Escrever sobre o passado é sempre um desafio para escritores e escritoras. É que tem algo do passado que está além dos fatos, das histórias, das narrativas e das ações e que se mostram nos pequenos gestos do cotidiano, das práticas comuns da vida, como habitar e se deslocar na cidade. Imagina, então, escrever sobre um reino do passado que sequer temos referência a não ser as próprias ruínas da história? Como pensar, neste contexto, na vida dos grandes homens e mulheres da Roma Antiga?
A Roma Antiga foi uma civilização itálica que surgiu no século VIII a.C. Localizada ao longo do mar Mediterrâneo e centrada na cidade de Roma, da península itálica, expandiu-se para se tornar um dos maiores impérios do mundo antigo, com uma estimativa de 50 a 90 milhões de habitantes (cerca de 20% da população global na época) e cobrindo 6,5 milhões de quilômetros quadrados no seu auge entre os séculos I e II.
Pensando nisso, o NotaTerapia separou 10 romances que se passam na Roma Antiga:
Memórias de Adriano, de Marguerite Yourcenar
Memórias de Adriano é a obra-prima de Marguerite Yourcenar. Publicado pela primeira vez em 1951, após um intenso processo de pesquisa, escrita e reescrita que durou cerca de trinta anos, o livro obteve enorme sucesso e converteu-se imediatamente em um clássico da literatura moderna. Nesta espécie de autobiografia imaginária, a “grande dama da literatura francesa” recria a notável vida do imperador Adriano, com seus triunfos e reveses, e dá forma a um romance histórico, mas também poético e filosófico, que se tornaria uma das mais fascinantes obras de ficção do século XX.
Alexandre e César, de Plutarco
Plutarco retrata de forma clara e concisa o perfil de dois grandes líderes da história clássica: de um lado, Alexandre, o grande Rei da Macedônia, que conquistou a Ásia e unificou o Oriente e o Ocidente, e, do outro lado, o estrategista e hábil político Júlio César, símbolo da glória e do poder. O leitor vai conhecer as semelhanças e diferenças entre heróis gregos e romanos, num livro recheado de imagens que ajudam na compreensão do texto.
A Morte de Virgílio, de Hermann Broch
No ano de 1938, Hermann Broch foi preso pela Gestapo e, durante as cinco semanas de cárcere, o escritor – judeu e austríaco – começou a conceber A morte de Virgílio, sua obra-prima, um marco na literatura do século XX. Nesta monumental empreitada literária, Broch recria as dramáticas últimas dezoito horas de Virgílio, um dos maiores poetas da literatura clássica latina, nas quais ele cogita destruir a Eneida, obra de sua vida. O romance é construído por sonhos, pensamentos e falas do próprio poeta, como um complexo fluxo de consciência, que delineia, num mosaico narrativo, os dramas existenciais e estéticos do artista diante da morte. No império romano aos tempos de Augusto, Broch faz um paralelo com o iminente nacional-socialismo de Hitler de sua época, uma preocupação encontrada em outras de suas obras consideradas clássicas, como a trilogia Os Sonâmbulos. Dá sua contribuição histórica à renovação formal do romance e nos leva a refletir sobre a condição humana, a criação artística e a validade dos conceitos morais.
Juliano, de Gore Vidal
“Juliano foi sempre uma espécie de herói rebelde da Europa. Sua tentativa de deter o cristianismo e reviver o helenismo tem até hoje um apelo romântico, e sua figura aparece nos lugares mais estranhos, especialmente durante o Renascimento e depois, no século XIX. Dois escritores que nada têm em comum, Lorenzo de Medici e Henrik Ibsen, escreveram peças teatrais sobre Juliano. Contudo, excetuando-se a aventura singular da vida de Juliano, o que continua a fascinar é o próprio século IV. Nos cinquenta anos decorridos entre a elevação ao trono de seu tio Constantino e a morte de Juliano, aos trinta e dois anos, o cristianismo estabeleceu-se. Bem ou mal, somos hoje em grande parte o resultado do que eles foram naquela época.” – Gore Vidal
Eu, Claudius, Imperador, de Robert Graves
Romance histórico em forma de autobiografia do imperador Claudius, que retrata um período da Roma Antiga. Desprezado pela sua fraqueza e visto pela família como pouco mais do que um tolo gago, o nobre Claudius sobrevive furtivamente às intrigas, às purgas sanguinárias e à escalada de crueldade que caracterizam as dinastias imperiais romanas. Em Eu, Claudius, Imperador, ele fica a observar dos bastidores para poder registrar o reinados dos seus imperadores: do sábio Augusto e sua vilã mulher, Lívia, ao sádico Tibério e ao excessivo e louco Calígula. Um dos romances históricos mais aclamados e envolventes alguma vez escritos, Eu, Cláudius, Imperador é um clássico moderno.
Um deus passeando pela brisa da tarde, de Mario Carvalho
Lúcio Valério Quíncio é o magistrado de Tarcisis, cidade romana da Lusitânia, no século II d.C. Como dirigente máximo, ele tem de enfrentar diversas ameaças enquanto uma série de acontecimentos tumultuosos conduz o vilarejo ao descontentamento geral. No plano externo, há notícias de uma invasão bárbara iminente. Provenientes do norte da África, bandos de mouros se agrupam ao sul dos domínios romanos na Hispânia, depois de terem ultrapassado o estreito de Gibraltar. Dentro dos muros da cidade, uma nova seita, a Congregação do Peixe, começa questionar os valores da romanidade, como o politeísmo, os banhos públicos e a realização de jogos e lutas entre gladiadores. Os adeptos da nova religião adoram um único deus, que anos antes mandara à Terra o seu filho, Cristo, para salvar a humanidade. Um deus passeando pela brisa da tarde se passa num momento crítico da história do Império Romano, quando o Cristianismo começa a angariar novos adeptos, desafiando o poder central. Nessa história ficcional (Tarcisis nunca existiu), Mário de Carvalho reconstitui uma situação histórica concreta e resgata, com seu estilo límpido e envolvente, as características culturais, políticas e cotidianas do Império Romano.
O Primeiro Homem de Roma, de Collen McCullough
‘O primeiro homem de Roma’ mergulha o leitor num mundo de intriga política, guerras, assassinatos, conquistas, alianças familiares e rivalidades apaixonadas. É o dia de Ano Novo do ano 110 a.C. e dois nobres romanos recebem o manto de cônsul. Porém, no meio da multidão, outros dois homens, absolutamente diferentes, observam o acontecimento – eles irão mudar por completo a República Romana que se debate em conquistas territoriais e tem de enfrentar o descontentamento de italianos tratados como cidadãos de terceira classe. Um desses homens é Mário, impossibilitado por suas origens humildes de tornar-se o Primeiro Homem de Roma – aquele que, por sua excelência, situa-se acima de seus semelhantes.
Pompéia, de Robert Harris
Com todos os avanços tecnológicos, uma erupção vulcânica ainda é um fenômeno natural sem o menor controle. E, portanto, aterrorizante. Pompéia, de Robert Harris identifica um dos medos mais viscerais do ser humano e o transforma em ficção. Em um romance eletrizante, que arrancou elogios da crítica britânica e chegou ao primeiro lugar na lista de mais vendidos do The Sunday Times, Harris brinca com nosso conhecimento do destino da cidade. Mais do que o fim, o que interessa aqui é como a história é contada.
Os Últimos Dias de Pompéia, de Edwar Bulwer-Lytton
Em meio à tragédia que se abate sobre a cidade de Pompéia no ano de 79 d.C., quando as lavas do adormecido Vesúvio ressurgem petrificando para sempre o cotidiano e as riquezas de seus habitantes (aliás, uma alegre e imponente engrenagem de prazer!), ganha vida a atribulada história de amor entre o rico ateniense Glauco e a bela napolitana Ione. O romance surge num ambiente marcado pela inveja e pela maldade de Arbaces, cujo gélido semblante parece entristecer o próprio Sol. A qualquer preço o astuto mago egípcio pretende possuir sua jovem tutelada, e acaba por envolvê-la num plano sórdido e macabro que choca pela crueldade. Pontuada por intrincados lances de puro lirismo, fé e feitiçaria, a trama envolve ainda os primórdios do cristianismo, que busca se afirmar numa cultura marcada pelo panteísmo e pela selvageria das arenas e sua sede de sangue. Narrado brilhantemente por Edward Bulwer-Lytton, numa perspectiva presente, este instigante romance histórico, aqui condensado em um único volume, revela que a eterna busca do homem pelos valores superiores ultrapassa a própria História e até as grandiosas manifestações da natureza.
Roma, de Steven Saylor
Com incrível habilidade, Steven Saylor entremeia séculos da história romana com a saga de duas famílias: os Potício e os Pinário, que estarão presentes desde a fundação da cidade; ao lado de Cipião durante as guerras púnicas; dos lendários reformistas Tibério e Caio Graco durante as turbulências do século II; e de Júlio e Augusto César, quando a República dá lugar ao Império. Fato e ficção se fundem, delineando imagens reais e marcantes de uma cidade eterna.
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