As 5 melhores citações de Suíte de Silêncios, de Marilia Arnaud

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O olho é logo puxado para este livro na prateleira, com este nome impactante: Suíte de Silêncios. A história de Duína é contada em primeira pessoa, e relata as memórias do tempo em que sua fala não era ainda soterrada pelos silêncios. A infância doída, a adolescência trágica – enfim, um passado de dor e perdas marca o tom desta narrativa singela.

Este é o primeiro romance de Marilia Arnaud, nascida em João Pessoa e autoras de contos já premiados. Confira as 5 melhores citações da obra:

Sim, tudo pode ser demais para os que se sentem de menos. Em alguns meses, meu pai envelheceu anos. Cresceram-lhe a barba e o cabelo, e o rosto macerado de esperar e ainda esperar era tão somente pele e osso. Vagueava por aí feito assombração, o olhar de folha morta a cair e a cair num buraco sem fundo, encarcerado ali, onde a esperança acabou se tornando apenas uma palavra sem significado.

Uma porta para o dia seguinte, para a manhã inimaginável não se abria, porque uma segunda-feira de dezembro se trancara por dentro e jogara a chave fora. Não se ousava bater à porta, nem sacudir a maçaneta, tampouco forçar uma janela ou abrir-lhe uma mínima fenda. Os prazeres, os mais breves, não tinham espaço no presente. E a vida fazia de conta que seguia em frente, sem seguir a parte nenhuma, conjugando-se no cativeiro do passado.

Com a música, experimento um não sei quê de assombro. Não, é mais do que isso. Música me abre um rasgão no meio do peito. Papai me deu a música; mamãe, a saudade. Pai e mãe fazem doer; aprendi a gostar da dor. Então, fico quieta e ferida, toda ouvidos, descobrindo que a beleza às vezes faz sangrar.

Tão tênue a fronteira entre a fragilidade e a loucura, meu amor…

Respiro devagar, com cuidado – não, não morri, não ainda -, como se o ar fosse de cristal, e surpreendo-me com seu fluxo suave, fácil, com a densidade do meu corpo, com todas as coisas que continuam ao meu redor, e ao tempo em que me extasio com o doce mistério da minha própria existência, assombro-me com a dimensão de sua fragilidade.

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