman é estuprador, canibal, necrófilo e um alegre serial killer… ou não? Vamos apenas dizer que há evidências suficientemente contundentes em ambas as direções. Seja ele um criminoso sádico, um psicótico em surto ou um engraçadinho sem coração que gosta de “piadas” sem graça, podemos concordar que ele é terrível.

2- Reparação, de Ian McEwan

Quando criança, Briony Tallis destruiu várias vidas quando acusou o namorado da irmã mais velha Robbie Turner de ter estuprado uma prima adolescente. Depois de adulta, ela desfaz os danos da única maneira que lhe é possível… que pode não ser exatamente a maneira que ela afirma ter feito. Este romance, que foi adaptado para o cinema e indicado ao Oscar em 2007, é uma fascinante exploração das histórias que contamos à nós mesmos e aos outros, e porquê as contamos.

3- Garota Exemplar, de Gillian Flynn

Nesta proeza de Gillian Flynn, temos dois narradores não confiáveis pelo preço de um! Tanto Nick quanto Amy Dunne oferecem uma certa narrativa sobre seu casamento conturbado, mas logo fica claro que cada um está apresentando o mesmo conjunto de fatos de perspectivas totalmente diferentes. Quem está dizendo a verdade? Bem, os dois, é claro. E também nenhum deles.

4- As Aventuras de Pi, de Yann Martel

Piscine “Pi” Patel sobrevive quase um ano no oceano com apenas um ameaçador tigre-de-bengala chamado Richard Parker como companhia. Quando ele é finalmente resgatado, seus salvadores não acreditam em sua impressionante história… então ele conta uma outra história, perguntando, “se você se contenta com o que é crível, para quê você está vivendo?” O leitor é deixado a imaginar o que diabos aconteceu com o pobre Pi – e se isso, de fato,  importa.

5- Estranha Presença, de Sarah Waters

Logo após a Segunda Guerra Mundial, um médico britânico chamado Faraday se envolve com os restos mortais de uma antiga família em sua destruída propriedade rural, Hundreds Hall. Coisas estranhas começam a acontecer – incêndios inexplicáveis, escritos na parede com letras de crianças e vozes. Há uma explicação racional para isso, ou será que a irmã há muito morta dos atuais moradores volta dos mortos para fazer uma visita à família? As  tentativas do Dr. Faraday de explicar esses fenômenos racionalmente são um enorme contraste às coisas totalmente esquisitas que estão acontecendo ali.

6- O Assassinato de Roger Ackroyd, de Agatha Christie

O detetive número 1 Hercule Poirot é chamado, mesmo aposentado, para resolver o assassinato de um amigo. Ele se vê em uma trama de deslealdade e enganação – e então a história, como narrado por seu assistente, Dr. James Sheppard, toma um rumo muito interessante. Este é um dos romances policiais mais influentes já publicados.

7- Os Gêmeos, de Thomas Tryon

O doce Niles e o problemático Holland são gêmeos, tão próximos que um lê os pensamentos do outro. Mas as coisas começam a dar muito, muito errado em sua bucólica cidade de New England, e o narrador Niles talvez esteja no centro disso. Ou talvez não – você não vai descobrir isso até a última página. Leia este livro com as luzes acesas!

8- Villette, de Charlotte Brontë

Há, no mundo, narrador mais frustrante do que Lucy Snowe em Villette? Ela acumula informações, retém detalhes essenciais sobre as identidades das personagens e se recusa a sequer contar ao leitor como a história termina. Apesar da narrativa exasperadora – ou possivelmente exatamente por isso – Villette é uma obra prima do realismo psicológico, e alguns críticos o consideram superior até mesmo à Jane Eyre.

9- Precisamos Falar Sobre Kevin, de Lionel Shriver

Numa série de cartas devastadoras à seu marido estrangulado, Eva Khatchadourian analisa os diversos elementos que se combinaram de modo a se tornarem criação explosiva que é seu filho, que acabara de cometer um assassinato em massa em sua escola. Com uma honestidade brutal, ela despeja sua confusão, seu ressentimento e sua profunda culpa como esposa e mãe. Entretanto, ela omite alguns detalhes essenciais. Este assustador romance definitivamente não foi feito para os corações fracos.

10- Mentirosos, de E. Lockhart

O título já deixa claro que quem quer que esteja contando a história pode não ser totalmente certinho. A narrativa da luta da adolescente Cadence para lembrar o que aconteceu em um agitado verão fará você ficar tentando adivinhar o que aconteceu até o final. Nós desafiamos você a ler este livro… e se alguém perguntar como ele termina, simplesmente minta.

Tradução de Luisa Bertrami D’Angelo

[Acesse a matéria original, de Kate Nagy, em: https://media.bookbub.com/blog/2015/11/17/believe-half-see-unreliable-narrators-fiction/]

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