“Da costela do impossível”: Marcela Alves, o tempo e a poesia como sagrados

“Da costela do impossível”: mineira Marcela Alves estreia na literatura explorando a vida, o tempo e a poesia como sagrados

Estreia da psicóloga e poeta Marcela Alves (@amarcelaescreve), o livro de poemas Da costela do impossível” trabalha um pouco da vida como ela é ao mesclar beleza e dor através do sagrado e da poesia.

Dividida em três seções, todas nomeadas com títulos relacionados com luz e sombra, a obra trabalha o amor, a perda, o tempo e os rastros desses três elementos na memória e na percepção de si e do mundo. “Essas são minhas obsessões, meu espinho na carne”, explica a poeta. A partir da observação do cotidiano, a autora valoriza as sutilezas das relações humanas e assim consegue transformá-las em material para a poesia. E nessa estranha alquimia está a busca pelo sagrado que move a autora e seu eu-lírico.

Thaís Campolina, poeta, escritora e resenhista, destaca que “na poesia de Marcela, o íntimo nos atinge” e essa intimidade lembra quem lê de que somos feitos de ternura, medo, beleza, dúvida, perda e um pouco do que pode parecer nada para alguns, mas é a matéria-prima que nos faz gente, como a cena de uma avó plantando rosas e de uma mãe cozinhando couve com devoção.

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Sobre Marcela Alves e seus entrelaces com sua terra

Marcela Alves nasceu em 1991, na cidade de Divinópolis, em Minas Gerais. É psicóloga formada pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), especialista em psicologia da saúde e atua na prática clínica em Belo Horizonte. “Da costela do impossível” é seu primeiro livro.

Suas principais referências literárias são três poetas mineiros: Adélia Prado, Ana Martins Marques e Carlos Drummond de Andrade. Além desse trio, a poeta também cita a Nobel Wisława Szymborska. A influência da também divinopolitana Adélia Prado na obra é sinalizada desde a epígrafe e recebe destaque por Aline Bei na orelha. 

“Marcela escreve para honrar o mais bonito de suas origens, trazendo à tona Adélia Prado como epígrafe e referência de sacro e sacrilégio, luz e sombra, vida e poesia. E, nesse estranho lugar, tradição e modernidade se encontram com todas as suas contradições”, diz Thaís Campolina, poeta conterrânea de ambas, na resenha que fez do livro em seu blog.

Leia um poema da autora:

“Da pertença”

quando nasci

o amor garantiu

que fôssemos eu e a realidade

uma coisa só

permitiu 

que criasse o mundo

abrigasse tudo

a sorte de pedir e ter

quando descobri que não sou deus

e que nada me deve a vida

eu caí em mim

e aquele amor primeiro

me livrou da queda infinita

o destino do colo é virar chão

o destino do homem é abrigar outro homem: 

bicho apanhador de horizonte entre

uma queda e outra

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