“Lupicínio Rodrigues: Confissões de um Sofredor” (2024): filme conta a vida do pai da sofrência

Um dos meus documentários preferidos de 2024 foi o que acabei de assistir: “Lupicínio Rodrigues: Confissões de um Sofredor” (2024), de Alfredo Manevy, que conta a vida do mestre da dor de cotovelo e o inventor da sofrência na música brasileira. O filme é um excelente registro com entrevistas e falas de artistas como Caetano Veloso, Gilberto Gil, Gal Costa, e Elza Soares. Além disso, a obra destaca momentos importantes da carreira de Lupicínio, como a autoria do hino do Grêmio, sua relação com as mulheres e algumas histórias por trás das canções.

E isso é o mais rico do filme: reunir tantas imagens de arquivos, registros e entrevistas daquele que foi um dos primeiros compositores negros do Brasil a fazer um sucesso estrondoso em toda as classes sociais. Das boemia e do amores mal vividos aos casos de racismo Lupicínio aparece como um dos caras mais revolucionários da nossa, criando inclusive um grupo para fiscalização de direitos autorais.

“Lupicínio Rodrigues: Confissões de um Sofredor” (2024) conta, por exemplo, como Lupicínio chegou a emplacar música em trilha sonora do Oscar em 1945 com a canção “Se acaso você chegasse”. A música fez parte da trilha sonora de um musical de Hollywood, Dançarina Loura, mas nunca foi creditada ao autor, assim como nenhuma menção à indicação ao Oscar. Detalhe: Ary Barroso teve trilha sonora no Oscar do ano, tudo registrado.

Leia também: 4 motivos para assistir “Lupicínio Rodrigues: Confissões de um Sofredor”

Lupicínio Rodrigues e Nelson Cavaquinho no filme Lupicínio Rodrigues: Confissões de um Sofredor
Créditos: Instituto Moreira Salles

Um outra descoberta interessante é a forma como Lupicínio via a música brasileira. Adepto dos botequins nas madrugadas Lupicínio adorava conversar sobre música e trocar cantorias. O filme registra, por exemplo, que ele era um sujeito que rejeitava o conservadorismo: mesmo caindo em um “ostracismo”, com a queda do samba canção abolerado com a chegada da bossa-nova, da tropicália e do Iê iê iê, o cantor e poeta celebrava os novos ritmos como renovadores da música em nosso país. Visionário!

Para quem ama a cultura brasileira, o filme é um prato cheio de histórias.

Related posts

Ambição, Poder e Destino: Anakin Skywalker, o Macbeth de Star Wars?

“Frozen”, arromanticidade e assexualidade: como Elsa se tornou um ícone da comunidade aro-ace

“Fernanda Young: Foge-me ao Controle” (2024): documentário transforma escritora em poesia