Pais ficcionais com frequência tem uma reputação menos que ideal. De ausentes à abusivos, a representação negativa da paternidade na ficção são muito comuns, seja por funcionarem como catalisadores para histórias interessantes, seja por terem algum reflexo na realidade. Mas esse não é o único roteiro: a literatura, o cinema, a televisão e o teatro também tem sua parcela de pais que inspiram, protegem, amam incondicionalmente e representam o lado mais bonito e saudável da paternidade e da masculinidade.
Vamos explorar 40 exemplos excepcionais de paternidade na ficção, através de meios, gêneros e épocas. Esses personagens demonstram que, mesmo no mundo da imaginação, o laço entre pais e filhos pode ser uma força poderosa e duradoura, e merecem ser celebrados por isso.
PAIS QUE TODOS AMAMOS:
Esses pais ficcionais são unanimidade entre audiências. Universalmente amados, são exemplos perfeitos de uma paternidade inspiradora e saudável, e encantam o público à gerações;
Arthur Weasley – Harry Potter
O coração e a alma da família Weasley, Arthur é um pai amoroso, presente e eternamente curioso. Seu calor e humor fazem dele um dos mais universalmente amados personagens da saga.
Atticus Finch – O Sol É Para Todos
Uma bussola mora em um mundo cheio de preconceitos, Atticus é um pai devotado que ensina aos filhos o valor da justiça, da empatia e da coragem, e com isso se tornou uma das mais fantásticas representações positivas de paternidade na literatura.
Bernat Estanyol – A Catedral do Mar
Um homem resiliente e determinado, Bernat Estanyol cria seu filho biológico, Arnau, e outro filho adotivo, Joan, sozinho. Um pai amoroso que sacrifica tudo para proteger sua família e dar oportunidades para o filho num mundo injusto e cruel.
Gomez Addams – A Família Addams
Excêntrico, mas profundamente amoroso, Gomez é um pai apaixonado e divertido que tem um laço único e imaginativo com sua família e seus filhos.
Leto Atreides – Duna
Um líder visionário e complexo, Leto Atreides é também um pai dedicado que faz decisões difíceis para o futuro de seu filho e de seu povo.
Maurice – A Bela e a Fera
O pai ligeiramente louco e muito amoroso de Bela é um cientista brilhante, gentil, e com um coração de ouro, apesar de sua estranheza. É sua atitude de colher uma rosa para a filha que põe a história em ação.
Maximus Decimus Meridius – Gladiador
Um guerreiro estoico e competente, Maximus incorpora a honra, a lealdade e a busca incansável por justiça após o assassinato de seu filho, tornando-o uma figura paterna formidável e trágica.
Mufasa – O Rei Leão
Um dos mais icônicos pais do cinema, a morte de Mufasa, evento catalisador de O Rei Leão, até hoje faz adultos e crianças chorarem. Um pai corajoso, protetor e honrado, o rei leão segue como um dos maiores exemplos de paternidade da Disney.
Eddard “Ned” Stark – Game of Thrones
Um governante honrado, firme e honesto, Ned Stark prioriza o dever e a integridade, ensinando seus filhos a importância da coragem, da honestidade, e da união. Sua famosa frase “O lobo solitário morre, mas a matilha sobrevive” ecoa com seus filhos – biológicos e adotivo – até o fim de suas jornadas.
Rhett Butler – E O Vento Levou…
Uma figura complexa, controversa e carismática, apesar de todos os seus defeitos, é inegável que Rhett ame sua filha, Bonnie Blue, profundamente. Um pai extremamente protetor e pouco convencional, que choca a sociedade e desafia as expectativas com seu apego à filha, Rhett se torna uma figura ainda mais trágica após a trágica morte da criança.
Sr. March – Adoráveis Mulheres
O Sr. March é uma alma gentil e bondosa, e um pai devotado e encorajador, que incentiva as filhas em suas buscas artísticas e intelectuais em uma sociedade que nem sempre faz o mesmo.
Tom Branson – Downton Abbey
Gentil e leal, Tom Branson, um revolucionário socialista irlandês, se torna um pai solteiro para sua filha, Sybil, após a morte da esposa no parto, oferecendo-lhe apoio e orientação enquanto busca se adaptar à sua nova vida na alta sociedade britânica, com a família de sua esposa, para a qual costumava trabalhar.
PAIS ADOTIVOS:
Alguns dos mais maravilhosos pais da ficção nunca tiveram filhos biológicos, mas encontraram seu propósito ao criar crianças abandonadas ou tomar para si a responsabilidade sobre meninos e meninas em circunstâncias incomuns.
Alexander Rostov – Um Cavalheiro em Moscou
Um aristocrata refinado forçado à prisão domiciliar, Alexander se torna pai adotivo da jovem Sofia, filha de uma amiga do Conde que desaparece na Sibéria. Criando Sofia sem jamais poder sair do Hotel Metropol, Alexander precisa ser criativo e aprender a cuidar de uma menina sozinho – e, no fim, fazer um enorme sacrifício por ela.
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Din Djarin – O Mandaloriano
Um caçador de recompensas solitário, o mundo do mandaloriano vira de cabeça para baixo quando ele adota Grogu, formando uma dinâmica de pai-filho única e comovente, enraizada em proteção, sacrifícios e aventuras conjuntas.
Hans Hubberman – A Menina que Roubava Livros
Uma alma gentil em um mundo duro, Hans se arrisca para proteger sua filha adotiva, Liesel, e ensina-la a ler. Seu relacionamento com ela demonstra o impacto profundo do amor e da compaixão na face das adversidades.
Jean Valjean – Os Miseráveis
De ex-prisioneiro para protetor de uma criança, o arco de redenção de Jean Valjean é exemplificado através de sua devoção incondicional à filha, que adota após a morte de Fantine, sua mãe, que se tornou uma prostituta para sustentá-la. Valjean tem como primeira prioridade o bem estar de Cosette, fazendo imensos sacrifícios para vê-la feliz, e demonstrando o poder transformador do amor e do perdão.
Matthew Cuthbert – Anne de Green Gables
Inicialmente esperando um menino para lhe ajudar em sua fazenda, o coração de Matthew amolece ao conhecer Anne, a filha que ele adotou por engano, e para quem ele se torna um pai amoroso e encorajador.
Nucky Thompson – Boardwalk Empire
Uma figura poderosa e complexa, Nucky Thompson tem seus muitos defeitos, mas adora crianças – tendo sido incapaz de ter as próprias em seu casamento com sua primeira esposa, Mabel. Ele adota os filhos de sua amante – e, eventualmente, segunda esposa -, Margaret Schroeder, e continua amando-os mesmo anos após o fim do relacionamento.
Richard Harrow – Boardwalk Empire
Uma figura solitária e cheia de cicatrizes físicas e mentais, o franco-atirador, veterano de guerra e mafioso Richard Harrow forma um belíssimo e comovente laço com o filho órfão de seus amigos James e Angela Darmody. Richard cuida do menino enquanto ele vive com a avó, uma instável dona de bordel, e luta na justiça pela guarda do menino mais tarde. É ao fazer um acordo para garantir que não perderá a criança que Richard encontra seu trágico e prematuro destino.
PAIS QUESTIONÁVEIS, MAS COM O CORAÇÃO NO LUGAR CERTO:
Há muitos pais ficcionais que não são exatamente perfeitos, mas inegavelmente tem um amor imenso por seus filhos, as melhores intenções, e o coração no lugar certo. Exemplos de uma paternidade falha, mas cheia de amor.
Al Capone – Boardwalk Empire
Na primeira cena em que Al Capone aparece interagindo com o filho, ele está muito frustrado por achar que o menino é um “retardado mental”. Mais tarde, porém, ele descobre que a criança é surda. A relação dos dois se transforma, e no último capitulo de Boardwalk Empire, Al Capone figura em uma cena emocionante ao explicar para o filho, em linguagem de sinais, que será preso no dia seguinte, e despedir-se dele.
Archibald Craven – O Jardim Secreto
Enlouquecido de luto pela morte prematura de sua esposa, e acreditando que seu filho, que todos dizem ser aleijado e ter saúde extremamente frágil, deve morrer muito jovem, Archibald Craven passa meses fora de casa e evita o filho enquanto ele está acordado, embora o visite quando ele dorme e o encha de presentes e mimos. Quando sua sobrinha órfã passa a morar em sua casa, porém, a vida de Archibald muda, e ele finalmente se transforma no pai que sempre deveria ter sido – para Colin e também para Mary.
Daemon Targaryen – A Casa do Dragão
Apesar de seus muitos defeitos, é inegável que o Daemon Targaryen da série da HBO seja profundamente amoroso com seus filhos e filhas, e também com seus enteados, filhos de sua esposa Rhaenyra, à quem ele trata como seus.
Governador Swann – Piratas do Caribe
Embora o pai bem-intencionado e ligeiramente cômico de Elizabeth Swann tenha, algumas vezes, feito escolhas menos que adequadas para sua filha, é inegável que ele sempre as tenha feito pensando no bem dela, e acreditando firmemente que fazia a coisa certa. Ele chega ao ponto de aceitar que sua única filha se case com um pirata (!!!), algo certamente incomum para um governador britânico na Era Dourada da Pirataria.
Odisseu – A Odisseia
Odisseu passa mais de vinte anos longe de casa – dez deles lutando na Guerra de Tróia, e outros dez tentando retornar para Ítaca -, então é de se esperar que seu relacionamento com seu filho não seja dos mais próximos. Ainda assim, todas as ações de Odisseu são feitas pensando em retornar para sua família – um objetivo do qual ele jamais se desvia, apesar dos muitos empecilhos e tentações.
Príamo – A Ilíada
O rei Príamo de Tróia certamente faz algumas das piores escolhas da mitologia grega, especialmente como pai – incluindo mandar que seu filho recém nascido, Páris, seja devorado por lobos, ou tratar sua filha Cassandra, a profetisa, como louca (embora, justiça seja feita, ela seja amaldiçoada para isso). Mas Príamo se tornou protagonista de uma das mais famosas e trágicas cenas relacionadas à paternidade ao se disfarçar e visitar o acampamento militar inimigo para humilhar-se frente à Aquiles, o guerreiro lendário que matou seu filho Heitor, implorando de joelhos para que ele se compadeça e lhe devolva o cadáver de seu primogênito.
Robert Crawley – Downton Abbey
Robert é um homem bem intencionado, mas frequentemente tolo, tomando decisões imprudentes e colocando o futuro de sua família em perigo muitas vezes. Entretanto, apesar de seus problemas, ele genuinamente ama as três filhas, Mary, Edith e Sybil, lutando por seus direitos, aceitando casamentos nada convencionais, protegendo-as de escândalos, e passando por cima de seus próprios preconceitos inúmeras vezes pelo bem delas.
Sr. Bennet – Orgulho e Preconceito
Apesar de ter seus defeitos – ele é conhecido por não ser o melhor dos maridos e por frequentemente ignorar o que acontece dentro de casa -, o Sr. Bennet defende suas filhas e sempre procura respeitar suas decisões sobre com quem elas vão ou não casar, enfrentando a ira de sua esposa casamenteira no processo, e aceitando os diversos tipos de relacionamentos e recusas que as cinco irmãs Bennet trazem até ele.
Sr. Woodhouse – Emma
Hipocondríaco e extremamente apegado, o Sr. Woodhouse pode ser – na falta de palavra melhor – chato, mimando suas filhas e incentivando seus piores impulsos, mas ele o faz por amor. Profundamente devotado à ambas – e sobretudo à mais nova, Emma -, é um testemunho em seu favor que Emma escolha negar o pedido de casamento do homem que ama para ficar com ele, e que o homem em questão aceite mudar-se para a casa da esposa enquanto o pai dela viver.
Vito Corleone – O Poderoso Chefão
Vito pode ter envolvido seus filhos no crime organizado e, ultimamente, causado a ruína de todos; mas ele o fez sempre pensando no bem estar de sua família. Apesar de seus muitos crimes, a infidelidade não é um deles: ele é extremamente leal aos seus, e tenta ensinar aos filhos o valor da família acima de tudo. Ele tenta evitar que seu filho mais novo se envolva na máfia, ainda que, no fim de tudo, não tenha sucesso.
PAIS HONORÁRIOS:
A ficção está cheia de pais que não foram bem pais, mas sim figuras paternas para uma criança – ou várias. Professores, oficiais, religiosos e amigos da família, muitos desses personagens tiveram um papel importante na vida de seus pupilos sem terem relação familiar com eles. Outros pais da ficção até tiveram filhos, porém nunca os conheceram ou morreram quando eles ainda eram muito pequenos – mas temos certeza de que teriam sido pais fantásticos, se tivessem tido a oportunidade.
Abade Faria – O Conde de Monte Cristo
Um mentor sábio e cheio de compaixão, o Abade Faria se torna mais do que apenas um professor para Edmond Dantés durante os 14 anos que passam juntos na prisão: ele serve como uma figura paterna, ensinando-lhe tudo o que ele precisa saber e o guiando no caminho que ele tomará anos depois de seu escape fantástico do Castelo de If.
Alex – Simplesmente Acontece
Um amigo leal e presente, Alex se torna uma figura paterna para a filha de sua melhor amiga, Rosie, uma mãe adolescente e solteira, oferecendo apoio, amor, orientação e uma presença constante em sua vida ao longo dos altos e baixos de mais de uma década.
Charlie Carson – Downton Abbey
A representação de lealdade e dedicação, o mordomo de Downton Abbey se torna um amigo, confidente, e figura paterna para a filha mais velha do Conde de Grantham, Lady Mary Crawley, lhe presenteando com sua sabedoria, apoio e devoção incondicional. Ele está disposta até mesmo a abandonar seu emprego, que ama acima de tudo, para acompanha-la em sua nova casa quando ele sente que ela precisa dele.
Erik – O Fantasma da Ópera / Love Never Dies
Na controversa continuação de O Fantasma da Ópera de Andrew Lloyd Webber, o musical Love Never Dies, Erik, o antigo fantasma da ópera – agora, dono de uma casa de diversões em Coney Island, nos Estados Unidos – descobre que tem um filho de dez anos com sua antiga pupila, a soprano Christine Daaé. Ele faz de tudo para aproximar-se do menino sem revelar-lhe a verdade sobre seu relacionamento mas, com o fim trágico de Christine, a audiência entende que agora será seu papel criar o filho sozinho.
Finnick Odair – Jogos Vorazes
Um personagem carismático, amigo leal, lutador hábil e figura trágica, Finnick Odair é morto durante a revolução para derrubar o presidente Snow, ditador que mantém os Jogos Vorazes e que, dentre muitos outros crimes, mantinha uma rede de tráfico sexual que incluia crianças, tendo sido Finnick uma de suas mais frequentes – e mais jovem – vítimas. Na ocasião de sua morte, Finnick não sabe que sua esposa com quem acabou de se casar, Annie, está grávida do filho deles.
Haymitch Abernathy
Vencedor dos Jogos Vorazes e mentor de tributos do distrito 12, Haymitch é alcoólatra e nem um pouco delicado, mas nem por isso deixa de ser uma figura paterna importante para seus tributos, Peeta Mellark e, sobretudo, Katniss Everdeen, os guiando e aconselhando para tentar mantê-los vivos.
Heitor – A Ilíada
Uma figura lendária na mitologia grega, Heitor é o modelo de um homem de família honrado e corajoso, cuja morte no campo de batalha é lembrada até a atualidade como uma das mais trágicas da tradição homérica. Heitor morre quando seu tão amado e desejado filho, Astíanax, ainda é recém-nascido. A criança é assassinada por Odisseu pouco depois, para que não cresça para vingar o pai.
Leonardo da Vinci – Leonardo
Na série de TV Leonardo, Da Vinci ajuda sua melhor amiga, Caterina de Cremona, a cuidar de seu filho bastardo, Francesco, tornando-se um pai adotivo para o menino. Quando a vida do garoto é posta em perigo, Leonardo está disposto à qualquer coisa – inclusive a morrer – para evitar que qualquer mal lhe aconteça.
Matthew Crawley – Downton Abbey
Após anos de idas e voltas com sua eventual esposa, Mary, e problemas de infertilidade de ambas as partes, Matthew parece ter finalmente encontrado a felicidade quando os dois tem o primeiro filho, George. Mas, em sua alegria, Matthew sofre um acidente de carro no dia do nascimento do bebê, no caminho para casa, após vê-lo no hospital uma única vez.
Osborne – Journey’s End
Um oficial comandante nas trincheiras da Primeira Guerra Mundial, Osborne, apelidado de Tio por seus homens – incluindo por seu próprio oficial comandante superior, o Capitão Stanhope, duas décadas mais jovem -, se torna uma figura paterna para os rapazes de sua companhia, lhes dando conselhos, encorajamento, liderança, cuidados, conforto e um sento de camaradagem.
Remus Lupin – Harry Potter
Compreensivo e bondoso, o professor Lupin se torna um mentor e uma figura paterna para seus alunos – e sobretudo para Harry -, guiando-os e os apoiando, mesmo enquanto luta contra seus próprios demônios. Eventualmente, Lupin tem o próprio filho, Teddy, com sua esposa, Ninfadora Tonks. Os dois morrem na batalha de Hogwarts, deixando o menino órfão – e Harry Potter, seu padrinho, fica responsável por sua criação.
Sirius Black – Harry Potter
Um prisioneiro acusado injustamente, Sirius Black se transforma num guardião devotado – embora, muitas vezes, não tão competente – para seu afilhado, Harry Potter. Ele lhe dá amor incondicional, proteção e um senso de pertencimento, todas coisas que Harry nunca teve na infância, e oferece ao menino a chance de viver com ele antes de falecer prematuramente.
Sr. Keating – Sociedade dos Poetas Mortos
Keating é um professor inspirador que encoraja seus estudantes a abraçar sua individualidade e encontrar suas próprias vozes, servindo como mentor e figura paterna para os meninos em sua sala de aula.
Thiago Potter – Harry Potter
Um homem corajoso, generoso e devotado à família, a morte trágica e prematura de Thiago tem um impacto duradouro em seu filho, Harry, moldando o caráter do jovem bruxo. Sua memória é uma fonte de conforto, inspiração e determinação para o filho ao longo dos anos.