Os Subterrâneos, de Jack Kerouac, conta a história do escritor e poeta Leo Percepied e sua relação comMardou Fox, uma moça metade negra e metade índia, dos subúrbios pobres de São Francisco. Ao correr da obra, Leo, espécie de pseudônimo de Kerouac, narra a progressiva perda do amor dessa moça por conta de sua conturbada vida nos submundos subterrâneos com seus amigos bêbados e drogados, todos escritores da chamada geração beat. Leia mais aqui!
Por refletir sobre muitas coisas em relação a vida na cidade, a vontade de fuga deste mundo e de todos os problemas do amor, o NotaTerapia resolveu citar três frases de amor que podemos tirar desta obra, claro, no jeito beat de pensar, né?. Confira:
“Aturai-me ó leitores que amaram e sofreram pontadas, aturai-me homens que compreendem que o mar de negror nos olhos negros de uma mulher é o próprio mar solitário e quem pediria ao mar que se explicasse, ou perguntaria à mulher por que cruzas tuas mãos no colo sobre a rosa? ninguém -“
Dizendo isso com um ritmo bonito também, e aí eu lembrava de admirar a inteligência dela – mas ao mesmo tempo escurecendo em casa lá na minha escrivaninha de bem-estar e pensando: “Mas enfrentar, esses velhos papos psicanalíticos de enfrentar, ela fala como todos eles, os intelectuais urbanos decadentes beco-sem-saída em análise de causa-e-efeito e solução de pretensos problemas em vez da imensa ALEGRIA de ser e vontade e coragem – fissurados em fossa – esse é o problema dela (…), com medo da loucura, o medo da loucura atormenta a vida dela – mas Eu Não Eu Não meu Deus”
Agora soturnamente não quero mais acreditar nela – a arte é curta a vida é longa – agora o monstro do ciúme floresceu totalmente em forma de dragão se abriu dentro de mim.
“Bem amor a gente transou” – aquela palavra hip – ouvindo a qual enquanto eu andava senti minhas pernas me impelirem e meus pés bem firmes, o fundo do estômago afundou para dentro das calças ou do sexo e o corpo todo experimentou uma sensação de profunda dissolvência, afundando numa maciez em algum lugar, lugar nenhum – de repente as ruas estavam tão desoladas, as pessoas passando tão bestialmente, as luzes tão desnecessárias só para iluminar este…este mundo cortante – estávamos atravessando os paralelepípedos quando ela disse a palavra, “transou”, eu (atento sendo ex-ferroviário) tive que me concentrar para subir a calçada e não olhei para ela.
Edição: L&PM Pocket, 2007
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