Joilson Santos, pedreiro de 54 anos, decidiu aprender balé para apoiar suas filhas, de 8 e 10 anos, diagnosticadas com autismo há quatro anos. As duas participam do projeto Ballet Azul, realizado no Centro Cultural Maestro Miro, em Feira de Santana (BA), que oferece aulas de balé para crianças autistas.
A família percorre cerca de 30 minutos de carro, saindo do bairro Viveiros — uma das áreas mais carentes da cidade, onde a renda média é de R$ 754, menos da metade da média municipal, segundo o IBGE — até chegar ao bairro Muchila, onde fica o centro cultural.
Na sala de aula, Joilson, sua esposa Jaqueline e as filhas Isabele e Iasmim se juntam a outras oito crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA), que usam a dança como parte do tratamento. Cada uma delas tem um acompanhante, e Joilson é o único homem presente no grupo.
Nas aulas, Joilson chama a atenção por ser o único homem presente. Como cada criança precisa de um acompanhante, tanto ele quanto a mãe das meninas, Jaqueline Amorim, frequentam o projeto.
No início, Joilson não planejava participar, já que o horário do trabalho coincidia com o das aulas. Porém, ao vê-las prontas para dançar — a esposa e as filhas vestidas a caráter —, ele pensou: “Não posso deixar Isabele sozinha”. Desde então, quartas e sextas são dias dedicados ao balé para a família.
Além de dançar nas aulas, Joilson também treina em casa com as filhas. Aos sábados, ele coloca uma fita adesiva no chão para ajudá-las a praticar passos de balé e a caminhar em linha reta.