Um tema tão comum, tão presente no dia a dia de qualquer pessoa (quem nunca sonhou em tirar a sorte grande? Quem nunca jogou, ao menos uma vez na loteria?) é quase desprezado pela literatura. Existem muitos livros ensinando a jogar, mas pouca coisa sobre o tema em si. De cabeça, lembramos apenas do clássico o Jogador, de Fiódor Dostoiévski, que conta a história de um sujeito que, viciado pelo jogo, vê sua vida se desmoronar diante de seus olhos.
O cinema, no entanto, explorou mais as nuances dos jogos, existe até mesmo uma pequena filmografia nacional sobre o assunto, sendo os três últimos “Até que a sorte nos separe”, interpretador por Leandro Hassum, foi um grande sucesso de bilheteria, mesmo que ainda explorando o lado jocoso do ato de acertar os números sorteados.
Há, no entanto, alguns contos muito relevantes sobre um assunto tão complexo e, ao mesmo tempo, banalizado. Apostar, sonhando mudar de vida, vai muito além de conferir e acertar os números do sorteio e comprar belas casas, carros, viajar. E na literatura, o que isto significa?
O argentino Jorge Luis Borges possui um conto sobre o assunto, conhecido como A Loteria em Babilônia, que fala sobre um evento que aconteceria na antiga cidade mesopotâmica, em que os plebeus, caso conseguissem ser os vencedores de um sorteio aleatório – e sem nenhuma credibilidade – receberiam algumas moedas cunhadas em prata.
Já a norte americana Shirley Jackson, no longínquo 1948, publicou na revista The New Yorker, um conto que causou bastante polêmica. Em A Loteria, ela contava a história de uma cidade que promovia um sorteio no qual o morador escolhido deveria ser sacrificado a pedradas. O evento fazia parte das atividades cívicas da localidade.
Finalmente, tem o maravilhoso conto do escritor de ficção científica Philip K. Dick – autor de textos que se tornaram clássicos do cinema – Blade Runner, Minority Report – e da TV – The Man in the High Castle – em todo o mundo. Em Loteria Solar, o vencedor ganhava status social como premiação e precisava lutar para ir morar no 10º planeta do sistema solar ou inimigos poderiam destruí-lo.
Em todos os casos, a leitura é mais que obrigatória nestes casos!