Se alguém não ouviu, pelo menos uma vez, a frase “Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas”, certamente não mora no planeta Terra. Talvez more no asteróide B612, como o Pequeno Príncipe. O livro de Antoine de Saint-Exupéry, um dos mais traduzidos, lidos e famosos do mundo, conta a incrível história de quando ele, preso no deserto por causa de seu avião quebrado, conhece este principezinho que lhe conta sobre suas explorações pelos planetas, sobre seu próprio planeta e sua flor.
O livro não é só um clássico infantil, mas leitura essencial para todos aqueles que querem compreender, através da ingenuidade do olhar da criança, questões importantíssimas sobre amizade, amor, cuidado e afeto.
Sendo a obra tão famosa e difundida, algumas passagens já se estabeleceram como clássicas e todos já ouviram falar delas – além da que já citamos, podemos falar também da frase “o essencial é invisível aos olhos”. O NotaTerapia resolveu, então, selecionar algumas frases não tão famosas assim, mas que são maravilhosas e merecem ser guardadas também com carinho especial. Confira:
(…) Desenhei então o interior da jiboia, a fim de que as pessoas grandes pudessem compreender. Elas têm sempre necessidade de explicações. (p. 8)
Quando o mistério é muito impressionante, a gente não ousa desobedecer. (p. 10)
As pessoas grandes adoram os números. Quando a gente lhes fala de um novo amigo, elas jamais se informam do essencial. Não perguntam nunca: “Qual é o som da sua voz? Quais os brinquedos que prefere? Será que ele colecionada borboletas?” Mas perguntam: “Qual é a sua idade? Quantos irmãos ele tem? Quanto pesa? Quanto ganha seu pai?” Somente então é que elas julgam conhecê-lo. Se dizemos às pessoas grandes: “Vi uma bela casa de tijolos cor-de-rosa, gerânios na janela, pombas no telhado…” elas não conseguem, de modo nenhum, fazer uma ideia da casa. É preciso dizer-lhes: “Vi uma casa de seiscentos contos”. Então elas exclamam: “Que beleza!” (p. 17 e 18)
Meu amigo nunca dava explicações. Julgava-me talvez semelhante a ele. Mas, infelizmente, não sei ver carneiro através de caixa. Sou um pouco como as pessoas grandes. Acho que envelheci. (p. 19)
– Um dia eu vi o sol se pôr quarenta e três vezes!
E um pouco mais tarde acrescentaste:
– Quando a gente está triste demais, gosta do pôr-do-sol…
– Estavas tão triste assim no dia dos quarenta e três?
Mas o princepezinho não respondeu. (p. 25)
– Eu conheço um planeta onde há um sujeito vermelho, quase roxo. Nunca cheirou uma flor. Nunca olhou uma estrela. Nunca amou ninguém. Nunca fez outra coisa senão somas. E o dia todo repete como tu: “Eu sou um homem sério! Eu sou um homem sério!” e isso o faz inchar-se de orgulho. Mas ele não é um homem; é um cogumelo! (p. 27)
“Não soube compreender coisa alguma! Devia tê-la julgado pelos atos, não pelas palavras. Ela me perfumava, me iluminava… Não devia jamais ter fugido. Deveria ter-lhe adivinhado a ternura sob os seus pobres ardis. São tão contraditórias as flores! Mas eu era jovem demais para saber amar.” (p. 31 e 32)
É bem mais difícil julgar a si mesmo que julgar os outros. Se consegues julgar-te bem, eis um verdadeiro sábio. (p. 39)
– Onde estão os homens? repetiu enfim o princepezinho. A gente está um pouco só no deserto.
– Entre os homens também, disse a serpente. (p. 60)
– Onde estão os homens? perguntou polidamente.
A flor, um dia, vira passar uma caravana:
– Os homens? Eu creio que existem seis ou sete. Vi-os há muitos anos. Mas não se pode nunca saber onde se encontram. O vento os leva. Eles não têm raízes. Eles não gostam das raízes. (p. 62)
– Os homens não têm mais tempo de conhecer coisa alguma. Compram tudo prontinho nas lojas. Mas como não existem lojas de amigos, os homens não têm mais amigos. Se tu queres um amigo, cativa-me! (p. 68)
– Não estavam contentes onde estavam?
– Nunca estamos contentes onde estamos, disse o guarda-chaves. (p. 74)
– Só as crianças sabem o que procuram, disse o principezinho. Perdem tempo com uma boneca de pano, e a boneca se torna muito importante, e choram quando a gente te toma…
– Elas são felizes… disse o guarda-chaves. (p. 74)
– Tu olharás, de noite, as estrelas. Onde eu moro é muito pequeno, para que eu possa te mostrar onde se encontra a minha. É melhor assim. Minha estrela será então qualquer das estrelas. Gostarás de olhar todas elas… Serão, todas, tuas amigas. (p. 87)
– E quando te houveres consolado (a gente sempre se consola), tu te sentirás contente por me teres conhecido. Tu serás sempre meu amigo. Terás vontade de rir comigo. E abrirá às vezes a janela à toa, por gosto… E teus amigos ficarão espantados de ouvir-te rir olhando o céu. Tu explicarás então: “Sim, as estrelas, elas sempre me fazem rir!” E eles te julgarão maluco. (p. 88 e 89)
Edição: Agir, 1993. 40ª edição.