As 10 melhores frases de Nassau – Sangue e Amor nos Trópicos, de Assis Brasil

“A história que lemos, embora baseada em fatos, não é, para dizer a verdade, absolutamente fatual, mas uma série de julgamentos aceitos.”
G. Barracloughs

Assis Brasil é um dos escritores brasileiros mais profícuos de sua geração. Com mais de 150 obras publicadas, sua versatilidade fez com que escrevesse obras infantis, romances, ensaios, antologias, entre outros gêneros. Uma das especialidades do escritor piauiense são os romances históricos, com destaque para as obras sobre Jovita, Tiradentes e Caramuru e Paraguaçu, todas repletas de referências históricas, reviravoltas e emoções que desafiam, inclusive, o modo de se contar biografias de figuras nacionais.

Nassau – Sangue e Amos nos Trópicos conta a história do conde e príncipe holandês Maurício de Nassau que vem para o Brasil, especificamente para o Recife, para gerir os exércitos e os domínios de seu país na região. Ambicioso, sanguinário, apaixonado e encantado pelas belezas nacionais, constrói palácios e lidera seus domínios ao mesmo tempo com carisma e impetuosidade. Ao lado de sua história, conhecemos também grandes figuras da nossa história do Brasil como o combatente André Vidal, sua sobrinha Carlota, a exuberante Ana Pais, entre outros.




Sem uma cronologia demarcada, ou seja, sem precisar se prender às necessidades de um sequenciamento histórico, Assis Brasil escreve quase como por episódios, como se o passado do Brasil fosse composto por cenas ou por quadros que, posteriormente, foram montados nas memórias dos museus e dos livros de história. Sem se preocupar em escrever com uma linguagem do século XVII e sem se preocupar em ser demasiado moderno, Assis Brasil conta a história de Nassau como, após ter lido um livro, estivesse relatando-o a alguém. Para isso, insere epígrafes e deixa que historiadores invadam sua narrativa para complementar o que diz, quando acha que eles disseram melhor do que poderia dizer. Faz também uma reconstrução de corpos vivos de nossa história, dando a eles não apenas emblemas ou notas biografias, mas também corpos, desejos e sangue, tendo como grandes impulsos de vida seus desejos, seu sexo, suas latências, seus medos da morte, suas vinganças.




Uma outra característica de seus romances históricos é dar a ver aquilo que a história não viu: a existência e participação de mulheres na construção de nosso país. Assim, suas presenças marcantes não só modulam nosso passado, como são decisivas em uma série de momentos. Seus corpos, agentes de vida como todos os corpos são, deslocam inclusive o mundo masculino fixo da guerra, do poder e das estruturas, dando outras nuances a um passado estático. Isto não significa que estas mulheres são apresentadas sem vícios, ou como se fossem seres imunes ou frágeis, diferentes dos desejos dos homens: justamente por seres imperfeitas, travarem lutas e empunharem armas para entrar nas guerras, é que suas presenças são tão marcantes. Corpos vivos que, diante da morte, escolhem viver…e morrer.

O sangue que pulsa, e ama, através da latência de um passado violento, é assim que Assis escreve Nassau, mas não só, é assim que ele remonta a sua história do Brasil que, como ele mesmo cita a partir de Ernesto Sábato, vive mais na novelística do que propriamente nos fatos.

O NotaTerapia separou as melhores frases da obra:

O tempo é o mestre das traições.

A natureza se completa e se harmoniza na paz do seu mistério.

Será que tudo acaba assim? A vida dos gloriosos e dos simples?

A forma perfeita, se comparada com o real, é uma aberração. As duas realidades se misturam.

Uma trégua…ou um abandono dessa luta desigual. Um herói morto é um homem morto.




O destino do traidor é o cepo.

Um dia falarão mais da dor de barriga do príncipe do que dos meus quadros.

Mas ficarão as lembranças por sobre o pó.

Rodrigo vai a frente, entusiasmado, descobrindo a cada curva do caminho as belezas da natureza, as belezas da vida. O que sente nãos e compara ao que o emociona no campo de batalha, quando às vezes tem que matar e ferir. O que sente agora tem algo a ver com a vida, com o nascer e renascer das flores, com a claridade da aurora, com o céu estrelado, com a visão longínqua do mar azul, com as borboletas que adejam as rosas.




Com este calor…com que diabos foram plantas essas civilização nos trópicos?

Edição: Rio Fundo Editora, 1991

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