Há uma crença de que tudo que existe na arte é invenção da cabeça do artista. Isto pode ser verdade, mas também é verdade que o gesto do artista, de certa forma, apresenta um movimento do mundo que, mediado pela subjetividade artística, nos dá, em arte, uma “forma” deste mundo.
Foi o que um vídeo publicado pela NASA GSFC e apresentado ontem pela página The Earth Story revelou: ao acompanhar o movimento dos oceanos com uma lente que aproxima as imagens, podemos ver as cores e os movimentos circulares dos mares em formas que se assemelham as obras de Van Gogh. Este vídeo foi produzido pela JPL e pelo MIT como parte do modelo de circulação global criado por estas instituições, com satélites e medições dos padrões das superfícies oceânicas. A ideia é possibilitar a visualização as correntes em larga e pequena escalas que movimentam nossos oceanos. A comparação com Van Gogh, que poderia parecer forçada, nos dá uma pista interessante, não só para entender o movimento dos mares, mas da potência da arte: ao contrário do que se pensa o oceano não se movimento em grandes blocos, ou frentes, mas em milhões de pequenos movimentos circulares que se organizam e reorganizam entre si.
A página The Earth Story publicou, sobre o vídeo, o seguinte trecho (tradução nossa):
Se você não está voando sobre os mares agora, você provavelmente não nota suas águas se movimentando para cima e para baixo, para a esquerda e para a direita, mas os oceanos estão constantemente em movimento. O calor do sol chega até eles, mudando a temperatura da água e sua densidade, causando evaporação. Conforme o calor tenta se mover ao redor do planeta, são criados padrões de clima e ventos que movimentam as águas oceânicas pelo planeta. As águas circulam em padrões que são, ao mesmo tempo, caóticos e previsíveis.
Colocando isto frente às obras de Van Gogh como Noite Estrelada, Noite Estrelada sobre o Ródano, Campos de Trigo com Corvos, Estrada secundária em Provence, normalmente lidas como uma ação convulsa de uma mente convulsa (ou até perturbada) do pintor, podem, a partir de agora a serem vistas através desta “desarmonia harmônica”: uma convulsão da ordem caótica do mundo. Uma expansão da consciência do universo através de uma expansão da visão de si. Halos e formas circulares, no fundo, são uma imagem do mundo que poucos conseguem captar.
Acesse o vídeo pelo link:
https://www.facebook.com/TheEarthStory/videos/vb.352857924775258/1081613131899730/?type=2&theater
Veja imagens aqui:
Fonte:
http://svs.gsfc.nasa.gov/vis/a000000/a003800/a003827/index.html