Conheça a emocionante carta em que Machado de Assis chora a morte da mãe

[Postado por Folha de São Paulo]

Machado de Assis quando criança gostava de colher flores e dá-las à sua mãe, Maria Leopoldina. Com a morte dela, em 1849, quando o escritor tinha 9 anos, ele diz ter descoberto “os enganos do mundo, os pesares da vida”.
Um pesquisador independente, Felipe Rissato, descobriu em suas pesquisas uma carta inédita que acrescenta novos elementos à bibliografia e à biografia de Machado de Assis. Na carta, ele fala sobre a dor da perda da mãe. Trata-se um texto anônimo, publicado na segunda edição da “Revista Luso-Brasileira” em 1860, intitulado “Lembranças de Minha Mãe”.


É uma crônica grandiloquente, sofrida. Machado escreve “Oh! eu sou infeliz, muito infeliz…” Em outro trecho, compara a si mesmo com um pássaro sem o ninho. Depois, ele continua: “A sociedade egoísta e corrupta fez-me descrer de todas as felicidades, de todo o amor sincero e verdadeiro, de toda a virtude; porque já tinha perdido o único ente que me amava com amor sincero”.

“Eu era pequeno, era feliz; porque não conhecia os enganos do mundo (…); inocente corria por entre campinas, colhia flores e ia derramá-las sobre minha mãe (…)”

“Oh! Eu sou infeliz, muito infeliz…Aos 9 anos perdi minha mãe, fiquei só no mundo; só como a rola sem ninho! Entrei no mundo das desilusões e dos enganos (…)”

“(…) E haverá quem não chore uma mãe? Quem não sinta um vácuo no coração quando uma lágrima se desliza sobre o túmulo de uma mãe?”

“Como eu sofro!… Minha mãe, lá da mansão dos justos, lança a benção sobre teu filho, pede a Deus pela felicidade do padecente. Eu sem ti (…) chorarei sem consolação.”

Matéria original no link: http://m.folha.uol.com.br/ilustrada/2016/06/1785302-pesquisador-encontra-cronica-em-que-machado-de-assis-chora-morte-da-mae.shtml?cmpid=fb-uolent

Related posts

O Cochilo de Deus:  Raïssa Lettiére retrata  família em momentos históricos diferentes após “cochilo” de Deus

“O Cordeiro e os pecados dividindo o pão”: Milena Martins Moura resgata a tradição judaico-cristã pelo viés do prazer da mulher

“O que sei de você”, de Éric Chacour, retrata romance entre dois homens no Egito da década de 1980