Jackson do Pandeiro é finalmente declarado Patrimônio Cultural Imaterial do Estado da Paraíba

É um momento especial para os fãs da música popular brasileira, especialmente do forró, embolada, xote e outros gêneros nordestinos. A Paraíba, terra da Jurema Sagrada, oficializa a obra de Jackson do Pandeiro como Patrimônio Cultural Imaterial do Estado, celebrando seu legado. Sancionada pelo governador João Azevêdo e publicada no Diário Oficial, a Lei nº 13.902/2025 entra em vigor imediatamente, assegurando a preservação e valorização da obra de Jackson do Pandeiro.

Trajetória e versatilidade

Nascido José Gomes Filho (1919–1982) em Alagoa Grande, Paraíba, Jackson do Pandeiro destacou-se pela versatilidade, dominando forró, coco, rojão, samba e marchinhas. Conhecido como “O Rei do Ritmo”, ele levou a cultura nordestina ao Brasil com canções como “O Canto da Ema”, “Chiclete com Banana”, “Sebastiana”, “Forró em Limoeiro” e “Alô Campina Grande”, influenciando artistas como Gal Costa e Gilberto Gil.

Legado musical

Jackson faleceu em 1982, aos 62 anos, e suas 144 músicas e 282 gravações estão registradas no Ecad. Seus herdeiros recebem direitos autorais por 70 anos, conforme a Lei nº 9.610/98. Nos últimos 10 anos, “Na base da chinela”, “A ordem é samba”, “Cantiga do sapo” e “Cabeça feita” lideram entre as mais tocadas e gravadas. “Chiclete com Banana”, composta por Gordurinha e Almira Castilho, é uma das mais emblemáticas.

“É possivelmente uma das músicas mais marcantes do repertório nacional, uma canção que conversa com o mundo. Ela diz: ‘Olha, Tio Sam, Europa, Ásia, venham todos, aprendam nosso samba e compartilhem seus ritmos com a gente’”, diz Fernando Moura, biógrafo de Jackson. “O grande legado de Jackson está na diversidade do seu repertório, que é um verdadeiro retrato da musicalidade brasileira. Ele não fez distinção de cor, raça, religião ou gênero”, completa, destacando sua abrangência de ritmos e temas urbanos.

Leia também; Forró é declarado Patrimônio Cultural do Brasil pelo Iphan

Preservação do legado

Moura celebra o reconhecimento como Patrimônio Imaterial, mas alerta: “Apenas essa titulação não amplia o nível de conhecimento da população, principalmente a mais jovem, sobre a importância do ritmista para a música popular brasileira. É preciso ouvir Jackson exaustivamente, para assegurar a continuidade dessa compreensão.” Ele reforça a importância de escolas e rádios na divulgação de Jackson e de artistas como Sivuca, Marinês, Zé Ramalho e Chico César, para evitar que o título seja apenas “na prateleira”.

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